2. O que é Custo?

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Quando pensamos em “custo”, pensamos em preços. Na verdade, deveríamos considerar não só o tanto de dinheiro que estamos gastando em um certo item, mas em todas as outras possibilidades de que estamos abrindo mão para adquirir aquele item.

Quando pensamos em “custo”, frequentemente pensamos em preços, como ao comparar preços de carros. Porém, a maneira correta de pensar em custos não é simplesmente considerar o tanto de dinheiro que estamos gastando em um certo item, mas em todas as outras possibilidades de que estamos abrindo mão para adquirir aquele item.

Henry Hazlitt foi um jornalista que escreveu o livro “Economia numa única lição”. Ele começa o livro contando a história de um padeiro.

Imagine que um garoto decide atirar uma pedra contra a vidraça frontal de uma padaria, quebrando-a. O padeiro, compreensivelmente, fica irritado, mas é consolado por um amigo que o encoraja a olhar o contexto geral. O padeiro agora tem de comprar uma nova vidraça, e essa compra vai ajudar o vidraceiro. O vidraceiro precisa comprar materiais e pagar seus empregados. Talvez alguns desses empregados até comprem os pães do padeiro. Portanto, aquele ato de vandalismo não é de fato uma tragédia, mas um evento que beneficiará toda a economia local!

Infelizmente, essa narrativa não conta toda a história.

Afinal, se aquele ato de vandalismo não tivesse ocorrido, o padeiro teria tanto sua vidraça quanto seu dinheiro – dinheiro esse que ele poderia gastar de outras formas.

Talvez ele tivesse comprado um novo letreiro para o seu negócio ou um novo terno para si. O ganho do vidraceiro é a perda do letreirista ou do alfaiate. Lamentavelmente, agora jamais saberemos como o padeiro teria gastado o seu dinheiro. Ao contrário, veremos apenas a nova vidraça que ele foi obrigado a comprar.

O que Hazlitt descreveu é chamado de custo de oportunidade. O dinheiro gasto na nova vidraça não é simplesmente o preço em reais de sua compra, mas o de todos os bens e serviços que o padeiro poderia ter adquirido com aquele montante.

Nas palavras de Hazlitt: “O mau economista vê apenas o que está na sua frente; o bom economista também vê além.”

Se o erro do amigo do padeiro é óbvio para você, talvez se surpreenda em saber quantos “maus economistas” há hoje no mundo.

Por exemplo, Paul Krugman, um famoso economista que escreve para o New York Times, costuma dizer que atentados terroristas, desastres nacionais ou até uma hipotética invasão alienígena estimulam a economia, tal como a vidraça quebrada da padaria.

Embora seja verdade que essas tragédias criem empregos na construção civil, no setor de limpeza ou na indústria bélica, isso não implica necessariamente que a sociedade esteja melhor. Assim como no caso da vidraça quebrada, as empresas que se beneficiaram dessas tragédias o fizeram à custa de outras.

Lembre-se, o propósito da economia não é simplesmente trabalhar ou ganhar dinheiro – é satisfazer nossos desejos e nossas ambições enquanto indivíduos. Se ninguém quiser ou precisar de armamento antialienígenas, então o dinheiro, o tempo e os recursos gastos nele terão sido desperdiçados, quando poderiam ter sido usados para produzir coisas que as pessoas realmente quisessem.

O custo de oportunidade é tudo o que poderia ter sido feito com aquele dinheiro, naquele tempo e usando aqueles recursos que não estão mais disponíveis.

É por isso que precisamos olhar para as consequências de nossas ações em um contexto maior – seja na maneira como gastamos nosso dinheiro ou como investimos nosso tempo. Quando levamos isso em conta, temos mais recursos para fazer as coisas que realmente queremos, tornando cada um de nós mais rico e feliz.

Infelizmente, o estado, tal como o amigo do padeiro, raramente – para não dizer nunca – pensa como um bom economista.

O estado não é um produtor ou um empreendedor ou um padeiro que oferece bens e serviços em troca de dinheiro. Ele consegue seu dinheiro por meio de impostos e, então, usa esse dinheiro em projetos que lhe são mais convenientes.

Por exemplo, se o estado taxa a sociedade para construir um novo estádio de futebol, é fácil para o político apontar para um clássico e dizer “que espetáculo lindo, foi para isso que precisou pagar impostos!” Mas o que ninguém pode ver são todas as coisas que as pessoas perderam por causa dos impostos que tiveram de pagar.

Se não fosse pelos impostos, elas teriam mais dinheiro para gastar ou poupar da forma que desejassem. Enquanto indivíduos, elas podem querer comprar um novo par de sapatos, viajar, começar um negócio ou guardar para o futuro – as possibilidades são infinitas. No final do dia, sabemos o que queremos melhor do que qualquer político.

É por isso que é importante que cada um de nós pense como um bom economista. Isso nos permite tomar melhores decisões – no longo prazo – sobre como devemos gastar nosso dinheiro. E nos permite cobrar os políticos quando eles tentam tirar o nosso dinheiro de nós.

 

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Este vídeo é uma adaptação do artigo “What Is Cost?”, publicado pelo Mises Institute na série “Economics for Beginners“.

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Produzido e narrado por Marco Batalha.

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