O igualitarismo ‘Woke’ e as elites

1
Tempo estimado de leitura: 3 minutos

No artigo de pesquisa Igualitarismo e as elites, publicado originalmente em 1995 na Review of Austrian Economics, um dos insights mais brilhantes de Murray Rothbard foi que mesmo a implementação de uma sociedade igualitária requer liderança. Como a queda de um sistema para a implantação de um novo modelo de sociedade não pode surgir do nada, alguém deve comandar e liderar esse processo. E naturalmente, esses líderes ocuparão cargos de poder.

Com efeito, a afirmação de Rothbard demonstra como a existência humana é desigual e como alguns são naturalmente mais qualificados para conduzir os processos sociais. Em uma sociedade de livre mercado, os líderes são os empresários. Com sua capacidade de prever necessidades futuras, geram novas soluções e criam novos arranjos produtivos. Como consequência, eles criam lucro para si mesmos e valor para seus clientes.

Por outro lado, em uma sociedade centrada no Estado, naturalmente alguém se destacará e comandará a conquista e manutenção do poder. Nesse sentido, há muitos arranjos possíveis, pois há uma grande variedade de situações nas quais os líderes podem estar envolvidos. Recentemente, a civilização ocidental vive um momento em que o construtivismo social ressurgiu, agora sob o nome de “progressismo”. Porém, mesmo com um novo nome, o progressismo nada mais é do que uma tentativa de refundação da sociedade.

Para aqueles mais preocupados com as falhas do construtivismo, Ludwig von Mises em seu livro Teoria e História já explicou por que o construtivismo é arbitrário, em contraste com o complexo processo social no qual os indivíduos estão envolvidos. Assim, movimentos construtivistas (como Black Lives Matter, por exemplo) nada mais são do que instrumentos de pessoas que querem alcançar o poder e determinar os rumos de nossa sociedade.

Eles não apenas negam o processo social de desenvolvimento institucional. Os líderes desses movimentos, usando a desculpa da necessidade de criar uma nova sociedade, querem criar um novo cenário onde eles dão as cartas. Se as instituições atuais não permitem que eles estejam no poder, eles querem destruir as instituições e criar outras que possam controlar.

Na verdade, os líderes desses movimentos estão focados no poder político, que os recompensará com poder e riqueza. As melhorias na sociedade como um todo não importam para eles: eles estão apenas preocupados com as melhorias para o grupo que comanda as massas. E todos esses movimentos “sociais”, geralmente alinhados com a esquerda progressista radical, tentam resolver qualquer problema por meio da intervenção do Estado.

Cada problema da vida privada torna-se uma questão pública e, com o tempo, o Leviatã se expande cada vez mais, tanto em termos de renda quanto de influência. Aliados ao governo e ao establishment, os líderes desses movimentos ganham assim relevância no debate público, ocupando cargos e sendo pagos para nada produzir.

São o contrário dos empresários: em vez de produzir bem-estar e melhorar a vida das pessoas, disseminam o caos para colher recompensas institucionais enquanto aniquilam as instituições. A família, a religião e a ética do mercado estão cada vez mais sob ataque, e esses movimentos sociais estão trabalhando para substituir esses arranjos privados pela influência do Estado e pela engenharia social.

Também é crucial notar que esses tipos de movimentos são legitimados na esfera pública. Em geral, a grande imprensa os trata como verdadeiros representantes de determinados segmentos de nossa sociedade. Além disso, a mídia apresenta os líderes desses movimentos como especialistas em determinados assuntos, mascarando os reais interesses de suas organizações.

Rothbard não poderia estar mais certo. No movimento progressista Woke, há elites que na realidade não estão preocupadas com a agenda que deveriam defender (por exemplo, igualdade racial e de gênero). De fato, esses movimentos geralmente acabam envolvidos na política e se tornam parasitas do Estado, enquanto a grande massa é enganada e recebe apenas decepções e piores condições materiais.

Isso aconteceu no século XX socialista, que promoveu os maiores assassinatos em massa da história da humanidade em países como China, União Soviética e Cuba. E acontecerá novamente sob o socialismo progressista Woke do século XXI: os líderes querem ser novos reis e usam as massas como infantaria para serem sacrificadas nos campos de batalha.

 

 

 

Artigo original aqui

1 COMENTÁRIO

  1. O termo original de democracia virou de cabeixa para baixo nos últimos séculos. Antes, viver em uma sociedade democrática era sinônimo de que o indivíduo vivia em uma sociedade livre, aonde ele seria capaz de agir como bem entender eleger políticos que os representavam. A massa política, porém, para perpetuar-se no poder, não apenas se recusou a fazer qualquer reforma restruturativa útil quando se era necessário, independente dele ser de esquerda ou direita, como formou laços com movimentos progressivas, buscando obter grupos de interesses poderosos ao seu lado para promover projetos ideológicos á longo prazo.

    O resultado é a sociedade atual, aonde um bocado de individuos poderosos controlam outro bocado de individuos poderosos, e assim por diante. É uma pirâmide, aonde quem está no topo possuí mais chance de controlar aqueles que estão em baixo, para assim ganhar ainda mais com isso. Poucas nações são excessões, e a grande maioria já estão sincronizadas por meio dos mesmos grupos de interesses, formadas por grandes fundos financeiros, dinastias poderosas e ricas, individuos obsecados por poder e controle, e todo tipo de megalomaníaco e psicopata que compartilham dos mesmos interesses: poder e controle.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui