A Europa não vai conseguir passar por uma transição energética competitiva com suas atuais políticas intervencionistas. Não é uma mera coincidência que a Europa depende do gás russo, mas devido a uma cadeia de políticas equivocadas: proibição da energia nuclear na Alemanha, proibição do desenvolvimento dos recursos internos de gás natural em toda a União Europeia, somada a uma implantação maciça e dispendiosa de energias renováveis sem uma fonte alternativa confiável.
As energias solar e eólica não reduzem a dependência do gás natural russo. São necessárias, mas voláteis e intermitentes. Precisam de apoio nuclear, hídrico e de gás natural para a segurança do fornecimento de energia. A dependência dessas fontes de reserva aumenta nos períodos de vento fraco e pouco sol, justamente quando os preços são mais altos.
“A geração de energia solar vai a zero durante doze horas por dia, e isso é garantido”. O vento sopra às vezes, e às vezes não, isso também é garantido”. Ambos dependem das condições atmosféricas, que estão 100% fora do controle humano. Elas são, em seus melhores dias, suplementos”, escreveu um seguidor que é piloto da Marinha.
As baterias também não são uma opção. É impossível construir uma rede de tamanho industrial com enormes baterias; o custo seria proibitivo e a dependência da China (para o lítio, etc.) para construí-las seria mais um problema. A preços atuais, um sistema de armazenamento de energia em baterias para o continente europeu custaria mais de 2,5 trilhões de dólares, de acordo com um artigo da MIT Technology Review, extremamente mais caro do que qualquer outra alternativa.
O custo adicional de uma rede de baterias, mais a rede de distribuição e transmissão, faria subir, ainda mais, as contas domésticas.
A inflação já estava fora de controle na Europa antes mesmo da invasão da Ucrânia ser considerada um risco. A inflação dos preços ao consumidor na Espanha era de 7,6%, em Portugal era de 4,2%, e na Alemanha, de 5,1%. A inflação dos preços ao consumidor na zona do euro foi de 5,8%.
Diante do impacto da invasão da Ucrânia sobre os preços e energia, devemos lembrar que:
– A Europa já estava em crise energética em 2020 e 2021, com o custo das licenças de CO2 subindo e os preços da eletricidade no atacado atingindo níveis recordes em dezembro de 2021.
– A Europa não “depende do gás russo”. É uma relação de codependência. A Rússia precisa da Europa para exportar, enquanto a Europa não tem alternativa mais barata. Lembremos que o gás russo é muito mais barato do que qualquer outra alternativa realista.
Os contratos de longo prazo assinados com a Gazprom são fechados a preços que podem ser até dez vezes mais baixos do que algumas das alternativas atuais. Os 150 bilhões de metros cúbicos que a Europa importa da Rússia podem ser substituídos por gás natural liquefeito da Noruega e do Mar do Norte, dos Estados Unidos, da Argélia, do Qatar, ou de Israel, mas será muito mais caro.
– A única alternativa à Rússia é mostrar que os países europeus têm fontes de fornecimento diversificadas e baratas. Se a Rússia vir que os governos europeus proíbem a energia nuclear, proíbem o desenvolvimento de reservas nativas de gás, intervêm nas importações e acrescentam impostos maciços de CO2, as autoridades russas saberão que não há alternativa competitiva, e que a indústria e os consumidores europeus entrarão em colapso devido ao aumento do custo da energia.
– Os governos europeus deveriam pensar seriamente sobre suas políticas mal orientadas, já que o continente foi salvo neste inverno pelo gás natural importado dos Estados Unidos, produzido com fraturamento, uma tecnologia proibida na Europa.
A Europa quer energia barata e abundante, mas os políticos demonizam a nuclear, o gás e o petróleo. Todas as propostas intervencionistas apresentadas pelos políticos europeus implicam um custo mais elevado aos consumidores que há muito sofrem.
– O gás natural flui o tempo todo, além de ser barato e abundante. Ele não pode ser substituído por energias renováveis que são intermitentes, voláteis e imprevisíveis. O exemplo da Alemanha é evidente. Após investir pesadamente em energias renováveis e dobrar as contas para os consumidores, depende mais do lignito e do gás russo para garantir o fornecimento. A Alemanha teve que reativar usinas de carvão após gastar mais de 200 bilhões de dólares em subsídios e energias renováveis!
– Todas as tecnologias são necessárias, e as renováveis são fundamentais, mas não uma alternativa, pois precisam de suporte de gás natural enquanto a tecnologia é desenvolvida, sendo que ainda estão iniciando o processo. Não esqueçamos que a instalação de energias renováveis envolve um custo enorme em redes. Quem irá reduzir as contas de energia se o custo fixo das redes for aumentado nos 150 bilhões de dólares que estimamos serem necessários para fortalecer as redes de distribuição e transmissão?
– Todas as alternativas “mágicas” que o intervencionismo vende significam deixar de depender da Rússia para depender da China. Onde vamos obter o silício, alumínio, terras raras, cobre, lítio, etc., necessários para aqueles enormes investimentos mágicos anunciados?
– A demonização da energia nuclear deixou a Europa nas mãos de alternativas caras e voláteis. A transição energética deve ser considerada com a compreensão da importância da segurança do abastecimento e da competitividade. Precisamos de todas as tecnologias, sem preconceitos ideológicos. Precisamos de energia solar, eólica, gás natural, hidráulica, petróleo e nuclear, ou teremos crises recorrentes, e sempre pagando mais caro.
– É absurdo manter o esquema de tributação oculta das emissões de CO2 durante uma crise sem precedentes. Os governos devem usar esta renda para reduzir as contas dos cidadãos.
– Os impostos fronteiriços sobre produtos petrolíferos e gás natural não estão tributando os produtores; eles estão tributando os consumidores nos países europeus. Quem acredita que os impostos anunciados serão pagos pelo Qatar, Nigéria ou Brasil tem um sério problema de compreensão econômica.
– Uma verdadeira transição energética deve ser competitiva, confiável e barata, não uma máquina de arrecadação de impostos. Ela deve considerar todas as tecnologias. Mais indústria e menos política. Mais concorrência e menos ideologia.
Artigo original aqui
Todo esse delírio ambientalista sempre foi um desastre anunciado e antecipado para quem realmente entende de economia. A população europeia, como sempre, está pagando pelas aventuras progressistas insanas de seus governantes.
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