Por que confiar (ou não) na vacinação?

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Conversando com amigos meus, aos quais atribuo o título de intelectuais, por serem eles muito amantes do saber, perguntei-lhes se confiavam na vacina, e ambos me responderam que sim. “O que os leva a confiar?”, indaguei. E um deles falou que a resposta a isso seria a mesma indagação feita ao inverso: “Por que não confiar?” Ao que repliquei com razões que me parecem dignas de serem tomadas em consideração, e assim comecei o discurso:

Histórica e sociologicamente, o Estado é uma instituição baseada na força e no domínio. A origem exógena do Estado se dá quando um grupo de conquistadores domina um território e lá impõe suas leis. Ao longo da história e ainda hoje, as atitudes dos governos sempre apontaram para uma expansão do poder, seja pelo controle interno, seja pela anexação de novos territórios. Uma vez que temos uma vasta bibliografia histórica acerca do Poder e seu hábito de contar mentiras, por que lhe dar tamanho crédito e lhe conceder tão ingênua presunção de confiabilidade, dizendo “por que não confiar”?

Quando o Estado criou a educação pública e obrigatória, com o rei Frederico Guilherme I, da Prússia, sua intenção declarada era educar os jovens, mas seu verdadeiro intento era doutriná-los conforme os interesses do poder. O objetivo manifesto da Revolução Francesa era libertar o povo, mas o submeteu a um governo ainda mais autoritário que o precedente. Os governos criam exércitos e sequestram homens em nome da “defesa nacional”, mas fazem guerras para expandir seu império, como é o caso do governo americano, que possui quase mil bases fora do país. O regime de 1964 no Brasil foi instaurado declaradamente para nos proteger do comunismo. A ditadura da Coreia do Norte por certo também visa a proteger seus cidadãos de grandes ameaças externas. A campanha do desarmamento era em prol da paz, e contudo a violência aumentou depois que destruíram as armas. A declaração dos direitos humanos foi escrita em favor de todo o avanço da humanidade, incorporando em seu texto enorme compaixão e benevolência, mas nada melhor contribui para transgressões da propriedade privada e da liberdade individual do que esse documento. Agora, os mesmos governos que envenenam a nossa água dizem que se preocupam com a nossa saúde e querem nos vacinar.

Por causa de considerações como essas é que eu desconfio das medidas e das intenções declaradas dos governos, que sempre vêm acompanhadas de discursos em prol do bem comum. Com efeito, todo avanço ditatorial e toda usurpação da liberdade possuem sempre nobres e afáveis justificativas. É assim que o homem abre mão de sua liberdade – isto é, de sua própria condição de homem – e se mata antes mesmo que algo concreto aconteça. De que adianta permanecer vivo se a única coisa que me resta é obedecer a estranhos? De que me vale a minha saúde, se ela não é mais minha?

Porém, ainda outra consideração existe, de natureza talvez mais simplória, que me faz ter um pé atrás com respeito às vacinas. É que a criação de um tal fabrico, produto de tão fina e complexa tecnologia, leva normalmente dez anos para se finalizar com segurança e êxito, e querem que eu acredite que, em menos de um, fez-se um tão confiável quanto os outros. Será que eu estou sendo matuto? Será que eu deveria confiar mais nos laboratórios financiados pelos governos e pelas grandes indústrias?

Além disso, por que eu acreditaria nos homens que me falam para tomar a vacina se são os mesmos homens que nos falaram sobre a necessidade do uso de máscaras – o que é uma mentira – e a de lockdowns – que é uma mentira ainda pior? Se não acredita em minha palavra, reuni alguns estudos de boa origem que podem convencê-lo.

O New England é uma das mais respeitadas revistas médicas do mundo. Um estudo publicado nela recentemente diz: “A chance de pegar Covid-19 em uma interação passageira em um espaço público é, portanto, mínima. Em muitos casos, o desejo de mascaramento generalizado é uma reação reflexa à ansiedade em relação à pandemia”. E ainda: “também é claro que as máscaras desempenham papéis simbólicos. As máscaras não são apenas ferramentas, mas também talismãs que podem ajudar a aumentar a sensação ‘percebida’ de segurança, bem-estar e confiança dos profissionais de saúde em seus hospitais. Embora essas reações possam não ser estritamente lógicas, todos estamos sujeitos ao medo e à ansiedade, especialmente em tempos de crise. Alguém pode argumentar que o medo e a ansiedade são melhor combatidos com dados e educação do que com uma máscara marginalmente benéfica.”

O Centro de Medicina Baseada em Evidências (CEBM) da Universidade de Oxford também fez um exame de dados e concluiu que: “As máscaras por si sós não têm efeito significativo na interrupção da propagação da DSI ou da gripe na população em geral, nem nos profissionais de saúde”.

Vou mencionar mais um, de outra revista de renome internacional, a Annals of Internal Medicine, que mostra que a taxa de infecção nas pessoas que usavam máscaras era de apenas 0,38% maior do que nas que não usavam (uma diferença não significativa).

Sobre o lockdown, a experiência prática mostra que a Suécia teve uma taxa de mortalidade menor que a maioria na Europa. Na verdade, dois países se saíram melhor que a Suécia nesse período: a Noruega e a Finlândia, que adotaram medidas ainda menos restritivas.

Outros dados recentes mostraram que estados americanos sem lockdown se saíram melhor na pandemia.

Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Stanford concluiu que nenhum benefício pode ser determinado a partir de medidas severas, como ordens de permanência em casa e fechamento de empresas.

Tendo eu então apresentado essas breves e poucas razões para o meu amigo Bruno Buback, introduzindo-o desse modo à discussão que no começo travava com meus amigos, quis ele complementar o que eu disse com um juízo que considero bastante sensato e aplaudível. E ele falou tão bem que convém a nós deixar que fale por último:

Uma questão é… Você confia em Rousseff? Boulos? Crivela? Paes? Hartung? Dória? Em Casagrande? Witzel? Bolsonaro? Lula? Aécio? Temer? No seu prefeito, governador ou presidente favorito? Confia nessas pessoas para tomarem as decisões por você? Confia na profundidade de pesquisa científica que eles realizaram com os próprios olhos para tomarem as decisões no seu lugar? Confia nas conclusões que eles tiveram diante de uma profunda pesquisa científica que fizeram? Ou será que eles podem não ter lido nada, escolhido as pesquisas que lhes agradam ou, se leram alguma coisa, chegaram a conclusões erradas?

Confia no Secretário de Saúde do seu município, que provavelmente é um técnico em enfermagem que puxa votos ou um fisioterapeuta amigo do chefe, mas que não entende nada de gestão em saúde humana? Que entende muito menos sobre estatísticas, pesquisas científicas e infectologia? Muitos mal sabem o português, quiçá pesquisas científicas publicadas em outra língua. Confia nessas pessoas? Que ao longo da faculdade provavelmente não leram mais do que cem páginas por ano?

Qual é o ritual espiritual que é realizado para que essas pessoas assumam poderes divinos e consigam se tornar oniscientes, donos do saber e da razão? Qual a credibilidade das pessoas que estão tomando as decisões por você?

O Estado não é uma nuvem que tudo sabe e tudo vê. O governo é um composto de pessoas (políticos) interessadas em se perpetuar no poder. Não é difícil encontrar coro aos estatistas para dizeremque todas as atitudes dos políticos estão submetidas à “vontade popular”, ou seja, à vontade de quem dá votos e faz mais barulho. E isso não tem nada de virtuoso.

Você depositaria sua vida e sua saúde nas mãos de uma maioria? Nas mãos da vontade popular? Nas mãos de quem dá mais votos ao político? No mesmo sentido, colocaria sua saúde e vida sob a decisão de uma minoria política (muitas vezes iletrada), que está temporariamente no poder?

Se quer tomar a vacina ou deixar de tomá-la, pelo menos faça isso de acordo com seus méritos, com seu conhecimento e com o uso da sua própria razão. Faça suas pesquisas ou pelo menos acredite nas fontes diretas do conhecimento científico. Consulte análises contrárias também. Tome essa decisão baseada em seu próprio critério. Não seja preguiçoso delegando sua vida a quem não vai pagar pelo preço de estar errado.

Por favor, não utilize o critério de confiabilidade no que o Estado disse. Esse sempre foi o pior e continuará sendo o pior critério para justificar alguma decisão (ou aceitação da decisão que tomaram por você). Tome a vacina e assuma as consequências dela e dos riscos que a acompanham. Não tome a vacina e assuma os riscos de não estar imune. Só não espere que políticos decidam isso por você. No final, eles não pagarão o preço por estarem errados, mas serão os primeiros a subir no palco e colocar os louros atrás da orelha se estiverem certos.

 

Escrito em co-autoria com Bruno Buback

3 COMENTÁRIOS

  1. Não tomar uma decisão ou deixar que os outros decidam por você… É uma decisão individual…
    Acreditar no estado e se subjugar a ele… É uma decisão individual…
    O coletivismo e o estado não existem… O que existe são as suas decisões… E as consequências delas…
    Você pode se drogar a vontade com Televisão e Políticos… Porém a natureza não permite ninguém fugir da realidade… E a realidade de cada um nada mais é que o reflexo das suas decisões…
    Excelente artigo….

  2. Muito bom. O problema é que a maioria esmagadora de pessoas que acreditam na eficácia e segurança destas vacinas, não leram sequer um estudo científico em sua vida inteira, e defendem com unhas e dentes a narrativa do Estado, ainda afirma estar do lado da “ciência”. Seria cômico, se não fosse trágico.

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