Wall Street, bancos e política externa americana

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Empresário ou industriais podem ser verdadeiros empreendedores livres ou estatistas; eles podem ganhar a vida no livre mercado ou buscar favores e privilégios governamentais especiais. Eles escolhem de acordo com suas preferências e valores individuais. Mas os banqueiros são inerentemente inclinados ao estatismo.

Os banqueiros comerciais, engajados como estão em crédito falso de reserva fracionária, estariam, no mercado livre, sempre à beira da falência. Por isso, eles estão sempre buscando ajuda e resgate do governo.

Os banqueiros de investimento fazem grande parte de seus negócios garantindo títulos do governo, nos Estados Unidos e no exterior. Portanto, eles têm interesse em promover déficits e em forçar os pagadores de impostos a resgatar a dívida do governo. Ambos os conjuntos de banqueiros, então, tendem a estar vinculados à política do governo e tentam influenciar e controlar as ações do governo em assuntos internos e externos.

Nos primeiros anos do século XIX, o mercado de capitais organizado nos Estados Unidos estava em grande parte confinado aos títulos do governo (então chamados de “ações”), juntamente com as empresas de canais e os próprios bancos. Qualquer banco de investimento que existisse estava, portanto, concentrado na dívida do governo. Da Guerra Civil até a década de 1890, praticamente não havia corporações manufatureiras; manufatura e outros negócios eram parcerias e ainda não haviam atingido o tamanho necessário para adotar a forma corporativa. A única exceção foram as ferrovias, a maior indústria dos EUA. Os primeiros bancos de investimento, portanto, concentraram-se em títulos ferroviários e títulos do governo.

A primeira grande casa bancária de investimento nos Estados Unidos foi uma criatura de privilégio do governo. Jay Cooke, um promotor de negócios nascido em Ohio que morava na Filadélfia, e seu irmão Henry, editor do principal jornal republicano de Ohio, eram amigos íntimos do senador Salmon P. Chase, de Ohio. Quando o novo governo de Lincoln assumiu em 1861, os Cookes fizeram um grande lobby para garantir a Chase a nomeação de Secretário do Tesouro. Esse lobby, mais a enorme soma de US$100.000 que Jay Cooke despejou nos cofres políticos de Chase, induziu Chase a retribuir o favor concedendo a Cooke, recém estabelecido como banqueiro de investimentos, um monopólio extremamente lucrativo na garantia de toda a dívida federal.

Cooke e Chase então conseguiram usar o monopólio republicano virtual no Congresso durante a guerra para transformar o sistema bancário comercial americano de um mercado relativamente livre em um sistema bancário nacional centralizado pelo governo federal sob controle de Wall Street. Um aspecto crucial desse sistema era que os bancos nacionais só podiam expandir o crédito na proporção dos títulos federais que possuíam — títulos que eram forçados a comprar de Jay Cooke.

Jay Cooke & Co. provou ser extremamente influente nos governos republicanos do pós-guerra, que continuaram seu monopólio na garantia de títulos do governo. A Dinastia Cooke chegou a seu bem merecido destino ao falir no Pânico de 1874, um fracasso auxiliado por seu grande rival, o então Drexel, Morgan & Co, com sede na Filadélfia.

 

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