O protestantismo evangélico e a promoção da guerra, do coletivismo e do proibicionismo

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[Este artigo foi retirado do livro Coletivismo de Guerra – Poder, empresas e a classe intelectual na Primeira Guerra Mundial, de Murray N. Rothbard, publicado hoje pelo Instituto Rothbard]

Em contraste com os historiadores mais antigos que consideravam a Primeira Guerra Mundial a destruição da reforma progressista, estou convencido de que a guerra chegou aos Estados Unidos como a “realização”, a culminação, a verdadeira apoteose do progressismo na vida americana.[1] Considero o progressismo basicamente um movimento em nome do Grande Governo em todas as esferas da economia e da sociedade, em uma fusão ou coalizão entre vários grupos de grandes empresários, liderados pela Casa de Morgan, e grupos ascendentes de intelectuais tecnocráticos e estatistas. Nessa fusão, os valores e interesses de ambos os grupos seriam perseguidos por meio do governo.

As grandes empresas poderiam usar o governo para cartelizar a economia, restringir a concorrência, regular a produção e os preços, e também poderiam manejar uma política externa militarista e imperialista para forçar a abertura de mercados no exterior e usar a espada do Estado para proteger investimentos estrangeiros. Intelectuais seriam capazes de usar o governo para restringir a entrada em suas profissões e assumir empregos no Grande Governo para criar justificativas para o governo e ajudar a planejar e equipar suas operações. Ambos os grupos também acreditavam que, nessa fusão, o Grande Estado poderia ser usado para harmonizar e interpretar o “interesse nacional” e, assim, fornecer uma “terceira via” entre os extremos do laissez faire “todos-contra-todos” e os amargos conflitos do marxismo proletário.

Também animando ambos os grupos de progressistas estava um protestantismo pietista pós-milenista que conquistou áreas “ianques” do protestantismo do norte na década de 1830 e impeliu os pietistas a usar governos locais, estaduais e, finalmente, federais para acabar com o “pecado”, para tornar os EUA, e eventualmente o mundo, santo, e assim trazer o Reino de Deus à terra. A vitória das forças bryanas na convenção nacional democrata de 1896 destruiu o Partido Democrata que era o veículo de católicos romanos e luteranos alemães “litúrgicos” dedicados à liberdade pessoal e ao laissez faire e criou o sistema partidário grosseiramente homogeneizado e relativamente não ideológico que temos hoje. Após a virada do século, esse desenvolvimento criou um vácuo ideológico e de poder para um número crescente de tecnocratas e administradores progressistas preencher. Dessa forma, o locus do governo deslocou-se do legislativo, pelo menos parcialmente sujeito ao controle democrático, para o poder executivo oligárquico e tecnocrático.

A Primeira Guerra Mundial foi a realização de todas essas tendências progressistas. Militarismo, alistamento militar obrigatório, intervenção massiva nacionalmente e no exterior, uma economia de guerra coletivizada, tudo surgiu durante a guerra e criou um poderoso sistema cartelizado que a maioria de seus líderes passou o resto de suas vidas tentando recriar, tanto na paz quanto na guerra. No capítulo da Primeira Guerra Mundial de seu excelente trabalho, Crisis and Leviathan, o professor Robert Higgs concentra-se na economia de guerra e ilumina as interconexões com o alistamento militar obrigatório.

Neste ensaio, gostaria de me concentrar em uma área que o professor Higgs relativamente negligencia: a chegada ao poder durante a guerra dos vários grupos de intelectuais progressistas.[2] Eu uso o termo “intelectual” no sentido amplo penetrantemente descrito por F.A. Hayek: isto é, não apenas teóricos e acadêmicos, mas também todos os tipos de formadores de opinião na sociedade – escritores, jornalistas, pregadores, cientistas, ativistas de todos os tipos – o que Hayek chama de “revendedores de ideias”.[3] A maioria desses intelectuais, de qualquer ramo ou ocupação, eram pietistas pós-milenistas dedicados e messiânicos ou ex-pietistas, nascidos em um lar profundamente pietista, que, embora agora secularizados, ainda possuíam uma intensa crença messiânica na salvação nacional e mundial por meio do Grande Governo. Mas, além disso, estranhamente, mas caracteristicamente, a maioria combinou em seu pensamento e ativismo o fervor moral ou religioso messiânico com uma devoção empírica, supostamente livre de juízo de valor e estritamente científica às ciências sociais. Seja a devoção científica e moralista combinada da profissão médica para erradicar o pecado ou uma posição semelhante entre economistas ou filósofos, essa mistura é típica de intelectuais progressistas.

Neste ensaio, estarei lidando com vários exemplos de indivíduos progressistas ou grupos de intelectuais progressistas, exultantes com o triunfo de seu credo que resultou da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial, e exultantes da participação pessoal que tiveram nesse resultado. Infelizmente, as limitações de espaço e tempo me impedem lidar com todas as facetas da atividade dos intelectuais progressistas durante a guerra; em particular, lamento ter que omitir a análise do movimento à favor do alistamento militar obrigatório, um exemplo fascinante do credo da “terapia” da “disciplina” liderada por intelectuais e empresários de classe alta próximos de J.P. Morgan.[4] Eu também terei que omitir tanto os altamente significativos desfiles militares dos pregadores da nação, quanto o ímpeto durante o período de guerra pela centralização permanente da pesquisa científica.[5]

Não há melhor epígrafe para o restante deste ensaio do que uma nota de congratulações enviada ao presidente Wilson após ele ter proferido seu discurso de guerra ao Congresso em 2 de abril de 1917. A nota foi enviada pelo genro de Wilson e colega pietista e progressista do sul, o secretário do Tesouro William Gibbs McAdoo, um homem que passou a vida inteira como industrial na cidade de Nova York, muito próximo de J.P. Morgan. McAdoo escreveu a Wilson: “Você realizou com nobreza uma grande coisa! Acredito firmemente que é a vontade de Deus que os EUA faça esse serviço transcendente para a humanidade em todo o mundo e que você seja Seu instrumento escolhido.”[6] Este não era um sentimento que o presidente discordaria.

Pietismo e Lei Seca

Uma das poucas omissões importantes no livro do professor Higgs é o papel crucial do protestantismo pietista pós-milenista no movimento em direção ao estatismo nos Estados Unidos. Dominante nas áreas “ianques” do Norte a partir da década de 1830, a forma agressiva de pietismo “evangélico” conquistou o protestantismo do sul na década de 1890 e desempenhou um papel crucial no progressismo após a virada do século e durante a Primeira Guerra Mundial. O pietismo evangélico sustentava que o requisito para a salvação de qualquer homem é que ele faça o seu melhor para que todos sejam salvos, e fazer o melhor inevitavelmente significava que o Estado deveria se tornar um instrumento crucial para maximizar as chances de salvação das pessoas. Especificamente, o Estado desempenha um papel fundamental na eliminação do pecado e em “tornar a América santa”. Para os pietistas, o pecado era amplamente definido como qualquer força que pudesse obscurecer a mente dos homens para que eles não pudessem exercer seu livre arbítrio teológico para alcançar a salvação. De crucial importância foram a escravidão (até a Guerra Civil), o Álcool Demoníaco e a Igreja Católica Romana, liderada pelo Anticristo em Roma. Durante décadas após a Guerra Civil, a “rebelião” tomou o lugar da escravidão nas acusações pietistas contra seu grande inimigo político, o Partido Democrata.[7] Então, em 1896, com a conversão evangélica do protestantismo do sul e a admissão à União dos estados pietistas e escassamente povoados englobados pelas Montanhas Rochosas, William Jennings Bryan conseguiu formar uma coalizão que transformou os democratas em um partido pietista e acabou para sempre com o papel orgulhoso que o partido tinha de defensor do cristianismo litúrgico (católico e Alto Luterano alemão) e da liberdade pessoal e do laissez faire.[8]

Os pietistas do século XIX e início do século XX eram todos pós-milenistas: eles acreditavam que o Segundo Advento de Cristo ocorrerá somente após o milênio – mil anos do estabelecimento do Reino de Deus na terra – ter sido alcançado pelo esforço humano. Os pós-milenistas, portanto, tendem a ser estatistas, com o Estado se tornando um importante instrumento de erradicação do pecado e cristianização da ordem social para acelerar o retorno de Jesus.[9]

O professor Timberlake resume bem esse conflito político-religioso:

Ao contrário das seitas extremistas e apocalípticas que rejeitaram e se retiraram do mundo por ser irremediavelmente corrupto, e ao contrário das igrejas mais conservadoras, como a Católica Romana, a Episcopal Protestante e a Luterana, que tendiam a assumir uma atitude mais relaxada em relação à influência da religião na cultura, o protestantismo evangélico procurou vencer a corrupção do mundo de forma dinâmica, não só convertendo os homens à fé em Cristo, mas também cristianizando a ordem social pelo poder e força da lei. De acordo com essa visão, o dever do cristão era usar o poder secular do Estado para transformar a cultura para que a comunidade dos fiéis pudesse ser mantida pura e o trabalho de salvar os não regenerados fosse facilitado. Assim, a função da lei não era simplesmente restringir o mal, mas educar e elevar.[10]

Tanto o proibicionismo quanto a reforma progressista eram pietistas e, à medida que ambos os movimentos se expandiram após 1900, tornaram-se cada vez mais entrelaçados. O Partido da Proibição, antes confinado — pelo menos em sua plataforma — a uma única questão, a proibição de bebidas alcoólicas, tornou-se cada vez mais abertamente progressista depois de 1904. A Liga Anti-Bares, o principal veículo para o ativismo proibicionista depois de 1900, também foi marcadamente dedicada à reforma progressista. Assim, na convenção anual da Liga em 1905, o reverendo Howard H. Russell regozijou-se com o movimento crescente em favor da reforma progressista e louvou particularmente Theodore Roosevelt, como aquele “líder de molde heroico, de absoluta honestidade de caráter e pureza de vida, aquele homem deste mundo. . . .”[11] Na convenção da Liga Anti-Bares de 1909, o reverendo Purley A. Baker elogiou o movimento sindical por ser uma cruzada sagrada pela justiça e por condições justas. A convenção da Liga de 1915, que atraiu 10.000 pessoas, destacou-se pela mesma mistura de estatismo, serviço social e cristianismo combativo que marcou a convenção nacional do Partido Progressista de 1912.[12] E na convenção da Liga em junho de 1916, o bispo Luther B. Wilson afirmou, sem contradição, que todos os presentes, sem dúvida, louvariam as reformas progressistas então propostas.

Durante os anos progressistas, o Evangelho Social tornou-se parte da corrente principal do protestantismo pietista. A maioria das igrejas evangélicas criou comissões de serviço social para promulgar o Evangelho Social, e praticamente todas as denominações adotaram o Credo Social elaborado em 1912 pela Comissão da Igreja e Serviço Social do Conselho Federal de Igrejas. O credo exigia a abolição do trabalho infantil, a regulamentação trabalhista feminina, o direito trabalhista de se organizar (isto é, a negociação coletiva compulsória), a eliminação da pobreza e uma divisão “equitativa” do produto nacional. E acima de tudo, como uma questão de preocupação social, estava o problema do álcool. O credo sustentava que a bebida era um grave obstáculo para o estabelecimento do Reino de Deus na terra, e defendia a “proteção do indivíduo e da sociedade contra o desperdício social, econômico e moral do tráfico de bebidas.[13]

Os líderes do Evangelho Social eram fervorosos defensores do estatismo e da proibição do álcool. Estes incluíram o reverendo Walter Rauschenbusch e o reverendo Charles Stelzle, cujo tratado Por que Proibição! (1918) foi distribuído, após a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial, pela Comissão de Temperança do Conselho Federal de Igrejas para líderes trabalhistas, membros do Congresso e importantes funcionários públicos. Um líder do Evangelho Social particularmente importante foi o reverendo Josiah Strong, cujo jornal mensal, The Gospel of the Kingdom, foi publicado pelo Instituto Americano de Serviço Social de Strong. Em um artigo apoiando a Lei Seca na edição de julho de 1914, The Gospel of the Kingdom louvou o espírito progressista que finalmente estava pondo fim à “liberdade pessoal”:

A “Liberdade Pessoal” é finalmente uma rainha sem coroa e destronada, sem ninguém para reverenciá-la. A consciência social está tão desenvolvida e está se tornando tão autocrática, que instituições e governos devem dar atenção ao seu mandato e compartilhar sua vida de acordo. Não estamos mais assustados com aquele velho fantasma – “paternalismo no governo”. Afirmamos com ousadia, é a função do governo ser apenas isso – paterno. Nada humano pode ser estranho a um verdadeiro governo.[14]

Como verdadeiros cruzados, os pietistas não se contentaram em parar na eliminação do pecado apenas nos Estados Unidos. Se o pietismo americano estava convencido de que os americanos eram o povo escolhido de Deus, destinado a estabelecer um Reino de Deus dentro dos Estados Unidos, certamente o dever religioso e moral dos pietistas não poderia parar por aí. Em certo sentido, o mundo era a ostra dos EUA. Como disse o professor Timberlake, uma vez que o Reino de Deus estava prestes a ser estabelecido nos Estados Unidos,

era, portanto, a missão dos EUA espalhar esses ideais e instituições no exterior para que o Reino pudesse ser estabelecido em todo o mundo. Os protestantes americanos, portanto, não se contentaram apenas em trabalhar para o reino de Deus nos EUA, mas sentiram-se compelidos a ajudar na reforma do resto do mundo também.[15]

A entrada americana na Primeira Guerra Mundial proporcionou a realização dos sonhos proibicionistas. Em primeiro lugar, toda a produção de alimentos foi colocada sob o controle de Herbert Hoover, czar da Secretaria de Alimentos. Mas se o governo dos EUA controlar e alocar recursos alimentares, deveria ele permitir que o precioso e escasso suprimento de grãos seja alocado para o “desperdício”, se não o pecado, da fabricação de bebidas alcoólicas? Embora menos de 2% da produção americana de cereais fosse destinada à fabricação de álcool, pense nas crianças famintas do mundo que, de outra forma, poderiam ser alimentadas. Como o semanário progressista Independent expressou demagogicamente. “Deverão os muitos comer, ou os poucos beber?” Com o propósito ostensivo de “conservar” grãos, o Congresso redigiu uma emenda ao Projeto de Lei de Controle de Alimentos e Combustíveis do congressista Asbury F. Lever, de 10 de agosto de 1917, que ficou conhecido como Projeto de Lei Lever, que proibia absolutamente o uso de alimentos, portanto grãos, na produção de álcool. O Congresso teria acrescentado a proibição da fabricação de vinho ou cerveja, mas o presidente Wilson persuadiu a Liga Anti-Bares de que ele poderia atingir o mesmo objetivo mais lentamente e, assim, evitar uma manobra de atraso por parte dos opositores da Lei Seca no Congresso. No entanto, Herbert Hoover, um progressista e um proibicionista, persuadiu Wilson a emitir um decreto, em 8 de dezembro, reduzindo bastante o teor alcoólico da cerveja e limitando a quantidade de alimentos que poderiam ser usados ​​em sua fabricação.[16]

Os proibicionistas foram capazes de usar o Projeto de Lei Lever e o patriotismo de guerra para obter resultados favoráveis. Assim, a Sra. W. E. Lindsey, esposa do governador do Novo México, fez um discurso em novembro de 1917 que analisou o Projeto de Lei Lever e declarou:

Além da longa lista de tragédias terríveis que se seguiram ao tráfico de bebidas, o desperdício econômico é grande demais para ser tolerado neste momento. Com tantas pessoas das nações aliadas às portas da fome, seria uma ingratidão criminosa continuarmos a fabricar uísque.[17]

Outra justificativa para a Lei Seca durante a guerra foi a alegada necessidade de proteger os soldados americanos dos perigos do álcool para sua saúde, sua moral e suas almas imortais. Como resultado, na Lei de Serviço Seletivo de 18 de maio de 1917, o Congresso estabeleceu que zonas secas deveriam ser estabelecidas em torno de cada base do exército, e tornou-se ilegal vender ou mesmo dar bebida a qualquer membro do establishment militar dentro dessas zonas, mesmo em sua casa particular. Quaisquer militares embriagados estavam sujeitos a cortes marciais.

Mas o impulso mais severo em direção à proibição nacional foi a décima oitava emenda constitucional proposta pela Liga Anti-Bares, proibindo a fabricação, venda, transporte, importação ou exportação de todas as bebidas alcoólicas. Foi aprovada pelo Congresso e submetida aos estados no final de dezembro de 1917. Argumentos contrários à Lei Seca de que a proibição se mostraria inexequível foram recebidos com o habitual apelo dos pró-Lei Seca ao princípio superior: Deveriam as leis contra assassinato e roubo serem revogadas simplesmente porque elas não podem ser completamente aplicadas? E os argumentos de que a propriedade privada seria injustamente confiscada também foram descartados com a alegação de que a propriedade prejudicial à saúde, à moral e à segurança das pessoas sempre foi sujeita a confisco sem indenização.

Quando o Projeto de Lei Lever fez uma distinção entre bebidas destiladas (proibidas) e cerveja e vinho (limitados), a indústria cervejeira tentou salvar sua pele, livrando-se da mácula dos destilados. “A verdadeira relação da cerveja”, insistiu a Associação de Cervejeiros dos Estados Unidos, “é com vinhos leves e refrigerantes – não com aguardentes fortes”. Os cervejeiros afirmaram seu desejo de “romper, de uma vez por todas, os grilhões que prendiam nossas produções saudáveis ​​aos espíritos ardentes”. Mas essa atitude covarde não faria bem aos cervejeiros. Afinal, um dos grandes objetivos dos pró-Lei Seca era esmagar de uma vez por todas os cervejeiros, cujo produto era a própria personificação dos hábitos de consumo das odiadas massas germano-americanas, tanto católicas quanto luteranas, litúrgicas e bebedoras de cerveja. Os germano-americanos eram agora um alvo legítimo. Não eram todos eles agentes do satânico Kaiser, empenhados em conquistar o mundo? Eles não eram agentes conscientes da temida Kultur bárbara, dispostos a destruir a civilização americana? E a maioria dos cervejeiros não eram alemães?

E assim a Liga Anti-Bares bradou que “os cervejeiros alemães neste país tornaram ineficientes milhares de homens e estão, assim, paralisando a República em sua guerra contra o militarismo prussiano”. Aparentemente, a Liga Anti-Bares não se atentou ao trabalho dos cervejeiros alemães na Alemanha, que presumivelmente estavam realizando o serviço estimado de tornar o “militarismo prussiano” indefeso. Os cervejeiros foram acusados ​​de serem pró-alemães e de subsidiar a imprensa (aparentemente, não havia problema em ser pró-ingleses ou subsidiar a imprensa se você não fosse cervejeiro). O ápice das acusações veio de um proibicionista: “Temos inimigos alemães”, alertou, “neste país também. E o pior de todos os nossos inimigos alemães, os mais traiçoeiros, os mais ameaçadores são Pabst, Schlitz, Blatz e Miller.”[18]

Nesse tipo de ambiente, os cervejeiros não tiveram chance, e a Décima Oitava Emenda foi imposta aos estados, proibindo todas as formas de bebidas alcoólicas. Como vinte e sete estados já haviam proibido a bebida alcoólica, isso significava que apenas mais nove eram necessários para ratificar essa extraordinária emenda, que envolvia diretamente a constituição federal no que sempre foi, no máximo, uma questão de poder de polícia dos estados. O trigésimo sexto estado ratificou a Décima Oitava Emenda em 16 de janeiro de 1919 e, no final de fevereiro, todos, exceto três estados (Nova Jersey, Rhode Island e Connecticut) tornaram o álcool inconstitucional e ilegal. Tecnicamente, a emenda entrou em vigor em janeiro seguinte, mas o Congresso acelerou as coisas ao aprovar a Lei de Proibição de Guerra de 11 de novembro de 1918, que proibia a fabricação de cerveja e vinho no próximo mês de maio e proibia a venda de todas as bebidas intoxicantes depois 30 de junho de 1919, uma proibição que continuaria em vigor até o final da desmobilização. Assim, a proibição nacional total realmente começou em 1º de julho de 1919, com a Décima Oitava Emenda passando a vigorar seis meses depois. A emenda constitucional precisava de um ato de execução do Congresso, que o Congresso forneceu com a Lei Volstead (ou Proibição Nacional), passando pelo veto de Wilson no final de outubro de 1919.

Com a batalha contra o Álcool Demoníaco vencida em casa, os incansáveis ​​defensores do proibicionismo pietista procuraram novas terras para conquistar. Hoje EUA, amanhã o mundo. Em junho de 1919, a triunfante Liga Anti-Bares convocou uma conferência internacional de proibição em Washington e criou uma Liga Mundial Contra o Alcoolismo. A proibição mundial, afinal, era necessária para terminar o trabalho de tornar o mundo seguro para a democracia. Os objetivos dos proibicionistas foram fervorosamente expressos pelo reverendo A.C. Bane na convenção da Liga Anti-Bares em 1917, quando a vitória dos EUA já estava à vista. Para uma multidão aplaudindo descontroladamente, Bane bravejou:

Os EUA irão “se exceder” na maior batalha da humanidade [contra o álcool] e plantar o vitorioso padrão branco da Lei Seca na mais alta eminência da nação. Então, avistando a mão acenando de nossas nações irmãs do outro lado do mar, lutando com o mesmo inimigo de longa data, seguiremos com o espírito do missionário e do cruzado para ajudar a expulsar o demônio da bebida de toda a civilização. Com os EUA liderando o caminho, com fé em Deus Onipotente, e levando com mãos patrióticas nossa bandeira imaculada, o emblema da pureza cívica, em breve concederemos à humanidade o presente inestimável da Lei Seca Mundial.[19]

Felizmente, os proibicionistas consideraram o mundo relutante um osso duro de roer.

 

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Notas

[1] Uma versão anterior deste ensaio foi apresentada na Conferência do Pacific Institute sobre “Crise e Leviatã”, em Menlo Park, Califórnia, em outubro de 1986. Ele foi impresso no Journal of Libertarian Studies 9, no. 1 (Inverno, 1989). Foi reimpresso em John V. Denson, ed., The Costs of War: America’s Pyrrhic Victories (New Brunswick, N.J.: Transaction Publishers, 1997). O título deste ensaio é emprestado do último capítulo pioneiro do excelente trabalho de James Weinstein, The Corporate Ideal in the Liberal State, 1900–1918 (Boston: Beacon Press, 1968). O último capítulo é intitulado “Guerra como realização”.

[2] Robert Higgs, Crisis and Leviathan (Nova York: Oxford University Press, 1987), pp. 123-158. Para meu próprio relato da economia de guerra coletivizada da Primeira Guerra Mundial, ver Murray N. Rothbard, “War Collectivism in World War I”, em R. Radosh e M. Rothbard. eds., A New History of Leviathan: Essays on the Rise of the American Corporate State (Nova York: Dutton. 1972), pp. 66-110.

[3] F.A. Hayek, “The Intellectuals and Socialism”, em Studies in Philosophy, Politics and Economics (Chicago: University of Chicago Press, 1967), pp. 178ss.

[4] Sobre o movimento de conscrição, ver em particular Michael Pearlman, To Make Democracy Safe for America: Patricians and Preparedness in the Progressive Era (Urbana: University of Illinois Press, 1984). Veja também John W. Chambers II, “Conscripting for Colossus: The Adoption of the Draft in the United States in World War I,” Ph.D. diss., Universidade de Columbia, 1973; John Patrick Finnegan, Against the Specter of a Dragon: The Campaign for American Military Preparedness, 1914–1917 (Westport, Connecticut: Greenwood Press, 1974); e John Gany Clifford, The Citizen Soldiers: The Plattsburg Training Camp Movement (Lexington: University Press of Kentucky, 1972).

[5] Sobre os ministros e a guerra, ver Ray H. Abrams, Preachers Present Arms (Nova York: Round Table Press, 1933). Sobre a mobilização da ciência, ver David F. Noble, America By Design: Science, Technology and the Rise of Corporate Capitalism (Nova York: Oxford University Press, 1977), e Ronald C. Tobey, The American Ideology of National Science, 1919 –1930 (Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 1971).

[6] Citado em Gerald Edward Markowitz, “Progressive Imperialism: Consensus and Conflict in the Progressive Movement on Foreign Policy, 1898–1917.” Ph.D. diss., Universidade de Wisconsin, 1971, p. 375, um trabalho infelizmente negligenciado sobre um tema muito importante.

[7] Daí a famosa imprecação lançada no final da campanha de 1884 que levou os democratas à presidência pela primeira vez desde a Guerra Civil, de que o Partido Democrata era o partido do “Rum, Romanismo e Rebelião”. Nessa única frase, o ministro protestante de Nova York foi capaz de resumir as preocupações políticas do movimento pietista.

[8] Para uma introdução à crescente literatura da história política “etno-religiosa” nos Estados Unidos, ver Paul Kleppner, The Cross of Culture (New York: the Free Press, 1970); e idem, The Third Electoral System, 1853-1892 (Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1979). Para as pesquisas mais recentes sobre a formação do Partido Republicano como um partido pietista, refletindo a tríade interconectada de preocupações pietistas – antiescravidão, proibição e anti-catolicismo – veja William E. Gienapp, “Nativism and the Creation of a Republican Majority in the Norte antes da Guerra Civil”, Journal of American History 72 (dezembro de 1985): 529-559.

[9] O cristianismo ortodoxo agostiniano, seguido pelos litúrgicos, é “amilenista”, ou seja, acredita que o “milênio” é simplesmente uma metáfora para o surgimento da Igreja Cristã e que Jesus retornará sem ajuda humana e por sua própria conta e em um tempo não especificado. Os “fundamentalistas” modernos, como são chamados desde os primeiros anos do século XX, são “pré-milenistas”, ou seja, eles acreditam que Jesus voltará para inaugurar mil anos do Reino de Deus na Terra, um tempo marcado por várias “tribulações” e pelo Armagedom, até que a história finalmente termine. Os pré-milenistas, ou “milenaristas”, não têm o ímpeto estatista dos pós-milenistas; em vez disso, eles tendem a se concentrar em predições e sinais do Armagedom e do advento de Jesus.

[10] James H. Timberlake, Prohibition and the Progressive Movement, 1900–1920 (Nova York: Atheneum, 1970), pp. 7–8.

[11] Citado em Timberlake, Prohibition, p. 33.

[12] A convenção do Partido Progressista foi uma poderosa fusão de todas as principais tendências do movimento progressista: economistas estatistas, tecnocratas, engenheiros sociais, assistentes sociais, pietistas profissionais e parceiros de J.P. Morgan & Co. Líderes do Evangelho Social Lyman Abbon, o reverendo R. Heber Newton e o reverendo Washington Gladden, lideravam os delegados do Partido Progressista. O Partido Progressista se proclamou como o “recrudescimento do espírito religioso na vida política americana”. O discurso de aceitação de Theodore Roosevelt foi significativamente intitulado “Uma Confissão de Fé”, e suas palavras foram pontuadas por “améns” e por um canto contínuo de hinos cristãos pietistas pelos delegados ali reunidos. Eles cantaram “Onward Christian Soldiers”, “The Battle Hymn of the Republic” e especialmente o hino revivalista “Follow, Follow, We Will Follow Jesus”, com a palavra “Roosevelt” substituindo “Jesus” a cada estrofe. O horrorizado New York Times resumiu a experiência incomum chamando o grupo progressista de “uma convenção de fanáticos”. E acrescentou: “Não foi uma convenção. Era uma assembleia de entusiastas religiosos. Foi uma convenção como a de Pedro, o Eremita. Foi um acampamento metodista que se transmutou em termos políticos.” Citado em John Allen Gable, The Bull Moose Years: Theodore Roosevelt and the Progressive Party (Port Washington, N.Y.: Kennikat Press, 1978), p. 75.

[13] Timberlake, Prohibition, p. 24.

[14] Citado em Timberlake, Prohibition, p. 27. Itálico no artigo. Ou, como o reverendo Stelzle colocou, em Why Prohibition!, “Não existe um direito individual absoluto de fazer qualquer coisa em particular, ou comer ou beber qualquer coisa em particular, ou desfrutar da associação de sua própria família, ou mesmo de viver, se essa coisa estiver em conflito com a lei da necessidade pública”. Citado em David E. Kyvig, Repeling National Prohibition (Chicago: University of Chicago Press, 1979), p. 9.

[15] Timberlake, Prohibition, pp. 37–38.

[16] Ver David Burner, Herbert Hoover: A Public Life (Nova York: Alfred A. Knopf, 1979), p. 107.

[17] James A. Burran, “Proibição no Novo México, 1917”. New Mexico Historical Quarterly 48 (abril de 1973): 140–141. A Sra. Lindsey, é claro, não mostrou nenhuma preocupação com os países alemães, aliados e neutros da Europa sendo submetidos à fome pelo bloqueio naval britânico. As únicas áreas do Novo México que resistiram à cruzada de proibição no referendo nas eleições de novembro de 1917 foram os distritos fortemente hispano-católicos.

[18] Timberlake, Prohibition, p. 179.

[19] Citado em Timberlake, Prohibition, pp. 180–181.

22 COMENTÁRIOS

  1. A religião é um erro, é uma forma de “gadificação” do homem através de um tipo de pensamento que está absoleto; Infelizmente, os inimigos da religião são muitas vezes pessoas bem piores. No brasil, bons intelectuais como os caras por detrás desse site são ligados a máfia religiosa ( a romana no caso).

    Mas tenho bom ânimo. Conheço seculares libertários, que não são libertinos, não são entusiastas de drogas,surubas,aborto, black lives pqp etc. É possível ser ateu e ser normal. Eu sou um caso, conheço outros. “Tenho fé” que aumentaremos em número aos poucos com o tempo.

    • Depende. Para mim, libertários de verdade são aqueles que se dedicam totalmente aos pensamentos sobre liberdade sem se apegarem á qualquer senso comum ou crença desfundamentada.

      Eu pessoalmente e basicamente não vejo nada de eticamente errado em qualquer religião, desde que ela não estimule atividades antiéticas. É claro, porém, que religiões podem às vezes serem antiéticas independente de suas doutrinas, já que fanatismos sempre existem, independente da crença ou de seus dogmas

      Á própria crença de quê o Estado realiza milagres como “dar empregos para todos por meio da impressão de dinheiro” já é uma espécie de dogma religioso criado por intelectuais. Eu diria que qualquer crença unilateral e não fundamentada somente na lógica e na razão já pode ser considerado um dogma religioso, e tais dogmas vão se tornando cada vez mais religiosos de acordo com às gerações, aos quais novas pessoas são ensinadas desde cedo por outras pessoas.

      Não é atoa que há tantos intelectuais estatistas por aí, somos doutrinados desde cedo a adorar o Estado e a “democracia”, e às coisas só se intensificam durante o ensino superior.

      • “Eu diria que qualquer crença unilateral e não fundamentada somente na lógica e na razão já pode ser considerado um dogma religioso”

        A tal razão é altamente superestimada. O que é razão? se buscarmos a origem do homem, não foi a tal razão que propiciou a civilização, mas a idéia de transcendência. Os homens, ainda coletores e caçadores, portanto, nômades, há 11000 anos, construiram um complexo religioso chamado Göbekli Tepe. O trabalho monumental realizado por homens que ainda não haviam domesticado animais ou inventado ferramentas de metal – deslocando pedras com toneladas, apenas para construir um local de culto, não era nenhum pouco racional, pois estes recursos poderiam ter sido utilizados para outra finalidade. Mas por algum motivo, os indivíduos foram chamados a isso. E o que é mais importante: as construções foram feitas de forma voluntária e sem nenhuma coordenação, o que torna o prórpio anarcocapistalismo absolutamente irrefutável.

        Enfim, na minha opinião, os homens que estavam absolutamente convictos da razão, e acabaram assim se afastando de Deus, foram responsáveis por todos os genocídios modernos. Eu acredito na razão, mas ela é apenas instrumental, sem a capacidade geral de organizar a sociedade. Podemos até deduzir todos os dogmas do libertarianismo – sim, existem alguns dogmas -, como o PNA ou os direitos naturais através da razão. Mas isso efetivamente não basta. A razão levada ao seu extremo forma indivíduos atomizados e facilmente convertidos a religião estatal demoníaca.

        Devemos sempre pensar nos grandes números: existem libertários ateus? bom pra eles que chegaram ao libertarianismo através da razão. Mas perto da vastíssima maioria de indivíduos com alguma crença religiosa legítima – excluindo obviamente a religião estatal, os libertários estaticamente são nada, zero. É por isso que eu acredito que apenas anarcocapitalistas religiosos – de preferência da “máfia romana”, estão mais preparados e articulados para enfrentar o leviatã estatal.

        Isso não é uma crítica pessoal, apenas um comentário sobre fides et ratio.

        • Assim como homens se dedicaram á construir esse complexo religioso, outros homens também se dedicaram á construir pirâmides, então seu argumento é imaterial. Além do mais, de onde você tirou que eles fizeram isso voluntariamente? É totalmente possível que eles foram forçados á fazer isso por uma igreja da época.

          Outra coisa: Você afirma que eles fizeram isso sem razão, mas esquece de apontar que, na visão deles, a atividade que faziam possuíam uma razão, que era dedicar um complexo religiosos aos deuses deles. Outra coisa: a atividade deles possuí total razão e lógica, afinal, eles possuíam uma crença de que os deuses deles arquitetaram tudo, e é óbvio que na mente deles isso é totalmente lógico, até porquê eles eram um povo primitivo.

          Quando eu falo sobre lógica e razão, eu digo sobre a evolução de pensamento para algo que se alinha á realidade. Formas de pensar ilogicas devem ser descartadas por formas de pensar lógicas e com razão, e como saber isso? O meu argumento é que devemos enfatizar a eliminação de crenças unilaterais, isso é, de que tal crença é a absoluta verdade. Devemos sempre procurar por novas verdades, e é assim que eu penso.

          Para atingir tal ideal, é necessário que nos apeguemos apenas a nossa própria mente e na nossos razão, no nosso raciocínio, sem acreditarmos em uma verdade “absoluta”.

          • ‘Além do mais, de onde você tirou que eles fizeram isso voluntariamente? É totalmente possível que eles foram forçados á fazer isso por uma igreja da época.”

            Claro, se você puder me citar qual religião que existia há 11000 anos para começar… quem me diz que foi voluntário é a antropologia: há 11000 anos os homens era CAÇADORES E COLETORES, sem nenhuma tecnologia. O Egito surgiu 4000 anos depois da construção de Göbekli Tepe – teocracia. Ou seja neste caso nós estaos falando de uma religião de estado, não de um fenômeno voluntário.

            Eu não disse que eles fizeram sem razão, mas que a razão indicava um melhor aproveitamento dos recursos. Ou você acha que sujeitos que deslovam pedras pesando toneladas não sabiam que poderiam construir uma casa ao invés de um templo? os nazistas usavam a razão; os comunistas usavam a razão…

            Como você sugere que “O devemos enfatizar a eliminação de crenças unilaterais”? queimar uns padres derrepete? dica: os franceses da revolução já tentaram isso e não funcionou…

    • “Máfia religiosa romana…”
      hahahaha Nick Lauda ateu piadista vai mais rápido para o inferno…
      Assista esta aula dos irmãos Chiocca, e faça uma reflexão sobre o teu atéismo, que em 99% dos casos, é fruto de uma um professor de história marxista e maconheiro…

      youtube.com/watch?v=RMzaxrh-344

      • “hahahaha Nick Lauda ateu piadista vai mais rápido para o inferno…
        Assista esta aula dos irmãos Chiocca, e faça uma reflexão sobre o teu atéismo, que em 99% dos casos, é fruto de uma um professor de história marxista e maconheiro…”

        Que belos argumentos os seus hein, então o sujeito dizer que não acredita em um deus fruto da imaginação de um povo antigo, automaticamente configura que ele foi “doutrinado por um professor de história marxista e maconheiro”.

        Maurício J. é uma prova viva do quão ardilosos os religiosos podem ser em relação a críticas contra suas religiões, lançando acusações contra outros sem mais nem menos, e o mais impressionante é que ele aparentemente é libertário, grupo de indivíduos que dizem defender a liberdade e a ética…

        Muitas vezes já cogitei abandonar o movimento por causa desse tipo de coisa, há tantos libertários que ainda ardilosamente se apegam à crenças ultrapassadas.. Mas o problema não é esse, se você quer tanto crer e comentar sua opinião, deveria pelo menos respeitar a opinião do outro indivíduo.

        • Dizer que 99% dos ateus são fruto de uma educação marxista – chamar professor de história de maconheiro é uma delícia, não é 100%. O que estatisticamente sobra um monte de ateu não infleunciado pelo marxismo. E isso não é argumento, mas a descrição de uma tendência moderna dos indivíduos submetidos ao controle educacional da gangue de ladrões em larga escala estatal.

          Posso te garantir que os ateus tendem a ser mais ardilosos – perigosos, que os religiosos. Gente do tipo de Robespierre, Stalin, Hitler, Mao…

          Pode abandonar o movimento libertário. Vai sobrar o que? defender uma forma amorosa de estado? tem libertário ateu – o Porto, por exemplo -, para tu se juntar. Mas posso te garantir que os mais articulados e consistentes são religiosos: os irmãos Chicca, El patron Anxo Bastos Hurta de Soto entre outros.

          Não respeito opiniões erradas. Isso fere o PNA ou viola alguma lei de propriedade privada? se fere quem vai largar o movimento sou eu…
          Ou vou começar a respeitar a opinião de quem diz que imposto é o preço que pagamos para viver em sociedade…

      • “Claro, se você puder me citar qual religião que existia há 11000 anos para começar… quem me diz que foi voluntário é a antropologia: há 11000 anos os homens era CAÇADORES E COLETORES, sem nenhuma tecnologia. O Egito surgiu 4000 anos depois da construção de Göbekli Tepe – teocracia. Ou seja neste caso nós estaos falando de uma religião de estado, não de um fenômeno voluntário.”

        Bem, essa informação não importa, já que é impossível dizer se os homens fizeram isso de forma totalmente voluntária ou não. Se fizeram, ainda sim eles possuíam uma razão na cabeça deles ao qual fez com ele esses fizessem isso, seja lá porquê queriam criar algo grandioso simplesmente porque não tinham nada de interessante para fazer, seja lá porque eles viam algo de especial nisso, é impossível fazer qualquer qualificação utilizando do senso comum atual

        “Eu não disse que eles fizeram sem razão, mas que a razão indicava um melhor aproveitamento dos recursos. Ou você acha que sujeitos que deslovam pedras pesando toneladas não sabiam que poderiam construir uma casa ao invés de um templo? os nazistas usavam a razão; os comunistas usavam a razão…”

        Sinceramente, me perdoe pelo modo grosso, mas você realmente possuí uma queda pelo nazismo e comunismo, em todo comentário você cita eles… Mas de qualquer jeito, isso não desqualifica a razão e a lógica, eu estou falando sobre crenças unilaterais aqui, e no meu modo de ver a razão e a lógica devem ser usada para refuta-las.

        Além do mais, você diz que a razão indicava um melhor aproveitamento dos recursos, mas quem é você para dizer qual é a melhor forma de se aproveitar qualquer recurso? A razão está do lado de quem a utiliza, e se você utiliza a razão para fazer um ato totalmente injustificado na visão de todos, a razão não está mais com você.

        Um homem matar uma mulher é antiético, mas ele possuía sua própria razão para isso, mas tão logo qualquer um, naquele lugar, aponte que ele não possuía razão em tomar tal atitude absurda, ele deixará de possuir razão, pois a razão é o conjunto de idéias adotadas por indivíduos ou grupo de indivíduos.

        Quando eu falo sobre lógica e razão, eu estou falando sobre a liberdade para tomar qualquer idéia sem se apegar a dogmas. É por meio de debates que descobrimos novas verdades, até porque não existe algo como “verdade absoluta”.

        Religiosos possuem suas próprias razões para acreditar em suas crenças, mas tal razão tende á se tornar em dogma tão longo ela se prolonga, e qualquer um é qualificado para tentar ajudar tais indivíduos á buscar uma nova verdade, desde que não perca a razão cometendo atos considerados injustificados e antiéticos por todos, como “queimar um padre”.

        “Como você sugere que “O devemos enfatizar a eliminação de crenças unilaterais”? queimar uns padres derrepete? dica: os franceses da revolução já tentaram isso e não funcionou…”

        Como eu já repeti diversas vezes, eu enfatizo a busca pelo conhecimento sem o apego á crenças unilaterais, sem apego á “verdade absolutas”, utilizando para isso a lógica e a razão, não sei de onde você tirou que eu quero queimar alguém, pelo jeito está tão sedento para me refutar em nome da sua religião que nem está lendo os meus comentários direito…

        ‘Não respeito opiniões erradas.”

        Se você não respeita opiniões aos quais não concorda, então também não irei respeitar, simples.

      • A ICAR é uma organização terrorista. Veja que você me deseja “ir para o inferno” , uma prisão com tortura sem fim, por causa de “crime de opinião”. Sua religião é imoral, já cometeu vários crimes no passado e atualmente serve a partidos como PT e é um grande aliado da ONU.

    • Nesta obra e em muitos outros livros e artigos Rothbard, que era de família judaica mas era agnóstico, reconhece e nos ensina o quanto a religião é importante para a civilização. E nem toda religião… Em inúmeros exemplos ele demonstra a ligação do catolicismo com a liberdade e com a ciência, como por exemplo ao descobrir os precursores da Escola Austríaca nos escolásticos espanhóis. E em outros inúmeros outros lugares Rothbard demonstra a ligação do protestantismo com o estatismo, como por exemplo quando identifica na visão de mundo protestante a origem dos erros de Adam Smith, que levaram ao advento do comunismo. E nada disso é por acaso. Tudo está ligado a filosofia dessas visões religiosas.

      Hoppe, outro agnóstico, também nos fornece outros muitos exemplos na mesma toada, como quando identifica na Era Medieval católica europeia o que de mais próximo de uma sociedade libertária o mundo já esteve e como quando nos conta a história de que foi a reforma protestante que desencadeou a criação do estado ao destruir essa ordem libertária medieval.

      Quanto a sua fé, tenho certeza que ela é maior que a minha, pois é preciso ter uma enorme fé cega para acreditar em algo completamente impossível e sem sentido como o ateísmo.

      Abs

      • Sim, eu sei muito bem sobre esse posicionamento do Rothbard, e já li muitos textos dele sobre o assunto, e a única conclusão que eu tirei é que ele confundiu muito causa e efeito. Porquê? Deixe-me explicar:

        Eu não nego quanto á questão de diversos escolásticos terem sidos cristãos, mas isso se originava muito mais por causa da grande independência que os religiosos que faziam parte da igreja possuíam. Eles tinham de obedecer ao Papa, mas possuíam alto grau de liberdade para estudarem e buscarem novos conhecimentos, e eu sempre reconheci que pessoas que não precisam se preocupar com o material acabam buscando novos conhecimentos.

        A filosofia moral cristã estava se corrompendo cada vez durante a época medieval, com a igreja católica se agigantando cada vez mais, cobrando suas próprias taxas por toda a Europa.

        Para amortecer os crescentes críticos que vinham surgindo, intelectuais cristãos como os eclesiásticos começaram á propagar suas idéias, e faculdades começaram á surgir, nas quais intelectuais debatiam suas teorias e idéias sem ter qualquer apego amoroso senão com os dogmas da igreja e da Bíblia.

        Alguns desses intelectuais inclusive chegaram a ser perseguidos pela própria igreja, mas ela era muito extensa, e sempre haviam aonde eles irem.

        Esses escolásticos marcaram o início do cientifismo, digo isto porque foi por meio da perseguição de novas idéias que um apego maior dos burocratas por intelectuais começaram a surgir, diversos escolásticos fugiam para o berço de determinados Estados, e foi assim que a igreja começou a se fragmentar.

        Em outras igrejas, como o protestantismo, havia muita concentração de poder nas mãos de uma elite, e eles utilizavam disso para “gadificar” o populacho, fazendo surgir diversos novos intelectuais que criavam teorias em nome do Estado.

        Durante a revolução industrial, sujeitos como Karl Marx brotaram para propagar suas idéias, e positivistas de todos os jeitos começaram á surgir em regiões estatistas.

        Eu nunca neguei nada disso, até porque Rothbard menciona esses fatos muito mais detalhadamente do que eu, mas eu noto que existe uma crença muito ardilosa entre os libertários de que às “palavras de deus” de uma espécie de verdade absoluta, e é isso que eu acho um equívoco.

        Os escolásticos surgiram simplesmente porque o espaço lhes era propício, suas filosofias e teorias brotaram baseadas nos dogmas propagados por meio da Bíblia, e tal resultado não é exclusivo para a religião, mas simplesmente algo que surgiu por meio de dogmas que não eram tão equivocados. Eu já li a bíblia diversas vezes, e concordo com diversos pontos éticos propagadas por ela, então não é surpresa para mim. Mas o que eu enfatizo é uma busca contínua e infinita pela verdade, não concordo com a idéia de que devemos nos acomodar e pensar em certas idéias como dogmas, sempre há o que se melhorar.

        E o problema da Bíblia começa pelo fato de que ela lista diversos dogmas fixos, que às vezes podem ser interpretados á bel prazer por determinados indivíduos. Ou seja, um material como a bíblia pode ser usado para criar leis e proibir pensamentos, e foi exatamente isso que aconteceu durante a teocracia católica, além de muitas outras teocracias antigas ao redor do mundo.

        Pensamentos em base em dogmas podem formar crenças ardilosas, que afetam literalmente qualquer um.

        Basta você criticar a religião, e surgem religiosos ardilosos de todo que é canto para diretamente te criticar, e isso é ainda algo muito mais lamentável vindo de um grupo que se diz libertário.

        Não peço que substituia seus deus pelo ateísmo, eu por exemplo pessoalmente creio em coisas que qualquer um acharia sem noção, e eu não possuo qualquer intenção de sair por aí dizendo-as. Só digo que não deixe dogmas limitar sua busca por conhecimento, e o torna uma pessoa com mente fechada ao ponto de criticar qualquer indivíduo que pense diferente, somos todos seres humanos no final das contas.

      • A minha fé é na razão e no bom senso. A sua fé é numa organização terrorista que saqueou cidades, queimou seres humanos vivos por “crime de opinião”. Organização terrorista esta, que foi fundamental para ascensão do PT no brasil e do comunismo em toda américa latina e que hoje trabalha assiduamente para impor a ONU como poder global.

    • Um pouco exagerado “máfia religiosa”… O trabalho prático desse instituto no Brasil é o maior que eu tenho ciência… Isso realmente importa! A fé de cada um é pessoal…

      • Não é exagerado que os ladrões, assassinos, genocidas, apoiadores do PT ,ONU e toda merda socialista global, são uma máfia. Você passa pano por causa de casos isolados ou de grupelhos católicos que fantasiam uma igreja que só existe na internet quiça em livros. A ICAR, historicamente, é inimiga declarada da liberdade e verdade.

        • Tudo bem… Tem algo de valor no seu raciocínio.

          Agora para e pensa…
          Onde estamos tendo essa discussão?
          Onde existe artigos bons para refletir sobre temas libertários?
          Onde existe tradução de bons livros sobre o tema?

          A minha única resposta no Brasil é nesse instituto.
          Então se tem algo que te incomoda profundamente nele só existe uma saída, criar algo novo e melhor.

          Na minha opinião pessoal, o fato de estarmos tendo essa discussão aberta aqui sem qualquer tipo de censura, e que aqui os artigos atraí pessoas de bom nível intelectual é a maior demonstração que não é uma “mafia religiosa”.

          As pessoas não são perfeitas, não vão concordar em tudo, e existem coisas que simplesmente não existe uma resposta… Temos que aprender a conviver com isso, até para os outros serem mais tolerantes com as nossas imperfeições!

  2. Sim, eu sei muito bem sobre esse posicionamento do Rothbard, e já li muitos textos dele sobre o assunto, e a única conclusão que eu tirei é que ele confundiu muito causa e efeito. Porquê? Deixe-me explicar:

    Eu não nego quanto á questão de diversos escolásticos terem sidos cristãos, mas isso se originava muito mais por causa da grande independência que os religiosos que faziam parte da igreja possuíam. Eles tinham de obedecer ao Papa, mas possuíam alto grau de liberdade para estudarem e buscarem novos conhecimentos, e eu sempre reconheci que pessoas que não precisam se preocupar com o material acabam buscando novos conhecimentos.

    A filosofia moral cristã estava se corrompendo cada vez durante a época medieval, com a igreja católica se agigantando cada vez mais, cobrando suas próprias taxas por toda a Europa.

    Para amortecer os crescentes críticos que vinham surgindo, intelectuais cristãos como os eclesiásticos começaram á propagar suas idéias, e faculdades começaram á surgir, nas quais intelectuais debatiam suas teorias e idéias sem ter qualquer apego amoroso senão com os dogmas da igreja e da Bíblia.

    Alguns desses intelectuais inclusive chegaram a ser perseguidos pela própria igreja, mas ela era muito extensa, e sempre haviam aonde eles irem.

    Esses escolásticos marcaram o início do cientifismo,

    Porém, em outras igrejas, como o protestantismo, havia muita concentração de poder

    Eu nunca neguei

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