A grande conspiração contra a liberdade

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Para muitas pessoas, pode parecer estranho assimilar a existência de que uma grande conspiração contra a liberdade está em andamento atualmente. De fato, não existe uma conspiração central contra a liberdade, que há muito tempo está sendo orquestrada pela CIA, pelo FBI, pelo Pentágono ou pelo Serviço Federal de Segurança da Federação Russa. No entanto, quando analisamos o quadro geral dentro do cenário geopolítico atual, com um olhar atento para o contexto contemporâneo, avaliando eventos, ideologias, movimentos coletivos e, acima de tudo, as diversas leis que estão sendo aprovadas aqui e em muitos outros países, podemos reparar em um padrão muito interessante, que leva sempre para o mesmo caminho: a gradual, porém contínua, supressão da liberdade.

Dessa maneira — ao avaliarmos atentamente os vários acontecimentos que estão eclodindo pelo mundo afora —, percebemos que a liberdade é, sem dúvida, a principal vítima dos agentes políticos, governamentais e ideológicos que estão em ação na sociedade.

A cada dia que passa, a liberdade é agredida de forma contínua, pungente, ostensiva e implacável. E como é possível verificar, os agentes disseminadores da ojeriza à liberdade estão por todos os lados: progressistas, socialistas, neoconservadores e agentes governamentais tem todos “ótimas” razões para limitar a nossa liberdade. Para o nosso próprio bem, é claro.

Ou seja — ainda que de uma forma mais sutil e indireta —, podemos afirmar que existe uma famigerada e deplorável conspiração contra a liberdade em andamento. Nos diferentes países do mundo, a supressão da liberdade ocorre pelas mais variadas desculpas e motivos. Sabemos que no ocidente, ela ocorre majoritariamente sob a envergadura da ditadura politicamente correta e da religião secular progressista. Você não está autorizado a ter opiniões próprias sobre determinados assuntos.

Feminismo, aborto, igualitarismo, imigração, ideologia de gênero e identitarismo são questões unânimes muito bem estabelecidas sobre um “consenso” ideológico inquestionável. Você não pode contestar absolutamente nada sobre esses assuntos. Se a opinião que você tem é diferente da que foi estabelecida como consenso, então você deve ficar calado. Caso você decida expressar abertamente o seu posicionamento divergente, então você deve ser punido por isso.

Mas não se preocupe: a liberdade de expressão continua existindo. Contanto, é claro, que você seja completamente complacente, condescendente e concorde absolutamente com tudo aquilo que foi plenamente estabelecido como sendo a norma vigente “aceitável”. Se, por uma fatalidade, sua opinião for diferente, e você cometer a desfaçatez de expressá-la… bem, então o sistema terá que “corrigi-lo”, para o seu próprio bem.

Sabemos que o importante é estabelecer prioridades. E as prioridades atuais dos regimes políticos — conforme transformam os postulados ideológicos da ditadura politicamente correta em políticas de estado — consistem basicamente em converter todo o hemisfério ocidental em uma grande, suja, histérica e degradante agremiação estudantil, onde todos berram por direitos iguais, benefícios assistencialistas, passeatas contra a homofobia e marchas feministas contra a opressão do patriarcado, entre outras irracionalidades igualmente bestiais, deploráveis, e obviamente nada construtivas ou edificantes.

Não há nenhuma dúvida. O ativismo progressista contra o capitalismo, contra o consumo de carne, contra a masculinidade, contra o aquecimento global, contra a teologia cristã e contra o porte e a posse de armas — para citar apenas algumas pautas progressistas — configura-se como um coletivo, sórdido e maléfico ataque contundente contra as liberdades individuais de cada singular cidadão do ocidente. Mas os ataques corriqueiros e cotidianos da ideologia progressista contra as liberdades individuais configuram-se como apenas um dos muitos ataques que a liberdade sofre, diariamente. Obviamente, o progressismo não é o único inimigo da liberdade.

De fato, uma análise crítica e contundente sobre o período contemporâneo nos mostra efetivamente que a liberdade está sob ataque contínuo e ininterrupto. A liberdade sempre foi o anátema dos tiranos. Atualmente, no entanto, arrisco afirmar que, muito possivelmente, nunca antes a liberdade foi tão atacada e tão agredida em toda a história, e de formas tão simultâneas e recorrentes.

E certamente o que não faltam são pretextos e prerrogativas “nobres” para nos proteger da liberdade de ter opiniões próprias e de fazer as nossas próprias escolhas. Você não deve ser egoísta. Precisa aprender a abdicar de algumas das suas liberdades individuais (ou de todas elas), visto que o papai-governo e os especialistas ungidos da mídia corporativa mainstream conhecem você melhor do que você mesmo e sabem melhor do que você o que é realmente edificante para a sua própria vida.

Quando pessoas comuns proferem opiniões contrárias à liberdade, isso não deve nos preocupar. Pessoas destituídas de poder e influência não podem nos fazer nenhum mal substancial. O máximo que elas podem fazer é proferir opiniões idiotas, que não nos causam nenhum dano real. O problema está em pessoas que ocupam cargos e posições de autoridade, que possuem poder efetivo para atentar contra a liberdade dos indivíduos.

Infelizmente, o governo está saturado de pessoas desse tipo. Essas pessoas sempre encontram desculpas e pretextos convenientes para tentar limitar — ou mesmo erradicar de vez — a liberdade.

Algumas das declarações dadas recentemente por membros do governo — pessoas em posição de autoridade — são verdadeiramente chocantes. E isso traz consigo um agravante: quando a destruição da liberdade parte dos próprios agentes governamentais, temos estabelecida a base formal para o totalitarismo de estado. E o que não falta no Brasil são agentes públicos sempre dispostos a relativizar a liberdade, em nome de suas próprias aspirações políticas.

Ao ser entrevistada em um podcast esse ano, Carmem Lúcia — ministra do Supremo Totalitarismo Federal — afirmou que “a liberdade não é um direito, é um sentimento, uma emoção do ser humano.”

Como assim, a liberdade não é um direito? Na concepção da ministra, a liberdade é uma emoção? Essa é, com certeza, a pior relativização da liberdade que eu já vi.

Você precisa respirar para viver? A respiração não é um direito. É uma graça concedida pelo estado. Se você hoje tem o dom da respiração, é porque a benevolente ministra Carmem Lúcia, junto com os demais graciosos e magnânimos ministros do STF, lhe deu essa majestosa dádiva. Então, agradeça ao STF por poder respirar a plenos pulmões. Sem essa graça concedida pelo benevolente e magnânimo estado democrático de direito, você não poderia fazer isso. Mais uma prova de como as instituições de estado são graciosas, puras, sensíveis, irradiam incomensurável benevolência e cuidam dos cidadãos como os seus filhinhos amados.

Ironias à parte, sabemos perfeitamente que a liberdade não é uma emoção nem no mundo real, nem em filmes de ficção. A liberdade é uma condição natural do ser humano. Uma pessoa que é privada da sua liberdade não é nada além de um escravo.

Mas o terrorismo estatal contra a liberdade não para por aí. Vamos a outro exemplo igualmente funesto.

No mês de maio desse ano, Flávio Dino — ministro da justiça e da segurança pública — afirmou que o “tempo da liberdade de expressão como valor absoluto acabou no Brasil”. Ora, a liberdade de expressão nunca foi um valor absoluto no Brasil, em nenhum ponto, período ou momento da sua história. Deveria ser, mas nunca foi. O que nunca faltou na história do Brasil (especialmente no período republicano) foi censura e perseguição contumaz a intelectuais e jornalistas. O que foi um elemento recorrente até mesmo nos períodos considerados democráticos.

E eu nem preciso falar de como a ditadura politicamente correta, aliada aos poderes do estado, está destroçando de forma implacável a liberdade de expressão e a liberdade de crença no Brasil. O nível de censura que enfrentamos atualmente deixaria o tirano de São Borja, Getúlio Vargas, parecendo um vulgar e anedótico aspirante a ditador. Um caudilho baixinho, barrigudo e carrancudo, cuja ditadura está sendo ostensivamente superada pelos mestres da lacração.

Se o leitor permanecer atento aos noticiários, aos projetos de lei que estão sendo analisados e aprovados, às declarações de agentes do governo dadas em entrevistas nos jornais ou na televisão e às políticas de estado que estão em discussão, o padrão de agressão e tentativa sumária de erradicação da liberdade ficará excepcionalmente visível. De maneira que falar em uma conspiração aberta contra a liberdade não chega a ser algo tão absurdo assim. Muito pelo contrário.

No entanto, você pode argumentar que isso não é nenhuma novidade. Isso sempre existiu. Governos tem uma tendência inerente de se expandir continuamente, e destroçar de forma atroz e implacável tudo aquilo que aparece em seu caminho. E isso, de fato, é uma verdade incontestável. No entanto, atualmente, esta invasão brutal e maléfica de governos e movimentos político-ideológicos contra a liberdade fica a cada dia mais agressiva, mais evidente e mais abrangente. E está crescendo e se expandindo de formas e maneiras cada vez mais avassaladoras e incontroláveis, justamente porque encontra pouca ou nenhuma resistência da população. Se a tirania não encontra resistência, sua tendência é se expandir continuamente, sem parar.

Sabemos que a grande maioria das pessoas, infelizmente, não valoriza a liberdade. O populacho comum e ordinário vê a liberdade como uma garantia trivial, que não merece prioridade. Essas pessoas agem dessa forma porque acreditam que a sua liberdade nunca será violada — apenas a dos outros —, ou porque realmente é apática para com a necessidade da liberdade para uma vida plena, ou porque sofreram uma lavagem cerebral tão absurda e corrosiva, que realmente acreditam que o governo tem o direito de regulamentar a liberdade, que a liberdade é perigosa e que coisas inofensivas (como os chamados crimes de opinião) são crimes reais, passíveis de punição.

Seja como for, defender a liberdade de forma contundente é um ato de bravura e heroísmo, o que infelizmente é realizado por uma parcela ridiculamente ínfima de pessoas. Ainda mais nos tempos atuais, onde a militância histérica e autoritária de uma ideologia absurdamente tirânica diz quem são os amigos e quem são os inimigos do sistema.

Para certas pessoas que promovem uma certa ideologia, o simples fato de defender a liberdade já faz você ser classificado como um inimigo. Uma simples declaração de apoio a qualquer coisa contrária à ideologia da moda pode levar a cancelamentos, censura ou processo. De qualquer maneira, os fatos mostram que — a cada dia que passa —, um pequeno quinhão de liberdade se extingue. E o pouco que resta de liberdade repousa na resistência intransigente e aguerrida de um número cada vez menor de pessoas.

5 COMENTÁRIOS

  1. Nova lei entrou em vigor em 25/08 instituindo ‘Censura Extrema’ na Internet numa Base Global
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    A Internet mudou para sempre, mas a maioria das pessoas que vivem nos EUA-Europa nem perceberam o que aconteceu. Uma nova lei draconiana conhecida como “Lei dos Serviços Digitais” entrou em vigor na União Europeia na sexta-feira e estabelece um regime extremamente rigoroso de censura na Internet que é muito mais autoritário do que qualquer coisa que alguma vez vimos antes. Deste ponto em diante, hordas de burocratas europeus serão os árbitros do que é aceitável se dizer na Internet.

    Você pode ficar tentado a pensar que conseguirá evitar toda essa censura porque não mora na Europa. Infelizmente, isso simplesmente não é verdade. Se publicar algo que alguém na Europa possa ver, o seu conteúdo ficará sob a jurisdição desta nova lei horrível.

    George Orwell (“1984“) e Aldoux Huxley (“Admirável Mundo Novo”) estavam certos…

    https://thoth3126.com.br/nova-lei-entrou-em-vigor-em-25-08-instituindo-censura-extrema-na-internet-numa-base-global/

    • Os interesses autoritários sempre ganham. Às midias sempre foram submissas ao Estado, e não há qualquer garantia que às grandes redes sociais também não serão. E como eu já venho tentando dizer para muita gente, à liberdade estará no completo anonimato e no afastamento das grandes redes (eu pessoalmente sempre fui averso à elas, nunca usei nenhuma, fora o Facebook). O próprio criador deste artigo já sofreu um processo judicial, e no futuro pode acabar sendo preso, ou pior, isso sempre será um fato decorrente enquanto você você revelar seu nome, sua localização e o seu rosto na internet.

      • Eu mesmo estou sendo processado, são dois processos de pessoas diferentes que se incomodaram com coisas que eu escrevi e falei em vídeo, e foram divulgadas em redes sociais.
        Mas deixei tudo a revelia, pois não tenho contas bancárias no Brasil em meu nome, não tenho carro ou moto em meu nome, não tenho casa, terreno ou apartamento em meu nome, não tenho nem telefones celulares registrados em meu cpf. Não sou empregado de carteira assinada, ou seja: Não podem fazer nada contra mim!

  2. A liberdade atual, mesmo proposta por alguns libertários, transforma-se em libertinagem material. Prefiro estar ao lado da verdade, o que provavelmente possa derivar em limites à liberdade, mesmo sob o ambiente de propriedade privada. A liberdade em si mesma é contraproducente.

  3. O excesso de liberdade só pode converter-se em excesso de servidão, tanto para um indivíduo em particular como para um Estado.

    (A República – Platão)

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