O poder do Woke: como a ideologia esquerdista está minando nossa sociedade e economia

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“É uma parte importante da sociedade, quer você goste ou não”, disse o lexicólogo Tony Thorne, referindo-se ao “wokismo”, no The New Yorker, em janeiro. Isso é um eufemismo.

O wokismo está envenenando o local de trabalho ocidental e restringindo empresas pequenas e familiares, bancos de médio porte e empreendedores, enquanto enriquece corporações poderosas e bilionários. Ele está corroendo o ethos capitalista e matando os modos ascendentes de ordenamento e troca econômica que impulsionaram os Estados Unidos da América à prosperidade durante os séculos XIX e XX. Está infectando a Geração Z e a geração do milênio, que, sofrendo de altos índices de depressão e propensos a “desistir silenciosamente”, não estão tão bem quanto seus pais e avós e se sentem isolados e sozinhos, mesmo desfrutando de uma conectividade tecnológica sem precedentes na história da humanidade.

O que, exatamente, é “Woke” e como isso afeta os negócios e a sociedade em geral?

O termo como é amplamente utilizado hoje difere dos significados anteriores. “Woke”, que brinca com o vernáculo afro-americano, já significou “acordado para” ou “consciente de” injustiças sociais e raciais. O termo se expandiu para abranger uma gama mais ampla de causas, desde mudanças climáticas, controle de armas e direitos LGTBQ até violência doméstica, assédio sexual e aborto.

Já quando usado por seus oponentes, é principalmente um pejorativo desprezando a pessoa ou partido que adjetiva. É o sucessor do “politicamente correto”, uma expressão genérica que ridiculariza uma ampla gama de esquerdopatas. Carl Rhodes afirma, em Woke Capitalism, que “woke foi transmutado de um chamado político para a autoconsciência por meio da solidariedade diante da enorme injustiça racial, para ser um marcador de identidade para a própria presunção de justiça”.

Woke Racism, de John McWhorter, argumenta que o woke é de caráter religioso, não intencional e intrinsecamente racista e deletério para os negros. McWhorter, um linguista negro, afirma que “as pessoas brancas que se autodenominam nossos salvadores fazem as pessoas negras parecerem os seres humanos mais estúpidos, fracos e auto-indulgentes da história de nossa espécie”. Livros como The Dictatorship of Woke Capital, de Stephen R. Soukup, e Woke, Inc., de Vivek Ramaswamy, destacam o lado nefasto do wokismo adotado por grandes empresas, em particular no campo da gestão de ativos, investimentos e serviços financeiros.

O wokismo, tanto no sentido afirmativo quanto depreciativo, baseia-se na crença em forças sistêmicas ou estruturais que condicionam a cultura e o comportamento. As frases “racismo estrutural” ou “racismo sistêmico” sugerem que os agentes racionais estão, no entanto, inseridos em uma rede de regras, normas e valores interativos e interconectados que perpetuam a supremacia branca ou marginalizam pessoas de cor e grupos sem privilégios.

Romper totalmente com essas restrições herdadas não é possível, de acordo com o woke, porque não podemos operar fora dos quadros discursivos estabelecidos pelo uso prolongado e pelo poder arraigado. No entanto, continua o argumento, podemos descentralizar as relações de poder que sustentam esse sistema e subverter as técnicas empregadas, consciente ou involuntariamente, para preservar as hierarquias existentes. Isso requer, no entanto, novas estruturas e relações de poder.

Executivos corporativos e conselhos de administração são insuspeita e inadvertidamente — embora às vezes deliberadamente — apanhados nessas ideias. Eles estão imersos em um paradigma ideológico advindo principalmente das universidades ocidentais. É difícil identificar a origem causal desse movimento complexo e díspar para desfazer as estruturas de poder auto-extensível que supostamente possibilitam a hegemonia. No entanto, as empresas, que, é claro, são formadas por pessoas, incluindo a Geração Z descontente e a geração do milênio, desenvolvem-se paralelamente a esse esforço contínuo para desmantelar estruturas e introduzir novos princípios de organização para a sociedade.

O problema é que, em vez de neutralizar o poder, os “lacradores” woke buscam e reivindicam o poder para seus próprios fins. Criticando sistemas e estruturas, erguem sistemas e estruturas em que ocupam o centro, procurando dominar e subjugar as pessoas ou grupos que alegam ter subjugado ou dominado ao longo da história. Substituem uma hegemonia por outra.

Os sistemas antigos tinham problemas, é claro. Eles eram imperfeitos. Mas eles mantiveram elementos do liberalismo clássico que protegiam princípios duramente conquistados, como propriedade privada, devido processo legal, estado de direito, liberdade de expressão e igualdade perante a lei. O wokismo dispensa estes. Ele é sobre força e controle. E produziu um nexo corporativo-governo que enrijece o poder nas mãos de uma pequena elite.

Considere o espetáculo extravagante em Davos, a bela cidade turística que combinou luxo e ativismo na recente reunião do Fórum Econômico Mundial, talvez a maior reunião de auto-escolhidos lobistas influentes e CEOs de todos os países e culturas. Este evento anual exibe representações caricaturais de senhores conspiradores do mal – os salvadores soi-disant pregando paternalisticamente sobre a melhoria planetária, glorificando seu fardo escolhido para moldar os assuntos globais. O Fórum Econômico Mundial tornou-se um símbolo de hipocrisia e inautenticidade pródiga, tolo em sua ostentação.

A celebração quase onipresente de estratégias ambientais, sociais e de governança (ESG) no Fórum Econômico Mundial revela um compromisso aparentemente uniforme entre líderes proeminentes de aproveitar o governo para pressionar as empresas – e, infelizmente, todos os outros – para a esquerda.

ESG é, obviamente, um acrônimo para padrões e métricas não financeiras que gerentes de ativos, banqueiros e investidores consideram ao alocar capital ou avaliar riscos. Um crescente consórcio de governos, bancos centrais, organizações não-governamentais (ONGs), empresas de gestão de ativos, ministérios das finanças, instituições financeiras e investidores institucionais defende o ESG como a solução de longo prazo de cima para baixo para supostos riscos sociais e climáticos. Mesmo que esses riscos sejam reais, o ESG é o remédio adequado?

Os participantes do Fórum Econômico Mundial não defenderiam o ESG se não se beneficiassem disso. Esse simples fato não desacredita o ESG por si só, mas levanta questões sobre motivos ocultos: o que realmente está acontecendo? Como esses titãs das finanças e do governo se beneficiarão com o ESG?

Uma resposta óbvia envolve os investidores institucionais que priorizam o ativismo em detrimento de objetivos puramente financeiros ou retornos sobre o investimento (por razões legais, os investidores ativistas não caracterizariam suas prioridades como tal). Faz apenas um século que a compra e venda de ações em empresas de capital aberto se tornou comum entre trabalhadores e famílias. A Securities and Exchange Commission (SEC) dos Estados Unidos, criada em resposta à Grande Depressão, não tem nem 100 anos.

Até recentemente, a maioria dos investidores desinvestia se possuísse ações de uma empresa que se comportasse de forma contrária às suas crenças. Eles raramente exerciam o poder de voto de suas ações ou votavam apenas em questões importantes, como fusões e aquisições. Em 2023, no entanto, investidores institucionais, como fundos de hedge e empresas de gestão de ativos, contratam conselhos de administração, exercem votação por procuração e emitem relatórios de acionistas com o objetivo principal de politizar as empresas. Como intermediários, eles investem fundos de pensão, fundos mútuos, doações, fundos soberanos, 401(k)s e mais em nome de beneficiários que podem ou não saber quais causas políticas seus ativos investidos apoiam.

Se uma empresa de capital aberto se tornar “woke”, considere quais entidades detêm quanto de suas ações e se a pressão indesejada dos acionistas é a culpada. Considere, também, o papel dos consultores terceirizados nas políticas e práticas da empresa.

As grandes empresas se tornam woke para eliminar a concorrência. Afinal, elas podem arcar com os custos para cumprir os regulamentos woke, enquanto as pequenas empresas não podem. Os investidores institucionais alertam para os riscos potenciais da regulamentação governamental enquanto fazem lobby para tal regulamentação. Nos Estados Unidos, no governo Biden, regulamentos federais woke estão surgindo, sem surpresa. Talvez as empresas de capital aberto privatizem para evitar decretos propostos pela SEC em relação às divulgações ESG, mas a regulamentação em outras formas e por meio de outras agências também virá para empresas privadas.

Os lacradores woke devem questionar por que estão colaborando com seus antigos inimigos corporativos. Eles abandonaram as preocupações com a pobreza substituindo-a pela indústria mais lucrativa da política de identidade e do ambientalismo? Eles se venderam, explorando alegremente as massas torpes, oprimindo os já oprimidos e trocando a luta de classes socioeconômica pelo dogma proliferante de raça, sexualidade e mudança climática? À medida que a vigília se torna inextricavelmente ligada ao ESG, não podemos mais dizer: “Quem lacra não lucra”. Atualmente, o wokismo é um meio para a riqueza, um marcador de status, a passagem para o centro da superestrutura.

O ESG ajuda os mais ricos a se sentirem melhor consigo mesmos, ao mesmo tempo em que aumenta a distância entre ricos e pobres e sobrecarrega desproporcionalmente as economias dos países em desenvolvimento. Ele está suplantando as regras e instituições liberais clássicas que nivelaram os campos de jogo, geraram igualdade de oportunidades, expandiram o direito de voto, reduziram a discriminação indevida, eliminaram barreiras à entrada, facilitaram o empreendedorismo e a inovação e capacitaram os indivíduos a realizar seus sonhos e superar sua condição de nascença.

Quando a política é onipresente, o wokismo gera o anti-wokismo. A direita assimila como se dá o investimento institucional; contra-ofensivas estão em andamento. A politização totalizante das corporações é uma corrida armamentista de soma zero na qual a direita captura algumas empresas enquanto a esquerda captura outras.

Em breve não haverá como escapar da política, nem zonas tranquilas e pouco espaço para distanciamento emocional, privacidade contemplativa ou neutralidade de princípios; economias paralelas surgirão para diferentes afiliações políticas; barulho, briga, raiva, distração e divisão se multiplicarão; cada ato cotidiano sinalizará uma grande ideologia. Para os lacradores woke, “silêncio é violência”; não há meio termo; você deve falar; e cada vez mais também para seus oponentes, você deve escolher lados.

Qual lado você escolherá nesta distopia corporativa? Se as facções continuarem a concentrar e centralizar o poder, os liberais clássicos não terão boas opções. A coerção e a compulsão prevalecerão sobre a liberdade e a cooperação. E comércio e comando seguirão de mãos dadas.

 

 

 

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