As liberdades individuais são muito mais importantes do que qualquer pauta progressista

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Quando falamos de liberdade e progressismo, estamos falando, evidentemente, de antônimos. Liberdade e progressismo são duas coisas completamente distintas e incompatíveis. Elas não combinam, de nenhuma forma, maneira ou circunstância. Mas permita-me elaborar melhor esse assunto. Ele é digno de uma reflexão interessante e um tanto profunda.

A liberdade e a ideologia progressista são absolutamente distintas em tudo. A ideologia progressista, como bem sabemos, possui um programa ideológico e uma agenda política muito bem definida. E o objetivo, tanto dos líderes progressistas quanto da militância, é implementar essa agenda, custe o que custar. Como não é uma ideologia baseada na moral ou na ética, a ideologia progressista não leva em consideração as opiniões pessoais de quem discorda dela. Muito pelo contrário. Ela possui uma tendência inerente em criminalizar, penalizar e perseguir todos aqueles que expressam opiniões ou visões de mundo divergentes. Podemos, portanto, afirmar sem receios que a ideologia progressista é uma ideologia autoritária.

A liberdade, no entanto, não é autoritária. A liberdade é, por definição, o elemento social que floresce naturalmente na ausência de organizações autocráticas e instituições coercitivas. A liberdade é o que permite a você ser você mesmo, defender as convicções que você defende, possuir as crenças que possui e levar determinado estilo de vida. Na ausência de coerção ou de restrições governamentais, você usufrui de liberdade para ser exatamente quem você é.

Sabemos perfeitamente que o Brasil não é nenhum paraíso libertário. Ainda mais se levarmos em consideração a questão da liberdade econômica, que é quase inexistente. Taxas, tributação, burocracia e restrições regulatórias aviltantes afligem o pequeno e médio empresário, de maneiras ostensivamente vis e truculentas. Na questão das liberdades sociais, individuais e na liberdade religiosa, no entanto, nos saímos um pouco melhor.

Não somos nenhum oásis de liberdade, mas certamente usufruímos de mais liberdade do que pessoas que vivem em ditaduras totalitárias, como a Coreia do Norte, o Turcomenistão ou o Uzbequistão. Nesses países, uma única crítica ao governo o levaria a ser sentenciado à morte. Eu, particularmente — sendo autor de dezenas de artigos com críticas ácidas ao governo, dirigidas até mesmo a políticos específicos —, já teria sido executado há muito tempo. Portanto, não há dúvida de que usufruímos de algum nível de liberdade no Brasil. Não é nem de longe o nível de liberdade ideal ou desejado. Não obstante, é um nível de liberdade superior ao de muitos outros países.

Também sabemos que existem várias ideologias políticas autoritárias. E é necessário estabelecer um fato muito importante: defendê-las, em si, não é um crime. Você pode defender o comunismo. Isso não é um crime. Mas se você tentar me expulsar de minha propriedade e expropriá-la, aí, sim, você estará cometendo um crime.

Da mesma forma, coagir, perseguir, censurar, intimidar ou punir certas pessoas — pelo simples fato de que elas não seguem uma determinada ideologia — constitui, de fato, um crime.

Aqui nos deparamos novamente com o problema do famoso paradoxo da intolerância. Ideologias autoritárias podem existir e ser toleradas; o que deve ser combatido são atos autoritários. Afinal, se tentar erradicar sumariamente ideologias autoritárias, por uma simples questão de capricho pessoal, você vai estar necessariamente deflagrando perseguição e opressão sobre um grande número de pessoas, cujo único “crime” é ter opiniões diferentes das suas.

De maneira que estabelecemos, portanto, que uma ideologia autoritária não chega a ser o problema em si. Atos autoritários e coercitivos são o problema. São eles que oprimem as pessoas e promovem a erradicação da liberdade.

Atualmente, sabemos que atos coercitivos (ideologicamente progressistas) são os maiores responsáveis pela erosão das liberdades individuais, tanto no Brasil, como em muitos outros países do ocidente. É o que coloquialmente chamamos de ditadura politicamente correta. Mas a ideologia progressista, em si, não constitui exatamente o crime. O crime está nos atos de coerção, perseguição, censura e intimidação executadas contra determinadas pessoas, pelo simples fato delas não serem submissas à ideologia da moda — no caso, o progressismo.

Vamos fazer uma comparação da liberdade e da ideologia progressista, enquanto valores sociais vigentes (tendo em mente a seguinte distinção: o progressismo enquanto estilo de vida, e o progressismo enquanto movimento político organizado).

Em uma sociedade que tivesse a liberdade como valor social predominante, o progressismo conseguiria existir, sem problema nenhum. Progressistas poderiam andar por aí usando vestidos coloridos e falando linguagem neutra, enquanto decidem qual identidade de gênero iriam assumir depois do jantar. De fato, seria uma ilusão assumir que, em uma sociedade plenamente libertária, existiriam unicamente pessoas conservadoras. Muito pelo contrário. Uma sociedade livre teria pessoas de todos os tipos — das mais tradicionais às mais liberais.

Por outro lado, em uma sociedade onde o progressismo é a ideologia predominante (é o nosso presente caso, atualmente), a liberdade será gradualmente suprimida, até definhar e morrer. Se o progressismo é a força predominante de uma sociedade — especialmente o progressismo enquanto movimento organizado —, o autoritarismo político irá se sobressair de forma implacável.

Ou seja, estabelecemos aqui uma conclusão muito importante: o progressismo consegue existir em uma sociedade onde a liberdade é o valor predominante. Por outro lado, a liberdade não consegue existir em uma sociedade onde o progressismo é o valor social predominante.

Por que isso acontece?

Bem, no primeiro caso, sabemos que a liberdade — por sua própria natureza — permite que uma mesma sociedade congregue uma vasta multiplicidade de crenças, raças, etnias, credos e religiões. E não há problema nenhum nisso. De fato, uma sociedade extremamente livre será uma sociedade plural. As pessoas falarão diversos idiomas, e cada uma terá suas próprias crenças, hábitos, costumes e estilo de vida, porque, na ausência de um poder central regulador e fiscalizador, as pessoas terão ampla liberdade para serem elas mesmas. Portanto, uma sociedade altamente diversificada e polivalente é um forte indicativo de uma sociedade livre. Da mesma forma que, inversamente, uma nação padronizada e homogênea é indicativa de uma sociedade altamente controlada.

Em uma sociedade onde a liberdade é predominante, um indivíduo progressista poderia, sem nenhum problema, falar a linguagem neutra, fumar a sua maconha, participar das passeatas LGBT e fazer discursos sobre a ideologia de gênero.

No entanto, o progressista de uma sociedade livre é o progressista que, muito possivelmente, teria de ser totalmente educado na ética jusnaturalista e no PNA, visto que ele teve de aprender que ele não tem o menor direito de exigir que outras pessoas sigam as mesmas crenças, ideologia e estilo de vida que ele segue.

Mas progressistas, de uma forma geral — contanto que aprendessem a ética e o PNA —, poderiam, sem nenhum problema, levar o estilo de vida progressista. A questão primordial (que os progressistas tem uma dificuldade absurda em compreender, justamente por serem ignorantes quanto à ética e ao PNA) é que eles não têm o direito de obrigar outras pessoas a adotar os valores, a linguagem e o estilo de vida progressista. Como eles não entendem esse conceito básico, eles acham natural institucionalizar arbitrariamente a sua ideologia através de políticas de estado, à revelia de um grande número de pessoas.

Infelizmente, a liberdade enquanto força social vigente não é a condição da qual usufruímos. Atualmente, o progressismo está no controle, atuando como uma força social tirânica e onipotente, que caça de forma implacável todos aqueles que discordam de sua agenda ideológica. De fato, como escrevi acima, vivemos em uma sociedade progressista. E se o progressismo é predominante, dificilmente a liberdade terá condições de prosperar e prevalecer.

Como já citei, o progressismo é uma ideologia autoritária — especialmente quando se torna politicamente predominante em uma sociedade. Consequentemente, ela não manifestará nenhuma tolerância ou respeito por outros tipos de crenças, filosofias, doutrinas ou estilos de vida. Enquanto movimento político, sua natureza inerentemente despótica e opressiva é incompatível com a liberdade.

De fato, a ideologia progressista pretende fazer com que toda a sociedade se torne progressista, assim como todas as pessoas. Por essa razão, faz tanto uso da via política. Atualmente, se um determinado indivíduo fala uma frase, escreve um artigo ou conta uma piada que por acaso confronta, questiona ou viola abertamente algum postulado da religião secular progressista, então ele muito provavelmente será censurado, processado e penalizado.

Mas vamos discorrer melhor sobre isso.

Sabemos que o progressismo defende pautas como o fim da homofobia, o fim da islamofobia, a promoção da ideologia de gênero e a institucionalização da linguagem neutra. Todas essas pautas são de alta periculosidade para as liberdades individuais, especialmente se forem implementadas como políticas de estado. E isso é decorrente justamente do totalitarismo ideológico da religião secular progressista. Militantes progressistas consideram sua ideologia como sendo inerentemente boa e correta — a única, na verdade. Consequentemente, quem não está do lado deles e não defende as mesmas coisas é, invariavelmente, uma pessoa maligna e ruim.

Por serem absolutamente ignorantes sobre a ética e sobre o PNA, militantes progressistas não compreendem dois elementos de fundamental importância: a necessidade da adesão voluntária e do consentimento. Se você não respeita essas duas coisas, então você está, necessariamente, defendendo o autoritarismo.

Do pérfido e nefasto autoritarismo progressista, irradiam aberrações tirânicas de nível ostensivamente criminoso. Como a possibilidade de prender um cristão por homofobia, se ele citar um versículo da Bíblia que diz que o homossexualismo é pecado. Ou a possibilidade de prender uma pessoa por transfobia, se ela se recusar a falar a linguagem neutra com uma pessoa transgênero. Problemas dessa natureza já estão se tornando recorrentes em ditaduras progressistas, como os Estados Unidos e o Canada.

Sua crença irracional na suposta benevolência de suas questionáveis boas intenções — aliada a um legalismo monolítico institucional — faz não apenas com que o progressismo se torne uma bestialidade utópica, tanto quanto se converte no catalisador de uma tirania social absurda, que esmaga as crenças alheias e as liberdades individuais de formas ostensivamente arbitrárias e implacáveis.

Portanto, por capturar os poderes regulatórios do estado de acordo com os seus interesses — e, adicionalmente, tentar subjugar de forma brutal e implacável todas as pessoas que ainda não estão plenamente de acordo com a sua doutrina ideológica —, o progressismo político se estabelece, de fato, como uma opressiva e maléfica tirania.

Por outro lado, a defesa intransigente das liberdades individuais, por extensão, beneficia todas as pessoas, sem fazer distinção de classe social, gênero, crença ou raça. Afinal, se você garante as liberdades individuais de todos, você garante também as liberdades individuais daquelas pessoas que a ideologia progressista supostamente diz querer ajudar e proteger. Ninguém acha correto — de nenhuma forma, maneira ou circunstância — que mulheres, homossexuais, muçulmanos ou transexuais sejam agredidos, espancados ou hostilizados.

Se, por outro lado, você faz mulheres, muçulmanos, homossexuais e transexuais adquirirem privilégios legais e institucionais que lhes conferem uma certa supremacia social, então você está necessariamente criando castas de pessoas privilegiadas. Essas castas de privilegiados poderão esmagar quando quiserem as pessoas que pertencem aos grupos não-privilegiados.

Isso, além de criar uma tirania social de grupos intocáveis e onipotentes, vai invariavelmente criar um grande ressentimento por parte de todos aqueles que integram os grupos não-privilegiados (que, pela própria natureza do legalismo institucional, estarão suscetíveis a sofrer injustiças sistêmicas). De maneira que podemos afirmar, sem dúvida nenhuma, que a ideologia progressista é catalisadora de conflitos entre classes, categorias e grupos distintos de pessoas, não sendo — de forma alguma — solucionadora de problemas.

Portanto, não há dúvida de que o progressismo é uma ideologia autoritária, que pretende ser suprema sobre tudo e sobre todos. Acima, de tudo, ela pretende criar, perpetuar e disseminar conflitos, por privilegiar determinados grupos sobre todos os demais, o que propaga a interminável guerra de todos contra todos (inerente à um sistema democrático).

É fundamental entender que defender as liberdades individuais é algo ético, justo, salutar e genuinamente humanitário. Defender o progressismo, não. Defender o progressismo político é defender, necessariamente, a institucionalização da tirania de castas privilegiadas.

Progressistas precisariam urgentemente aprender a ética e o PNA. Eles precisam aprender que podem levar o estilo de vida progressista. Mas eles não têm o menor direito de institucionalizar quaisquer parâmetros da ideologia progressista como políticas de estado, porque ninguém tem a obrigação de ter as mesmas crenças, de usar o mesmo vocabulário ou de levar o mesmo estilo de vida que eles. Ou seja, o progressismo, enquanto estilo de vida individual, pode ser tolerado. Mas como política de estado, não.

Adicionalmente, quando você defende as liberdades individuais, você está, por extensão, defendendo as liberdades e os direitos de todas as pessoas. Por outro lado, quando você defende coletivos, você está — mesmo que não admita diretamente — defendendo a supremacia de determinados grupos sobre outros.

Essa supremacia política, ideológica e institucional — que se sobrepõe às vontades e as crenças alheias sem levar em consideração o consentimento e a adesão voluntária dos indivíduos — é o que faz a ideologia progressista ser inerentemente opressiva, maléfica e tirânica. E por isso ela representa um perigo fundamental para as liberdades individuais, e deve ser ostensivamente combatida, de forma incessante e persistente.

Há tempos, a ideologia progressista manifesta a sua ojeriza pela liberdade, se dedicando a destruí-la, de forma recorrente e cada vez mais implacável. O progressismo político é inerentemente tirânico, e representa atualmente a maior ameaça para a manutenção das liberdades individuais.

4 COMENTÁRIOS

  1. O excesso de liberdade só pode converter-se em excesso de servidão, tanto para um indivíduo em particular como para um Estado.

    (A República – Platão)

  2. “o estado é uma deplorável anomalia jurídica, moral e psicossocial, que precisa ser erradicada o mais rápido possível.”
    Gostei. Perfeito. Resumiu tudo.

  3. O pior texto que eu ja li neste Instituto e principalmente que é a primeira vez que eu falo isso aqui. Parece o texto de um deplorável e fascista randiano. Ou segundo o Paulo Kogos, um liberal limpinho…

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