6 — A ineficiência da pesquisa militar pelo governo

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Vimos agora que a pesquisa científica geral deve ser deixada para o livre mercado e que as condições da tecnologia moderna não requerem controle governamental ou planejamento da ciência. Pelo contrário. E agora sobre a pesquisa militar? Já dissemos resumidamente que o objetivo em vista é que o governo seja apenas um consumidor de pesquisa militar e não um produtor; que o governo deveria contratar pesquisas científicas em vez de conduzir suas próprias. A confirmação para esta posição vem do importante relatório do Relatório da Força-Tarefa da Comissão Hoover sobre Atividades de Pesquisa.[1] O relatório foi feito por cientistas que eram principalmente conselheiros do Departamento de Defesa e, portanto, não simpatizavam com o Departamento.

A Força-Tarefa descobriu que três quintos dos fundos militares gastos pelo governo em 1955 foram em operações em laboratórios privados. Toda a pesquisa básica do Departamento de Defesa foi realizada em laboratórios privados – uma admissão clara de que os laboratórios do governo não são bons lugares para conduzir pesquisas básicas vitais. A maior parte dessa pesquisa básica é feita em laboratórios de faculdades e universidades, sua casa tradicional. A Força-Tarefa comenta: “Uma vez que existe, em geral, um ambiente e competência inadequada para pesquisa básica em seus laboratórios (Departamento de Defesa), é necessário colocar substancialmente todo esse trabalho nos laboratórios da economia civil.”[2]

Quanto à pesquisa aplicada, dois terços estavam sendo feitos nos laboratórios civis contratados, e a Força-Tarefa recomendou fortemente a transferência da maior parte do terço restante para mãos civis privadas: “Uma grande parte da pesquisa aplicada feita nos laboratórios das forças armadas poderia ser feito de forma mais eficaz nas da economia civil.” Quanto ao desenvolvimento real de produtos, em comparação com a pesquisa, a Força-Tarefa também defende um papel maior para a operação privada. O desenvolvimento ocorre em várias etapas. Há (a) estabelecimento do projeto de armamento. É claro que isso deve ser decidido em última instância pelos funcionários do governo, mas aqui, novamente, os estudos técnicos relacionados ao estabelecimento estão sendo repassados ​​a empreiteiros privados; (b) teste, que obviamente deve ser feito pelo governo – o consumidor; (c) desenvolvimento e design. Essa categoria também absorve dois terços de todos os fundos de P & D do governo; três quartos do trabalho de desenvolvimento e design estavam sendo feitos em laboratórios privados contratados, e um quarto no governo, e ainda assim a Força-Tarefa Hoover declarou: “Talvez metade do trabalho feito nos laboratórios militares possa ser prontamente colocado na economia civil.”[3] (Outras atividades de desenvolvimento são ajudas de desenvolvimento para produtos e desenvolvimento atual, em que há uma atividade considerável por parte do governo).

A avaliação geral da Força-Tarefa: “uma parte considerável do trabalho agora feito nas instalações do Governo deve ser feito na economia civil” – especialmente em pesquisa aplicada e em desenvolvimento e design. Isso seria “colocar o trabalho onde possa ser executado com a maior eficácia”. E a Força-Tarefa expressou preocupação com o fato de que, nos últimos anos, a porcentagem do trabalho de P & D realizado no governo tem aumentado lenta, mas continuamente.

Quais são as razões apresentadas pela Força-Tarefa Hoover para essa relativa ineficiência da pesquisa científica militar do governo? Um dos motivos é o problema salarial. Vimos acima a “escassez” que vem do não pagamento do preço de pelos serviços. A Força-Tarefa descobriu que o pagamento para cientistas do serviço público no Departamento de Defesa não tem sido suficiente para enfrentar a concorrência e que tem havido muito poucos cientistas nomeados nos escalões superiores. Outros problemas são inerentes às operações militares do governo. O sistema de rotação de oficiais militares proíbe o surgimento de uma carreira especializada de longo prazo para oficiais científicos. Conforme a Força Tarefa aponta: […] o alto nível da força de trabalho da organização de pesquisa e desenvolvimento industrial na nação não teria sido alcançado caso a política de recursos humanos para os profissionais contratados fosse equivalente àquela dos serviços militares com relação a seus oficiais técnicos.[4]

Investigando três dos melhores laboratórios da Marinha, a Força-Tarefa encontrou uma “atmosfera” desfavorável de atrito entre o pessoal civil e militar que laboravam juntos, problemas devido a políticas de promoção e remuneração inadequadas do serviço civil e à rápida rotação de oficiais superiores (e aqui podemos enfatizar a recomendação feita acima sobre os cientistas no governo: que se as forças armadas querem bons cientistas, devem pagar salários de mercado, remover restrições indevidas e, ainda, mudar o sistema de serviço civil para permitir maior pagamento por mérito e menos burocracia fixa).

Mas a ineficiência governamental é mais do que essas questões. A Força-Tarefa Hoover fez a pergunta: por que o governo é fraco em todas as pesquisas, desenvolvimento e design, mas é relativamente eficaz em trabalhos como testes e estabelecimento? Porque, responde a Força-Tarefa, “As operações de pesquisa e desenvolvimento são altamente criativas e imaginativas, requerem homens com um tipo especial de qualificação e um alto nível de […] treinamento. A maioria das operações de estabelecimento, colocação e monitoramento de programas e os testes de avaliação são muito menos criativas e mais engenhosas em sua natureza.”[5]

Mas, mesmo nessas últimas tarefas, acrescenta a Força-Tarefa, há muito espaço para melhorias.

A Força-Tarefa considerou a Força Aérea com o melhor histórico em transferências de operações científicas para a economia privada civil, e o Exército, o pior. Mas exigia que até mesmo a Força Aérea fizesse mais para transferir as operações para mãos privadas.

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Notas

[1] Subcomissão da Comissão de Organização do Poder Executivo do Governo, Atividades de Pesquisa no Departamento de Defesa e Agências Relacionadas à Defesa (Washington. DC: abril de 1955).

[2] Ibidem, p. 36

[3] Ibidem, p. 38

[4] Ibidem, p. 44

[5] Ibidem, p. 48

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