Um ano atrás, adquiri um produto que continha creatina e tive minha mercadoria extraviada por um grupo autodenominado Anvisa. Ao invés de receber meu bem em minha casa, recebi um telegrama deste grupo que informava o sequestro de minha propriedade, exigindo que eu cumprisse uma série de exigências — caso contrário não teria meu produto liberado por eles.
Me limitei a responder o telegrama dizendo que não iria cumprir nenhuma exigência dos sequestradores e demandei que minha posse legítima fosse restabelecida.
O grupo criminoso, por sua vez, reiterou as exigências e tudo ficou por isso mesmo.
Este grupo alegou que sequestrou o meu bem pois estava preocupado com minha saúde. Os criminosos da Anvisa achavam que existia a possibilidade de aquela substância causar algum mal à minha saúde. Isso seria uma grande piada se não fosse algo nefasto, já que o que certamente pode causar um grande mal à minha saúde são as armas que o grupo usa para impedir violentamente que eu consuma o que a Anvisa não deixa. Eles ameaçam diretamente a vida das pessoas impedindo com a força das armas que eles ajam como bem entendem — e ainda usam a saúde de suas vítimas como justificativa para sua violência e ameaça de violência.
Eu nunca conseguiu reaver minha propriedade.
Ontem o grupo Anvisa anunciou que “mudou de ideia”. A quadrilha acabou dando certa razão a mim, que havia dito que a substância não me faria mal (e mesmo se fizesse “mal”, isto é algo que só diz respeito a mim, diga-se de passagem). Agora todo mundo está liberado para consumir creatina sem o cumprimento de suas exigências. Isto é uma vitória para mim?
De maneira alguma. A luta aqui é por liberdade. Liberdade de escolher o que consumir, sem precisar da autorização de ninguém para tal. Eu não quer que a quadrilha Anvisa “permitisse” que eu usasse creatina. Eu quero que ter o poder de permitir ou deixar de permitir que algo entre em meu corpo, e não a Anvisa ou quem quer que seja. Qualquer coisa diferente disso é a negação do direito mais fundamental do ser humano: o direito de propriedade sobre o próprio corpo. A simples existência de um grupo como este, que tem o poder opressor de impor a força seus desmandos, é algo intolerável.
Ron Paul é o único político libertário com um mandato no mundo. Apesar de ser a favor de gays firmarem contratos de casamento, ele se opõe a uma lei federal sobre este assunto, mesmo uma que retifique sua posição, já que considera que não é papel do governo federal legislar sobre este assunto, seja proibindo ou permitindo a união entre duas pessoas do mesmo sexo.
Esta também é a razão pela qual os que lutam pelo fim da demente guerra contra as drogas devem tomar cuidado para não clamar por “legalização das drogas”. Ao invés disto, pedir pelo “fim da proibição”, pois quem tem o poder de liberar, tem o poder de proibir, e o estado não tem legitimidade para fazer nem uma coisa e nem outra.
Uma vitória para mim seria a extinção completa da Anvisa, ou ao menos o fim de seu poder de imposição de veto. Mas, por enquanto, será que a quadrilha vai devolver o produto com creatina que me roubaram?