A NASA não inventou o Velcro: inovação pública e privada

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O planejamento e o financiamento do governo não são necessários para as inovações que desfrutamos agora

A inovação é vital para a nossa prosperidade. Sem empreendedores e inventores pioneiros, não seríamos capazes de viver a vida longa e confortável que vivemos hoje em comparação com a forma como nossos ancestrais viviam. Alguns economistas argumentam que a direção e o financiamento do governo são essenciais para a inovação. Outros economistas afirmam que a pesquisa e o desenvolvimento são um bem público e a falta de inovação é uma falha de mercado e, portanto, os governos devem financiar mais pesquisa e desenvolvimento. Talvez a proponente mais proeminente de uma agenda de inovação governamental mais intensa seja Mariana Mazzucato em seu livro, O Estado Empreendedor.

A tese de Mazzucato é bastante direta. Para promover a inovação, é necessária a mão do governo. Ela argumenta que, por meio de financiamento público, ocorre inovação que, de outra forma, não aconteceria devido ao risco do setor privado. O nível de inovação que vemos nos Estados Unidos se deve ao financiamento estatal de pesquisa e desenvolvimento. Mazzucato inclui o iPhone, a Internet e as tecnologias “verdes” como exemplos de inovações decorrentes principalmente do envolvimento do Estado. Em trabalhos posteriores, Mazzucato argumenta que o planejamento da missão do governo e a direção da economia são necessários para resolver os “grandes” problemas da sociedade, como mudanças climáticas e COVID.

Grande parte da tese de Muzzucato se baseia na ideia de que, por meio de financiamento estatal, muitas inovações foram feitas que se tornaram benéficas para o uso público. Embora ela não use esse exemplo em seu trabalho, a história do Velcro se encaixaria em sua ideia. As pessoas ‘sabem’ que a NASA inventou o Velcro. Engenheiros da NASA reconheceram que usar trajes espaciais e trabalhar em um ambiente de gravidade zero não combina muito com amarrar nós ou lidar com cordas emaranhadas. Isso levou os engenheiros a projetar o material de prender e soltar que hoje conhecemos como Velcro. O setor público cria inovações que eventualmente beneficiam toda a humanidade.

Tirando o detalhe que essa não é a verdadeira origem do Velcro. A NASA não inventou o Velcro.

Em vez disso, o Velcro foi inventado por um inovador privado, George de Mestral. Em 1941, enquanto passeava com seu cachorro nos Alpes suíços, bardanas grudaram em suas roupas e no pelo de seu cachorro. Depois que reparou nisso, ele ficou curioso sobre como essas pequenas sementes podiam grudar tão bem nas roupas. Depois de estudar as bardanas no microscópio, ele viu que essas sementes continham pequenos ganchos que se ligavam facilmente às fibras. Reconhecendo o potencial, de Mestral passou uma década tentando fazer um fecho sintético de prender e soltar antes de conseguir mecanizar o processo, criando o Velcro. Tudo isso foi feito por um ator privado usando recursos privados sem direção estatal ou apoio financeiro. Embora este seja apenas um exemplo de inovação privada, existem milhares de outros exemplos, desde o carro de Carl Benz até a máquina de costura de Elias Howe.

Um exemplo adicional de inovação do setor privado vem do humilde Post-it. Post-its foram criados por Arthur Fry e Spencer Silver na 3M. Ao tentar desenvolver uma cola forte para aeronaves, Silver falhou e criou uma cola de baixa aderência. Seu colega Fry acabou reconhecendo o uso potencial dessa cola quando os papéis continuavam caindo do hinário de sua igreja. Depois de algum desenvolvimento, nasceu o Post-it. É crucial notar que isso também foi feito sem financiamento ou planejamento estatal.

Uma das invenções mais famosas de todos os tempos, inventada por dois irmãos, também foi financiada pelo setor privado. Estou, é claro, falando do avião de Orville e Wilber Wright. Depois de alguns fracassos, os irmãos conseguiram com sucesso um vôo tripulado de seu Wright Flyer. Tudo isso foi feito sem um centavo do governo. Deve-se notar também que o governo dos EUA financiou o projeto do Aeródromo de Samuel Langley, uma tentativa diferente de uma máquina voadora, que fracassou sem que nenhum vôo bem-sucedido ocorresse.

Existem inúmeros problemas no trabalho de Muzzucato, muitos dos quais são abordados no excelente livro de Alberto Mingardi e Deirdre McCloskey, O Mito do Estado Empreendedor. Em seu trabalho, Mingardi e McCloskey mostram que a inovação pode e tem funcionado de baixo para cima. Em vez de a inovação ser o resultado de um planejamento de cima para baixo, a história mostra que algumas das inovações mais importantes vêm do setor privado com fins lucrativos. Além disso, muitos projetos patrocinados pelo Estado reduziram os padrões de vida abaixo do que seriam se o Estado não tivesse financiado esses projetos. Eles também observam que um dos principais impulsionadores das invenções patrocinadas pelo Estado foi a guerra, que levou à perda de vidas e liberdade para milhões de pessoas em todo o mundo. Além disso, a afirmação de Muzzacato de que o governo criou a Internet está incorreta. Assim como outras inovações, como o Velcro, o automóvel, os post-its e o avião, a Internet é o resultado da inovação privada.

Apesar do que alguns políticos e economistas possam dizer, a inovação pode, de fato, vir de baixo para cima. A pesquisa não precisa ser dirigida ou financiada pelo Estado. Os defensores do financiamento estatal ignoram mais do que apenas custo de oportunidade, problemas de conhecimento e falhas do governo; eles ignoram a história econômica, que mostra que os empreendedores em busca de lucro, não o Estado ou seus comparsas, criaram a prosperidade no mundo que vemos hoje. Da próxima vez que alguém propor uma legislação para financiar pesquisa e desenvolvimento, pense duas vezes sobre a história e os custos da inovação financiada pelo Estado.

 

 

 

 

 

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Samuel Peterson
é um escritor talentoso e recebeu vários prêmios por sua escrita, incluindo o primeiro lugar no Concurso de Redação John Stossel, no Concurso de Redação da Grande Depressão do Mises Institute America e no Concurso de Redação da Liga de Defesa do Dinheiro Sólido. Os escritos de Samuel foram publicados no The Austrian, Power and Market do Mises Institute e no Mises Wire, no American Institute for Economic Research (AIER) e no EconLog do Liberty Fund. Os escritos acadêmicos de Samuel estão disponíveis no Grove City College Journal of Law and Public Policy e na Independent Review. Samuel planeja fazer pós-graduação para obter um Ph.D. em economia. Seus interesses de pesquisa estão na interseção da Economia Austríaca, Escolha Pública, História Econômica, Teoria Monetária, Direito e Economia e Economia Institucional. Samuel também atuou como moderador do debate do Fórum SoHo de 2021 entre Ben Burgis e Gene Epstein.

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