Os BRICS vão destruir o dólar?

0
Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Os problemas de Donald Trump na justiça, a possibilidade de Joe Biden enfrentar um inquérito de impeachment e outras histórias relacionadas à próxima eleição presidencial fizeram com que a mídia americana perdesse uma história de potencial maior significado. Essa foi a decisão dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que formaram sua aliança para desafiar o domínio político e econômico dos EUA, de incluir seis novos países em seu grupo: Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Uma maneira pela qual os BRICS esperam alcançar seus objetivos é minar a base do poder dos EUA: o status de moeda de reserva global do dólar. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu que os países do BRICS criem sua própria moeda, enquanto a Índia pressiona para que seus parceiros comerciais, incluindo a Rússia, comercializem rúpias indianas em vez de dólares americanos. A China e outros países do BRICS também teriam tomado medidas para explorar o uso de ouro em vez de dólares para o comércio internacional.

Depois que o então presidente Richard Nixon cortou a ligação entre o dólar e o ouro em 1971, Henry Kissinger negociou um acordo com a Arábia Saudita onde, em troca de apoio diplomático e militar dos EUA, a Arábia Saudita usaria dólares para suas transações no mercado internacional de petróleo. O “petrodólar” é a espinha dorsal do status de moeda de reserva do dólar. No início deste ano, a Arábia Saudita assinou um acordo com o Brasil para aceitar a moeda brasileira em vez de dólares para compras de petróleo. Se a Arábia Saudita assinar acordos semelhantes com outros países do BRICS, acelerará o fim do reinado do dólar como moeda de reserva.

A rejeição ao dólar também está sendo impulsionada em grande parte pelo ressentimento do uso do dólar como uma “arma” devido o seu status de moeda de reserva do dólar. O governo dos EUA usa a posição de reserva do dólar para forçar outros países a cumprir as sanções dos EUA contra o próximo “Hitler” que eles designarem. As sanções são um ato de guerra, portanto, ao forçar outros países a seguir as sanções dos EUA, o governo dos EUA os arrasta para conflitos que não são de seus interesses nacionais. Era inevitável que a arrogância de nossa elite da política externa acabasse por causar uma reação negativa. A reação começou no ano passado, quando os EUA exigiram que outros países se juntassem para sancionar a Rússia, independentemente dos efeitos dessas sanções em suas próprias economias.

O movimento para substituir, ou pelo menos criar alternativas ao dólar, também é impulsionado pela preocupação com os efeitos de longo prazo da enorme dívida nacional dos EUA. Apesar das alegações de ambas as partes de que os recentes acordos sobre o teto da dívida mostraram que o Congresso e o presidente estavam levando a sério a responsabilidade fiscal, a dívida de US$ 33 trilhões ainda está pronta para crescer em até US$ 115 trilhões nos próximos 30 anos. O Congresso e o presidente se recusam a cortar gastos em qualquer área. Eles não conseguem nem mesmo parar de enviar bilhões para a guerra sem chance de vitória na Ucrânia, embora esses gastos sejam contestados por uma clara maioria dos americanos.

Infelizmente, será preciso um choque como a rejeição do status de moeda de reserva do dólar e a consequente crise do dólar para forçar o governo dos EUA e o povo a tomar medidas para acabar com seu vício em gastos de bem-estar social e moeda fiduciária. Isso significará tempos difíceis pela frente. No entanto, a crise econômica pode não durar tanto quanto as pessoas esperam. A boa notícia é que a crise pode levar a um retorno a um governo constitucional limitado, uma verdadeira economia mercado, livre de corporações e compadrio, uma política externa baseada na paz e no livre comércio e um sistema monetário de livre mercado.

 

 

 

Artigo original aqui

Artigo anteriorComo uma moeda digital do banco central criou o caos e a pobreza na Nigéria
Próximo artigoA grande conspiração contra a liberdade
é médico e ex-congressista republicano do Texas. Foi candidato à presidente dos Estados Unidos em 1988 pelo partido libertário e candidato à nomeação para as eleições presidenciais de 2008 e 2012 pelo partido republicano. É autor de diversos livros sobre a Escola Austríaca de economia e a filosofia política libertária como Mises e a Escola Austríaca: uma visão pessoal, Definindo a liberdade, O Fim do Fed – por que acabar com o Banco Central (2009), The Case for Gold (1982), The Revolution: A Manifesto (2008), Pillars of Prosperity (2008) e A Foreign Policy of Freedom (2007). O doutor Paul foi um dos fundadores do Ludwig von Mises Institute, em 1982, e no ano de 2013 fundou o Ron Paul Institute for Peace and Prosperity e o The Ron Paul Channel.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.