Por que no socialismo todos morrem de fome?

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Que o socialismo naturalmente mata todos de fome, qualquer pessoa que não vise desconsiderar os fatos históricos sabe. Entretanto, são poucas as que conseguem explicar aprioristicamente o porquê de os recursos serem mal distribuídos (ou, melhor, tampouco produzidos) sob o socialismo.

Ora, ninguém há de negar que um bem (um objeto útil, mais especificamente) é somente produzido porque o trabalhador que despendeu energia física e tempo na sua confecção espera extrair do seu uso ganhos suficientemente compensatórios aos custos envolvidos no processo. O indivíduo, portanto, apenas manterá o seu trabalho enquanto os lucros decorrentes dele forem apreciavelmente superiores aos custos. O que implica que o mesmo indivíduo cessará o seu trabalho a partir do momento em que o esforço necessário ao seu dispêndio exceder os ganhos oriundos da sua consecução.

Por conclusão, quando um indivíduo espera sempre ter seus bens coercitivamente expropriados por outrem, se sente desestimulado ao trabalho (ou seja, à produção) já que o ganho que extrairia do uso deles será, espera-se, anulados via força expropriatória.

A expropriação (estatal), assim, enquanto forma tipicamente soviética de socialização dos bens, incrementa custos totalmente artificiais aos custos naturais do trabalho (entre os quais está a possibilidade de morte, caracteristicamente inerente ao desentendimento quase inescusável das demandas do expropriador, e, com evidência, a necessidade de burlar os braços fiscalizatórios deste para manter um padrão de vida minimamente satisfatório ao atendimento das exigências fisiológicas humanas mais básicas).

Tal expropriação, nota-se, reduz os lucros da produção, uma vez que o produtor, ao qual atribui-se originalmente o logro dos referidos lucros, é, sob conjunturas socialistas, obrigado via coação a reparti-los com um que não participou em absolutamente nada com relação à obtenção dos mesmos (por indução, um não produtor).

O produtor, desse modo, é coativamente compelido a repartir os ganhos provenientes do seu trabalho com um não produtor enquanto tem de arcar com custos artificialmente elevados na proporção das demandas expropriatórias do agente coativo. A expropriação, em vista disso, por acrescer custos totalmente artificiais ao montante natural de custos relativos ao trabalho, e por reduzir forçadamente os lucros da produção com referência ao esforço necessário, desmotiva o produtor a prosseguir com seus ofícios. Ao curso do tempo, sob o socialismo, a produção de qualquer coisa cessará por inteiro, inevitavelmente, posto que os ganhos da produção são expropriados (socializados) muito para além do ponto no qual a atividade não produtiva (parasítica) se torna comparavelmente mais preferível que a produtiva (não parasítica).

Por conseguinte, a longo prazo, se tornará irrevogavelmente inviável até mesmo a existência parasitária do agente expropriador, já que se, afinal, os ganhos da produção são expropriados (socializados) até que a mesma cesse definitivamente por apresentar mais riscos judiciais que resultados reais compensatórios, donde o expropriador extrairá, então, o seu sustento? Em suma: como viverá o parasita ante a ausência do hospedeiro? É o ponto fundamental.

Trocando “expropriador” por “estado” ou “estatal” a conclusão torna-se ainda mais reveladora.

Exemplos são, agora, bem cabíveis. Suponhamos, pois, um regime socialista no qual há um médico, um gari e o leviatã estatal.

Se o médico, por ganhar mais, é, sob tal regime, expropriado até que sua condição econômica seja perfeitamente equiparável à do gari, por que este, então, se esforçará para deixar de ser gari ou se tornar algo mais, uma vez que absolutamente nenhum ganho decorrerá de tal esforço? Ou por que um possível enfermeiro desejará tornar-se médico se não poderá usufruir de um salário alto operando mais complexamente ou alcançando um cargo profissional hierarquicamente mais altivo?

De início, a vida do gari melhorará com significância, ou seja, poderá ser mantida a um alto padrão pelas reservas econômicas do médico; depois, porém, o médico perceberá que, apesar de trabalhar mais complexamente que o gari, terá exatamente o mesmo salário que ele e, em consequência, não mais buscará funções remunerativas, naturalmente complexas, não mais se esforçará para aumentar o volume da sua poupança, visto que não poderá gozar livremente da mesma para além das condições do gari. O médico decide, com isso, parar de trabalhar. Mas, uma vez decidido o médico em cessar terminantemente o seu trabalho, donde, então, o estado leviatânico tirará recursos para alimentar o gari e o ex-médico? Não tirará, eles vão morrer!

Ora, se uma pessoa que meramente finge estar trabalhando, sob o socialismo, tem as mesmíssimas condições de uma que trabalha arduamente, por que esta se manterá produtiva se pode simplesmente não trabalhar e ainda assim subsistir como se estivesse suando em labor? Se, em virtude do ideal igualitarista, se apagam compulsivamente as disparidades econômicas entre quem trabalha de modo árduo e quem finge trabalhar, aquele que antes trabalhava arduamente passará a fingir trabalhar. Se, de fato, absolutamente ninguém se impele à produção em função da nulificação dos seus frutos privativos, quais serão, afinal, os recursos socializados pelo estado? O estado não é o que se mantém pela predação das posses dos que produzem? Se ninguém produz, quais recursos o estado destinará à alimentação do povo? A resposta é um bombástico “nenhum!”.

A fome nada é se não o fruto mais cabal do socialismo.

Daí a morte de milhões e mais milhões na União Soviética e, de forma mais exemplar, na China de Mao Tsé-Tung.

4 COMENTÁRIOS

  1. Na verdade, esses incentivos podem ser criados de maneira fina sob o socialismo. O caso da China é exemplar. O país é comunista – poucas pessoas se dão conta da gravidade disso, e seus incentivos são divididos quase como em uma economia capitalistas, com médicos ganhando mais e garis menos. Esse modelo só funciona com a conivência dos outros países, que fazem de conta que a China é uma social-democracia do tipo européia.

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