“SE MOORE era o herói ético de Keynes, Burke pode ter uma forte reivindicação como sendo seu herói político” escreve Skidelsky (1983, p. 154). Edmund Burke? O que um conservador amante da tradição teria em comum com Keynes, o estatista e planejador central racionalista?
Uma vez mais, como com Moore, Keynes venerava esse homem com uma pegada Keynesiana, selecionando os elementos que se encaixavam em seu próprio caráter e temperamento. O que Keynes pegou de Burke é revelador. (Keynes apresentou suas visões em um longo, graduando, ganhador de prêmios, artigo inglês acerca do “The Political Doctrines of Edmund Burke.”)
Isso é, primeiro, a oposição militante de Burke aos princípios gerais na política e, em particular, seu patrocínio da conveniência contra os direitos naturais abstratos. Em segundo lugar, Keynes concordou fortemente com a alta preferência temporal de Burke, seu rebaixamento do futuro incerto contra o presente existente.
Keynes então concordou com o conservadorismo de Burke no sentido que era hostil a “introduzir maus presentes para o bem de benefícios futuros.” Essa também é a expressão de direita da depreciação geral de Keynes do longo prazo, quando “todos estaremos mortos”.
Como Keynes coloca, “É o dever primordial dos governos e dos políticos garantir o bem-estar de uma comunidade sob a situação do presente, e não correr riscos demasiados para o futuro” (ibid., pp. 155–56).
Em terceiro lugar, Keynes admirava a apreciação de Burke da elite “orgânica” da Grã-Bretanha. Existem diferenças sobre políticas, claro, mas Keynes juntou-se a Burke em saudar o sistema do comando aristocrático como sólido, enquanto o pessoal envolvido na administração fossem os escolhidos de uma existente elite orgânica.
Escrevendo sobre Burke, Keynes notou ” a máquina em si [o estado britânico] ele declarou como sendo sólido o suficiente apenas se a habilidade e a integridade daqueles no poder pudesse ser assegurada” (ibid., p. 156).
Em adição a essa visão neoburkeana de desprezo pelos princípios, falta de preocupação com o futuro e a admiração pela existente classe governante da Grã-Bretanha, Keynes também estava certo de que a devoção a verdade era uma questão de gosto, com pouco ou nenhum lugar na política.
Ele escreveu: “Uma preferência pela verdade ou pela sinceridade como um método pode ser prejudicial baseado em algum padrão pessoal ou estético pessoal, inconsistente, para com a política, com o bem prático”(Johnson 1978, p. 24).
De fato, Keynes demonstrou ter um paladar favorável a mentir na política. Ele habitualmente fazia as estatísticas servirem seus propósitos políticos, e ele iria agir por inflação monetária mundial com hipérboles exageradas enquanto mantinha que “as palavras precisam ser um pouco selvagens — como um assalto de pensamentos sobre os impensantes.”
Mas, revelador o suficiente, quando ele chegou ao poder, Keynes admitiu que tal hipérbole teria que ser largada: “Quando os assentos do poder e da autoridade são alcançados, não deve haver mais espaço para a licença poética.” (Johnson e Johnson 1978, pp. 19—21).