O Banco Central Compra Ativos

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Antes de analisar as operações do Banco Central em mais detalhe, devemos entender que a forma mais importante que um Banco Central pode cartelizar seu sistema bancário é aumentando as reservas dos bancos, e a maneira mais importante de fazer isso é simplesmente comprando ativos.

Em um padrão ouro, a “reserva” de um banco comercial, o ativo que supostamente está por trás de suas notas ou depósitos, é ouro. Quando o Banco Central entra em cena, e principalmente após o Peel Act de 1844, as reservas consistem em ouro, mas, predominantemente, consistem em depósitos à vista na conta do banco no Banco Central, uma conta que permite o banco resgatar sua própria conta corrente nas notas do Banco Central, que goza de monopólio estatal sobre a questão das notas tangíveis. Como resultado, na prática, os bancos mantêm depósitos do Banco Central como reserva e resgatam em notas do Banco Central, enquanto o Banco Central está empenhado em resgatar essas notas em ouro.

Esta estrutura pós-Peel Act, é claro, pavimentou não involuntariamente o caminho para uma transição suave para um padrão de papel fiduciário. Já que o cidadão comum passou a usar as notas do Banco Central como seu dinheiro, e o ouro era exigido apenas por estrangeiros, foi relativamente fácil e não problemático para o governo sair do ouro e se recusar a resgatar sua ou suas notas do banco em espécie. O cidadão médio continuou a usar as notas bancárias e os bancos comerciais continuaram a resgatar seus depósitos nessas notas. A vida econômica diária do país parecia continuar como antes. Deve ser claro que, se não houvesse Banco Central, e principalmente, se não houvesse monopólio do Banco Central aos moldes do Peel Act em relação a notas, sair do ouro teria criado uma quantidade considerável de problemas e um clamor público.

Como, então, pode o Banco Central aumentar as reservas dos bancos sob sua jurisdição? Simplesmente comprando ativos. Não importa de quem ele compre ativos, seja de bancos ou de qualquer outro indivíduo ou empresa na economia. Suponha que um Banco Central compre um ativo de um banco. Por exemplo, o Banco Central compra um prédio, propriedade do Jonesville Bank por $1.000.000. O edifício, avaliado em $1.000.000, é transferido da coluna de ativos de Jonesville para a coluna de ativos do Banco Central. Como irá o Banco Central pagar pelo prédio? Simples: escrevendo um cheque sobre si mesmo no valor de $1.000.000. Onde ele conseguiu o dinheiro para escrever o cheque? Criou o dinheiro do nada, ou seja, criando um recibo de depósito falso de $1.000.000 em dinheiro que não possui. O Jonesville Bank deposita o cheque no Banco Central, e sua conta de depósito no Banco Central sobe em $1.000.000. As reservas totais do Jonesville Bank aumentaram em $1.000.000, sobre o qual ele e outros bancos poderão, em um curto período, multiplicar seus próprios recibos de depósito cujas reservas são inexistentes, múltiplas vezes, e, desse modo, aumentar a oferta monetária do país em múltiplas vezes.

A Figura 7 demonstra esse processo inicial de compra de ativos. Agora temos de lidar com dois conjuntos de contas T: o banco comercial e Banco Central. O processo é mostrado como na figura 7.

 

Figura 7. O Banco Central Compra um Ativo de um Banco Comercial

 

Banco Comercial
Ativos Capital próprio + Passivos
Casa: $1.000.000  
Depósito no Banco Central:

+ $1.000.000

 

 

 

O Banco Central
Ativos Capital próprio + Passivos
Casa: + $1.000.000 Depósito no Banco Central:

+ $1.000.000

 

Agora, vamos analisar o similar, embora menos óbvio, processo que ocorre quando o Banco Central compra um ativo de qualquer pessoa, qualquer indivíduo ou empresa na economia. Suponha que o Banco Central compra uma casa no valor de $1.000.000 de Jack Levitt, construtor. O ativo da coluna do Banco Central aumenta em $1.000.000 para a casa; de novo, ele paga a casa escrevendo um cheque de $1.000.000 para si mesmo, um recibo de depósito para dinheiro inexistente que ele cria a partir do vento. Ele escreve o cheque para o Sr. Levitt. Levitt, a quem não pode ter conta no Banco Central (somente bancos pode fazê-lo), pode fazer apenas uma coisa com o cheque: depositar em qualquer banco que ele usar. Isso aumenta sua conta por $1.000.000. Agora, aqui há uma variante de eventos do exemplo anterior. Já, em um ato de depositar este cheque, a oferta monetária total no país aumentou em $1.000.000, um $1.000.000 que não existia antes. Portanto, um aumento inflacionário na oferta de moeda já ocorreu. E a redistribuição já ocorreu também, uma vez que todo o dinheiro novo, pelo menos inicialmente, reside na posse do Sr. Levitt. Mas este é apenas o aumento inicial, para o banco usado por Levitt, digamos, o Rockville Bank, que pega o cheque e o deposita no Banco Central, ganhando assim $1.000.000 em seus depósitos, que servem como reservas para sua própria reserva fracionária e operações bancárias. O Rockville Bank, acompanhado por outros bancos concorrentes, serão então capazes de criar uma pirâmide de expansão de vários valores de recibos de depósitos e créditos, que compreenderão os novos recibos de depósito sendo emprestados. Haverá uma expansão múltipla da oferta de dinheiro. Este processo pode ser visto nas Figuras 8 e 9 abaixo.

Neste ponto, o banco comercial tem um aumento em suas reservas — seus depósitos à vista no Banco Central — de $1.000.000. Este banco, acompanhado por seus colegas bancos comerciais, agora podem expandir um múltiplo de empréstimos e depósitos sob demanda sobre essas reservas. Vamos supor — uma suposição realista — que esse múltiplo é 10 para 1. O banco sente que agora pode expandir seus depósitos sob demanda 10 vezes as suas reservas. Ele agora cria depósitos sob demanda no processo de emprestá-los a empresas ou consumidores, seja diretamente ou durante a compra de títulos no mercado. No final deste processo de expansão, em algumas semanas, o balanço do banco pode ser visto na Figura 9. Observe que a situação na Figura 9 poderia ter resultado, tanto da compra direta de um ativo pelo Banco Central do próprio banco comercial (Figura 7), ou comprando um ativo de alguém no mercado aberto que é um depositante neste ou outro banco comercial (Figura 8). O resultado será o mesmo.

 

 

 

Figura 8. O Banco Central compra um ativo de um não banco

 

Banco Comercial
Ativos Capital próprio + Passivos
  Depósito sob demanda:

(para Levitt) + $1.000.000

Depósito sob Demanda no Banco Central: + $1.000.000  

 

Banco Central
Ativos Capital próprio + Passivos
Casa: + $1.000.000 Depósito sob demanda para os bancos: + $1.000.000

 

Figura 9. Resultado do Processo de Expansão de Crédito

 

Banco Comercial
Ativos Capital próprio + Passivos
Títulos de dívida da Empresa:

+ $9.000.000

Depósito sob demanda:

+ $10.000.000

Depósito sob demanda no Banco Central: + $1.000.000  

 

Banco Central
Ativos Capital próprio + Passivos
Casa: + $1.000.000 Depósito sob demanda para os bancos: + $1.000.000

 

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