Desvalorizar é destruir

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A política econômica da desvalorização da moeda é algo secundário. Secundário pelo simples fato de que o primário sempre se baseia no correto entendimento de que o Estado não deveria se arrogar o poder de tratar sobre esse assunto: moeda. Por isso, a consequência de se obter uma desvalorização na moeda, é meramente secundário.

Contudo, não é por ser secundário que não se deva ser analisado; ora, só pelo fato do Estado ter tomado para si esse objeto, já é motivo mais do que suficiente para estudá-lo. Iniciando pelo termo “desvalorizar” que pode ser achado nos dicionários com o significado de depreciar, depredar, desqualificar, tirar valor, conferir menor valor, etc.; isso significa algo além do que se aparenta: por que utilizar um meio para se desvalorizar uma moeda? qual o incentivo de depredar a moeda? seria isso bom apesar do termo? Ora, a própria palavra é bem clara. Desvalorizar é depreciar, é tirar valor, é depredar, no caso, em específico: do dinheiro. A própria palavra possui em si uma conotação negativa. “desvalorização da moeda”, ora, é pura atividade criminosa.

Será que os senhores que dão aval para esse empreendimento compram uma camisa e a rasgam logo em seguida? Compram um carro e o riscam? Constroem uma casa para logo em seguida quebrarem a parede? Sinceramente, não sei. Mas sei que eles utilizam artifícios para fazer uma nota de R$ 100,00 valer menos que R$ 100,00; sei que inventaram um meio de fraudar a moeda; sei que ganham em cima disso, e sei que o Zé da esquina e milhares de pessoas estão mais pobre por isso.

A desvalorização da moeda não passa de uma perdição: perdição de valor, de intelecto, de virtude, de razão; perdeu-se o cérebro e não o acha mais. Mas Chesterton vos alertou: “Não seja tão mente aberta que o cérebro caia para fora”, ora, já caiu e perdeu-se. Perdeu-se como se perde uma carteira, com mais precisão, perdeu-se como um sujeito desconhecido furta nossa carteira; tornaram-se campeões na arte de furtar carteiras. O cérebro desvalorizou-se e sobrou escuridão. Os senhores da desvalorização já estão no escuro, perderam sua razão. Querem saber de queimar dinheiro, mas não o deles, o nosso. Talvez, portanto, eu esteja entrando em incoerência. A razão deles não foi perdida, ela foi distorcida; o que eles perderam foi a inocência, tornaram-se criminosos. Já são reincidentes na arte da fraude; estão destruindo a renda das famílias e dos indivíduos. Estão queimando a poupança das pessoas para o bem dessas pessoas – é o que dizem.  Os poupadores estão vendo suas poupanças perderem valor e não podem fazer nada, são incapazes, não possuem poder. O diabo está dizendo para os poupadores que desvalorizar a moeda melhora a economia, mas não diz que os torna mais pobres. Dizem que no inferno está cheio de gente que tinham boas intenções, não duvido, boas intenções para eles, sem dúvida; no governo também existem pessoas cheias de boas intenções que vão direto para lá.

Onde já se viu criar um sistema econômico que torna as pessoas mais pobres com o tempo e melhora a economia? Sinceramente, só na cabecinha a vácuo desses sujeitos. Para eles, a economia é como um mundo mágico onde tudo pode ser concebido, tudo acontece à medida que surge uma luzinha em suas mentes. Se fulano sonhar que fez a escassez tornar-se abundante, logo, o governo conseguirá realizar o feito. Se sonhar com o super-homem, logo o governo providenciará o super-imbecil. O “tudo posso naquele que me fortalece” tornou-se o tudo posso se estiver inserido nos poderes do Estado.

Pode ser dito que fazer milagres esteja em proporção com o número de aumento dos servidores do povo. Cada um diz que realizará algum feito milagroso. Acabaram com a linguagem e sentido do milagre. Eles se tornaram deuses, Odin deve ser o Ministro da Economia, mexe e brinca conosco de forma salutar; só que sem o significado da palavra. Até porque, para eles a palavra é só um meio de propagar alguma coisa mesmo. O significado não importa. Quanto menos pessoas souberem ou entenderem melhor para elas. Até o “desvalorizar” que é auto-evidente tornou-se facilmente digerido. Os deuses pagãos continuarão a brincar e se divertir conosco, estão festejando o desconhecimento de suas crias. Criarão guerras, disputas sociais, injetarão pragas e todos irão sacrificar alguma coisa para eles, inclusive o dinheiro, até porque, o que é o dinheiro frente aos deuses? Ora, eles são seres divinos, o dinheiro vem deles, eles o criaram, eles que o injetam na sociedade, só resta aos meros humanos fazer uma corrida em busca de salvação e, na mera remotabilidade de verem o que realmente são esses falsos deuses, perceberão que seu dinheiro já não vale mais nada, fora sacrificado.

Mises, (2017) indigna-se ao ler na Newsweek que as pessoas não se interessam pela “preservação do poder de compra da moeda”, e diz em seguida que o artigo se omitiu de uma informação um tanto relevante: “o artigo não dizia que a destruição da poupança do povo é um assunto muito mais sério do que a famosa guerra que está sendo travada contra a pobreza” (MISES, 2017). Ora,

É ridículo o governo financiar uma “guerra contra a pobreza” taxando, gerando inflação, gastando e assim sacrificando a poupança do povo que está tentando melhorar de situação através do próprio esforço.

(…)

Se o governo destrói a moeda, não destrói apenas uma coisa de extrema importância para o sistema, o dinheiro que as pessoas pouparam para investir e para ter segurança em alguma emergência; destrói também o próprio sistema. A política monetária é o centro da política econômica. Então todo o papo sobre melhorar as condições de vida, sobre fazer as pessoas prosperarem pela expansão do crédito, pela inflação, é inútil! – Ludwig von Mises, Sobre dinheiro e inflação

Lutar contra a pobreza gerando inflação é tratar do idoso dando umas pauladas em sua cabeça; se a natureza da moeda é ser livre e as pessoas a utilizam para poupar com o objetivo de viver mais confortavelmente no futuro, ou, no mínimo proteger-se de eventuais imprevistos, o que o Estado faz ao controlar a moeda não passa de um subterfúgio criminoso instituído para prejudicar terceiros, e não para o benefício da economia ou de uma luta contra a pobreza; não se luta contra a pobreza, gerando pobreza; desvalorizar simplesmente consegue – ora o tamanho da importância de se entender o significado das palavras – desvalorizar a moeda, ou seja, faz a moeda valer menos do que valia anteriormente. E isso gera pobreza, não riqueza.

Os interventores estatistas da moeda não lutam contra a pobreza, não lutam pela riqueza, nem lutam pela sociedade, eles trabalham para o Estado e fazem o que o Estado lhes mandar. Ou dizendo, fazem o que o político da vez lhe ordenar. E todos, sem exceção, pedem por altos gastos, populismo, e no final das contas, injetam verdinhas no sistema. Esses intervencionistas só são capazes de tornar o ruim no pior e manter esse ciclo; o Ministério da Economia o Banco Central, os oligopólios bancários, a reserva fracionária e qualquer outra coisa que prejudique a ordem financeira e a moeda deve ser repudiado e extinto. Não estão ai para melhorar nossas vidas, estão ai para nos controlar e nos prejudicar, é isso que vem fazendo e continuarão a fazer caso suas existências permaneçam. Controlar a moeda é negar ao homem uma liberdade básica de transacionar valores monetários e instituir o meio de troca livremente; “Negar ao homem a oportunidade de produzir riqueza é negar-lhe a oportunidade de viver”, (Hilaire Belloc, O estado servil), por isso que a moeda é tão fundamental, pois com ela foi possível sair das trocas diretas e ir para as trocas indiretas, o que foi propício para o crescimento econômico. Com a inflação a história já mostrou que o oposto pode muito bem acontecer, ademais, é seu mais provável trágico fim.

 

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