Pelo fim da insanidade da guerra às drogas

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marijuanaÀ luz do recente surto de violência relacionada às drogas no México, é apropriado refletir como a atual proibição das drogas afeta a criminalidade, a manutenção da lei e a economia.

Sempre que ocorrem tais acontecimentos, a reação instintiva de muitos é querer que haja um combate ainda mais intenso às drogas ilegais.  Porém, devo perguntar: já não temos atacado com bastante intensidade o tráfico de drogas durante as últimas décadas?  E qual foi o resultado?  O florescimento e a prosperidade do mercado negro, bem como a escalada da violência.

Não haveria uma abordagem mais eficaz?

A ilegalidade das drogas é, na verdade, o principal fator que ajuda a manter os altos lucros dos traficantes e dos carteis, e que garante que o crime organizado domine o mercado.

A cocaína, por exemplo, tem uma margem de lucro de aproximadamente 17.000%, chegando a ser mais cara que o ouro em determinadas áreas.  Tal fenômeno não é nada inédito e tampouco é exclusivo das drogas — é apenas um previsível resultado da proibição.

Durante a Lei Seca, Al Capone e todos os outros envolvidos no crime organizado ganharam fortunas tirando vantagem do perigoso e lucrativo mercado negro que havia sido criado unicamente pelas leis governamentais. Tanto naquela época quanto hoje, as leis econômicas permanecem as mesmas: todas as vezes que o estado faz uma grande apreensão de mercadorias ilegais, os lucros dos fornecedores remanescentes no mercado negro aumentam.  Esse tipo força econômica é intransponível para o aparato estatal, mas resulta em grandes negócios para os traficantes e carteis.

Para os cidadãos comuns, entretanto, tal proibição gerou desastres.  A guerra às drogas mantém as cadeias superlotadas, gerando não apenas um grande custo para os pagadores de impostos, como também um grande perigo para todo o público, uma vez que os verdadeiros criminosos — assassinos, estupradores, molestadores de crianças — são mantidos fora da cadeia apenas para dar espaço para aqueles infratores não violentos que se envolveram com drogas.

Atualmente, os EUA, por exemplo, encarceram mais gente, em termos per capita, do que a Rússia e a China jamais o fizeram – e, ainda assim, criminosos como Phillip Garrido — o sequestrador de Jaycee Lee Dugard, a jovem que foi mantida em cativeiro durante 18 anos na Califórnia e com quem teve duas filhas — continuam à solta, livres para estuprar e sequestrar repetidas vezes.  (É interessante notar que, no caso dele, uma pequena quantidade de maconha chamou mais atenção da polícia do que os repetidos relatos dos vizinhos de que havia constantemente crianças em seu quintal).

A guerra às drogas distorce as prioridades da polícia em prejuízo de todo o público.

A revogação da Lei Seca certamente não trouxe nenhum benefício para o crime organizado.  Da mesma forma, hoje, se quisermos acabar com os violentos carteis da droga, criar oportunidades legítimas de emprego ao invés de um mercado negro sem lei e justiça, reordenar as prioridades da polícia e deixar espaço nas cadeias para as pessoas que realmente deveriam estar nelas, temos de acabar com a insanidade da guerra às drogas.

Descriminalizar a maconha em nível federal já seria um começo.

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Ron Paul
é médico e ex-congressista republicano do Texas. Foi candidato à presidente dos Estados Unidos em 1988 pelo partido libertário e candidato à nomeação para as eleições presidenciais de 2008 e 2012 pelo partido republicano. É autor de diversos livros sobre a Escola Austríaca de economia e a filosofia política libertária como Mises e a Escola Austríaca: uma visão pessoal, Definindo a liberdade, O Fim do Fed – por que acabar com o Banco Central (2009), The Case for Gold (1982), The Revolution: A Manifesto (2008), Pillars of Prosperity (2008) e A Foreign Policy of Freedom (2007). O doutor Paul foi um dos fundadores do Ludwig von Mises Institute, em 1982, e no ano de 2013 fundou o Ron Paul Institute for Peace and Prosperity e o The Ron Paul Channel.

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