11. O Círculo de Vegas

0
Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Lee I. Iglody

[Lee Iglody ([email protected]), advogado em Las Vegas, concluiu seu Bacharelado em Economia com honras sob a orientação dos Professores Murray N. Rothbard e Hans-Herman Hoppe na Universidade de Nevada, Las Vegas.]

 

Fui apresentado ao professor Dr. Hans-Hermann Hoppe por meio de Murray N. Rothbard, a quem acompanhei da Brooklyn Polytech de Nova York até a Universidade de Nevada, em Las Vegas, para estudar Economia Austríaca. Tendo terminado recentemente de ler seu livreto do Mises Institute sobre o Método Austríaco, quase tremi ao estender a mão para cumprimentá-lo. Quase vinte anos depois, ainda me lembro com carinho daquele breve momento no corredor. Para exagerar só um pouco, foi mais emocionante do que conhecer Mick Jagger e David Bowie. Logo de cara, qualquer pessoa que conheceu os professores Rothbard e Hoppe no final dos anos 1980 e início dos anos 90 vai confirmar que essa dupla dinâmica tinha uma química que ao mesmo tempo os tornava muito acessíveis, mas estranhamente distantes. A acessibilidade vinha do fato de que Rothbard sempre estava disposto a entreter até as perguntas mais tolas com sua gargalhada característica e uma explicação de como as coisas são. O professor Hoppe, por outro lado, tinha uma maneira muito mais metodológica e teutônica de lidar com indagações estúpidas, uma forma de diálogo socrático com muitos “sim, mas…” lançados para pontuar a conversa. (“O governo fornece bens que o mercado não pode produzir? Sim, mas o que você quer dizer com ‘bens’?”)

Na época, eu trafeguei bastante pelo círculo de seminários “libertários”. Em cada um desses cursos, sempre encontrei pessoas maravilhadas com a profundidade e amplitude das obras de Rothbard e Hoppe, e não paravam de fazer perguntas sobre eles e seu trabalho. E cada vez que isso acontecia, eu tomava um momento para agradecer a Deus novamente pela chance que tive de aprender aos pés dos verdadeiros mestres, Rothbard e Hoppe. E é aí que entra parte da distância. Rothbard e Hoppe estavam operando em um nível totalmente diferente. Existem aqueles de nós que têm a sorte de passar pela vida com uma vaga compreensão do que são as coisas e como elas se tornaram o que são. Já alguns poucos indivíduos abençoados transcendem tudo, veem quase tudo, e são capazes de transmitir o dom de ver. Neste ponto, Hoppe era simplesmente muito superior.

Em sala de aula, o professor Hoppe não era um conferencista regurgitando o “conhecimento” higienizado e estéril dos livros didáticos (ele não os usava), mas um grande “professor” da verdade, com uma oratória clara e concisa pontuada por seu maravilhoso humor seco, e uma lista de leitura que incluía livros como Economia Numa Única Lição de Hazlitt e Homem, Economia e Estado de Rothbard. Eu pessoalmente o testemunhei converter muitos alunos ao libertarianismo. “Sabe, o que ele diz realmente faz sentido”, foi dito por incontáveis ​​alunos após a aula. Ele fez até mesmo alunos geralmente desinteressados ​​pensarem e se envolverem com questões fundamentais de economia e, portanto, de civilização.

Previsivelmente, embora o professor Hoppe recebesse com regularidade notas excelentes dos alunos e sua lista de publicações envergonhasse a maior parte do departamento de economia, chegou um momento em que a Universidade tentou negar-lhe a posição de professor titular. Com perseverança e dignidade, o professor Hoppe venceu seus oponentes e alcançou a estabilidade. Depois disso, mais duas vezes seus inimigos vieram atrás dele, e mais duas vezes ele os repeliu, com grande custo para si próprio. Eu pessoalmente testemunhei o imenso tempo e esforço que o Professor Hoppe teve que despender na defesa contra esses ataques, e me entristece pensar de quantas novas ideias a humanidade foi privada por causa desse desvio de seu tempo e pensamentos.

Uma de nossas atividades regulares fora da sala de aula era a reunião semanal do Clube de Economia Política, que acontecia em um pub local, com cerveja barata e um canto adequadamente tranquilo para nos reunirmos ao redor do Professor Hoppe. Normalmente, na terceira ou quarta rodada, o professor Hoppe tornava-se “Hans” e as discussões tornavam-se animadas. Vários estudantes visitantes, e ocasionais dignitários, costumavam parar para injetar nova energia na discussão de diversos tópicos. Além dos benefícios educacionais e sociais das conversas que se estendiam até a madrugada, tive o privilégio de observar a evolução do pensamento de Hoppe sobre muitas questões.

É verdade que Hans é genuinamente teutônico em sua reserva e distanciamento, mas como tantos grandes pensadores germânicos, sob esse exterior teutônico está uma paixão pela liberdade e pelo conhecimento que o impulsiona a buscar respostas e soluções, justamente porque as consequências para a humanidade são enormes. Quem leu suas obras teóricas ou práticas pode imaginá-lo um defensor sincero da Civilização Ocidental, com tudo que isso implica; mas ter sentado à sua frente quando ele é “Hans” explicando por que, por exemplo, o individualismo metodológico é indispensável para o conhecimento real, ou a democracia é um falso deus, é ver e sentir que aqui está outra alma corajosa que tomou de coração o “Tu ne cede malis, sed contra audentior ito”. Diz-se que Ludwig von Mises se arrependeu não das vezes em que se manteve firme, mas das vezes em que cedeu. Por esse critério, o professor Hoppe tem poucos arrependimentos.

Eu saúdo você, Hans.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.