A Religião Secular Progressista e o monopólio da benevolência

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Vivemos em tempos sombrios para a liberdade, que há tempos vem sendo diariamente agredida, destroçada, vilipendiada, e gradualmente suplantada pela religião secular progressista. Esse arbitrário e tirânico sistema de crenças, e sua deplorável progênie — a ditadura politicamente correta — tem por ambição viabilizar a eclosão de uma graciosa e resplandecente utopia magnânima de extrema perfeição e felicidade no mundo, dando forma a um projeto político de colossal e cintilante contentamento, satisfação, poliamor e diversidade infinitas. Nessa inenarrável utopia de esplendor e glória, o benfeitor e onipotente estado paternalista vai liderar a humanidade em direção a um futuro promissor, antifascista, anticapitalista, popular e sorridente, para todo o sempre. E assim a humanidade viverá feliz por toda a eternidade.

Essa é a utopia na qual os adeptos da religião progressista depositam a sua fé. E todos aqueles que cometem a terrível blasfêmia de discordar dos seus dogmas sagrados e inflexíveis são classificados como fascistas, misóginos, machistas, sexistas, homofóbicos e assim por diante.

Primeiramente, o que é mais visível na religião progressista é o seu caráter intrinsecamente totalitário — o que fica evidente pela ditadura politicamente correta e a cultura do cancelamento, estabelecida contra artistas, humoristas, atores, cantores e celebridades que não se curvam à tirânica e opressiva cartilha progressista. O modo de agir da polícia do pensamento e a conduta da patrulha ideológica — de ódio virulento e total intolerância contra todos aqueles que não se curvam ao totalitarismo da seita secular progressista — mostram perfeitamente que seus adeptos se consideram membros de uma religião iluminada, a única que pode estabelecer o paraíso na Terra.

Consequentemente, está justificado todo o ódio que a militância manifesta contra pessoas que não são progressistas. Afinal, tratam-se de pessoas vis, que se opõem a uma ideologia “benévola”, “graciosa” e “pura”, que pretende estabelecer uma maravilhosa utopia igualitária na Terra, com o propósito de inaugurar uma nova era de paz, amor, benignidade e ternura no mundo inteiro.

Progressistas possuem uma visão de mundo incrivelmente simplória, incapaz de compreender minimamente as complexidades da realidade e da natureza humana. Progressistas tem uma fé irracional no estado, na classe política e nas instituições republicanas. Para eles, servidores públicos são criaturas abnegadas, altruístas, heroicas e benevolentes, que jamais são movidos por sentimentos negativos, como egoísmo ou interesses escusos.

Isolada em um gracioso mundo utópico de resplandecentes e cintilantes fantasias inocentes e pueris, a militância progressista desconhece inteiramente conceitos como corrupção, suborno ou tráfico de influência. Essas coisas são elementos de ficção, existem apenas nos filmes. Políticos e servidores públicos são criaturas puras, benévolas e incrivelmente generosas, alheias ao mundanismo secular do opressivo sistema capitalista, jamais tendo sido contaminadas por sua sordidez e maledicência. Políticos e servidores públicos são heróis aguerridos e magnânimos, que servem arduamente ao povo e aos interesses coletivos. Portanto, quanto mais poder estiver concentrado no estado, melhor. Assim, o povo ficará mais protegido.

Pode parecer exagero, mas é exatamente assim que militantes progressistas acreditam que funciona o estado. Acham que o estado é um paraíso de benevolência e amor, onde as pessoas mais virtuosas da sociedade estão congregadas, para proteger o povo do fascismo, da homofobia, da misoginia e do preconceito. O estado é uma entidade perfeita, que irradia abnegação, altruísmo e amor ao próximo — sendo a própria personificação da sensibilidade e da benevolência. O estado é simplesmente perfeito. De maneira que é inconcebível que ele venha a falhar ou desapontar o povo.

Tal visão de mundo não é apenas ingênua; ela é ostensivamente fantasiosa, infantil, pueril e saturada de deturpações. Militantes progressistas não possuem nem sequer a mais vaga noção de como o mundo real efetivamente funciona. E infelizmente, não adianta tentar explicar para militantes, de uma forma racional, qual é a verdadeira forma de atuação do estado, que tipo de elementos ele congrega e como ele realmente funciona. Militantes progressistas ficam demasiadamente histéricos e agressivos quando suas ilusões infantis e suas fantasias ideológicas são rechaçadas de forma implacável por fatos e pela realidade.

Mas a infantilidade histriônica da visão de mundo progressista não para por aí. Na verdade, ela não conhece limites. Infelizmente, ela é bem mais simplória do que poderíamos imaginar. Acima de tudo, ela é intolerante — sensível demais a críticas —, e radicalmente binária. Podemos afirmar que, para militantes progressistas, tudo pode ser reduzido a uma batalha do bem contra o mal. E eles representam o bem, é claro. O mal é representado por todos aqueles que não são progressistas.

Para um adepto da seita progressista, se você também é um adepto da seita, então você é uma pessoa do bem (não importa a sua conduta). Mas se você é outra coisa qualquer — digamos, um conservador, um libertário, um liberal clássico, um monarquista, um anarcocapitalista, um livre pensador ou defende qualquer ideia que diverge dos ideais progressistas e de suas ambições de hegemonia absoluta —, então você é uma criatura do mal.

Progressistas acreditam genuinamente que eles possuem o monopólio da bondade, da benevolência e de todas as virtudes. Seguindo essa lógica, portanto, quem não é progressista não pode ser uma boa pessoa. Essa linha de raciocínio fica evidente na conduta intolerante e autoritária da maioria dos militantes progressistas, quando eles têm que lidar com pessoas que defendem outras crenças, filosofias e correntes de pensamento. Militantes se sentem no direito de ser rudes e agressivos quando lidam com pessoas que não são progressistas. Isso é natural. Afinal, como eles ingenuamente acreditam representar o bem — é o que pensa a militância —, eles estão sendo diligentes na defesa de seus ideais quando são hostis com todas as pessoas que, de alguma forma, por divergirem da ideologia progressista, representam o mal.

Podemos até mesmo afirmar que os adeptos da seita progressista realmente acreditam estar em uma cruzada contra o mal (sendo que o mal, para eles, é representado pelo “fascismo”). Eles — os militantes progressistas —, no entanto, são do bem; portanto, todas as pessoas que não são como eles ou que estão abertamente contra eles são seres do mal. Isso nos leva à derradeira conclusão de que militantes progressistas são criaturas terrivelmente infantis, que possuem uma concepção de mundo demasiadamente simplória e reducionista. A ideologia progressista, na verdade, nada mais é que a infantilidade narcisista, o egocentrismo histérico e o medo patológico de pessoas adultas convertidos em uma seita política. Absolutamente nada além disso.

No progressismo, não existem valores concretos. O progressismo é uma seita de destruição do ocidente através da institucionalização da degradação e da degeneração moral, garantidos através da subversão de valores, que é normalizada por meio da política. O progressismo nada mais é do que um ambicioso e corrosivo projeto de destruição. Não busca construir ou edificar, mas arruinar e destruir.

Através da ideologia de gênero, por exemplo, o progressismo busca ativamente destruir pessoas, por incentivá-las e estimulá-las a normalizar suas fantasias patológicas, que em muitos casos são problemas psiquiátricos que não foram devidamente diagnosticados, tampouco tratados. Por essa razão, muitas pessoas — sobretudo os mais jovens; afinal, são os mais suscetíveis à propaganda progressista — acreditam em fantasias como a ideologia de gênero.

Por causa da exposição à influência progressista, muitas pessoas também passaram a se identificar como não-binárias, o que pode ser considerado como uma aberração conceitual (possivelmente derivada de um transtorno mental). Afinal, a realidade objetiva só identifica o masculino e o feminino — ou seja, o macho e a fêmea — na espécie humana, exatamente como ocorre em todas as demais espécies.

Portanto, o que estamos vivenciando atualmente na sociedade é a institucionalização de um grande projeto de imbecilização coletiva e de normalização da irracionalidade. É a consagração cultural da insanidade, da esquizofrenia coletiva e de transtornos psiquiátricos cujos tratamentos foram em sua maioria negligenciados. Em um sistema de drástica e radical inversão de valores, é hostilizado, perseguido e denunciado como intolerante quem fala a verdade e expõe as coisas por aquilo que elas realmente são.

No final do mês de janeiro, diversos veículos midiáticos publicaram matérias falando que aproximadamente 280 menores de idade — 100 crianças de 4 a 12 anos e 180 adolescentes de 13 a 17 anos — estavam em um hospital da USP, realizando transição de gênero. Ou seja, crianças e adolescentes do sexo masculino estão em processo de transição para o sexo feminino, assim como crianças e adolescentes do sexo feminino estão em processo de transição para o sexo masculino.

Na prática, estas crianças e adolescentes estão sendo submetidas a terapias hormonais experimentais, bem como a processos clínicos de deformação e mutilação, que causará em muitos deles traumas psicológicos e sequelas emocionais para o resto da vida. Sem dúvida nenhuma, muitos deles acabarão por tirar a própria vida.

Evidentemente, o que a militância progressista nunca expõe (afinal, isso não é conveniente para a sua reputação política) — e da mesma forma, a mídia corporativa mainstream é cúmplice ao tentar esconder — é a quantidade avassaladora de pessoas que posteriormente se arrependem, e depois fazem um processo de reversão para voltar ao seu sexo de origem. Ou seja, quem era do sexo masculino e fez transição para o feminino, faz uma cirurgia de reversão, e depois se sujeita à terapia hormonal para voltar a ser do sexo masculino. Da mesma forma, quem era do sexo feminino e fez transição para o masculino, executa um processo similar de reversão para voltar a ser do sexo feminino. A grande taxa de suicídios que acomete essas pessoas é, da mesma forma, escondida do grande público.

É evidente que boa parte dessas crianças e adolescentes são coagidos a se sentir de determinada forma pela doutrina progressista, que — através do sistema escolar, da cultura, da televisão e da mídia corporativa — executa um implacável esquema de doutrinação e lavagem cerebral nas gerações mais jovens. Crianças e adolescentes, de uma forma geral, são facilmente impressionáveis e não possuem maturidade, conhecimento ou experiência de vida para escapar das armadilhas da maléfica e perversa ideologia progressista.

Sabemos que o progressismo explora os desejos, as vontades e a indignação das gerações mais jovens, suscitando com astúcia o combustível inflamável da cólera juvenil, fomentando insatisfações que projetam no mundo exterior a culpa por inúmeras frustrações pessoais. Tudo passa a ser culpa do capitalismo e do patriarcado (ironicamente, duas coisas que são totalmente inexistentes no mundo ocidental contemporâneo). Desta forma, discursos que suscitam ou embelezam a loucura — “você pode ser o que você quiser ser, não importa o que o mundo acha, e quem discorda de você é intolerante e está errado” — acabam sendo sedutores e temporariamente parecem ser as respostas para as aflições pessoais de jovens que ainda não se formaram completamente, e nem mesmo entendem como funciona o mundo ao seu redor.

Uma análise profunda — chegando ao nível psicológico —, da seita progressista deixa evidente que o movimento tem por integrantes adultos inseguros e infantilizados, que são reféns de um medo absurdo da vida e da realidade; naturalmente, essas pessoas acabam sentindo a necessidade patológica de serem resguardadas e protegidas pelo estado de todas as agruras e dificuldades da vida. Quando alguém se opõe ao estado, portanto, militantes progressistas se sentem ameaçados, pois encaram como um crime qualquer atitude de oposição ao estado — o seu grande protetor e benfeitor.

O estado é um aspecto central da religião secular progressista. Críticos do progressismo muitas vezes parecem não ter uma noção exata do nível de idolatria e devoção incondicional da militância ao estado. Visto que o estado tem uma função primordial dentro da seita progressista — é uma espécie de deus —, todas as pessoas que rejeitam a tutela e a guarda compulsória do estado paternalista são consideradas uma ameaça pelos integrantes da religião progressista, em virtude do medo que estes sentem de abraçar obrigações e responsabilidades, como o dever de crescer, de agir como adultos produtivos e ter de confrontar a realidade como ela efetivamente se apresenta, sem nenhum verniz de ternura ou segurança.

A verdade é que o mundo lá fora pode ser um lugar terrivelmente assustador e apresentar muitos desafios. Portanto, todas as pessoas que exigem que os adeptos da religião progressista cresçam, assumam responsabilidades, se comportem como adultos e enfrentem a realidade estão ameaçando a sua maior fonte de conforto e refúgio: o estado paternalista — que os resguarda como bebezinhos desprotegidos, que precisam de afeto e segurança. Não há dúvida nenhuma de que muitos militantes progressistas projetam no estado e no governo a mamãe e o papai que eles nunca tiveram.

Em certo sentido, podemos afirmar categoricamente que progressistas são adultos que desejam viver soterrados em uma infância permanente, como eternas criancinhas, sem ter que assumir responsabilidades pela própria existência. Afinal, para que trabalhar, se é possível viver de assistencialismo? Em certos países da Europa, como Alemanha e Suíça, o assistencialismo — ao menos para certas categorias — é superior ao salário padrão de trabalhadores regulares. Então viver do suborno eleitoral do populismo político compensa muito mais do que ser um cidadão ativo e produtivo. Por que trabalhar e produzir, se é possível ser sustentado pelo estado? Muitas vezes, ganhando mais do que ganharia como um trabalhador assalariado.

Para piorar essa situação, certos integrantes da religião progressista genuinamente acreditam que o estado tem o dever de sustentá-los, pois ser ativo e produtivo no mercado de trabalho equivale à “exploração capitalista”. De maneira que militantes progressistas tem inúmeros incentivos ideológicos a seu favor para serem vagabundos desocupados e improdutivos em caráter permanente. Nós é que devemos trabalhar para pagar uma carga tributária excruciante, que por sua vez será revertida nos benefícios assistencialistas que sustentarão os ociosos idiotas úteis progressistas, estas criaturas tão iluminadas e graciosas, que devem ser amadas e sustentadas por nós, meros mortais, tanto quanto devem ser agraciadas e louvadas pelo simples fato de existirem.

No caso da religião secular progressista, a disfunção cognitiva é tão grave que é totalmente infrutífero tentar discutir com um militante, tampouco tentar mostrar ao mesmo como o mundo real efetivamente funciona.

Os adeptos da seita progressista consideram a si mesmos o ápice da benevolência humana, quando — ironicamente —, os militantes são na realidade exatamente o contrário disso. Eles são a favor da caridade, mas unicamente da caridade alheia, aquela que é praticada com dinheiro roubado de terceiros através de impostos excruciantes.

Pergunte a um militante progressista se ele é a favor da sonegação. Então pergunte a ele: por que dar dinheiro ao governo, se podemos dar diretamente aos pobres e aos necessitados? Assim eles receberão recursos diretamente das pessoas, ao invés de ter o estado como intermediário. Afinal, o estado é um intermediário que nunca entrega aos pobres os recursos materiais e financeiros necessários para que estes possam mitigar devidamente a sua miséria, bem como todo o sofrimento causado pelas inúmeras carências que enfrentam.

Nem um pouco surpreso, você vai constatar que o militante progressista não apoia a sonegação, nem mesmo para a prática da caridade direta. Ele quer os recursos dos cidadãos sendo entregues diretamente ao estado, porque mais cedo ou mais tarde, ele vai querer ver esses recursos sendo revertidos em benefícios assistencialistas para ele, dos quais ele vai usufruir. Além do mais, se ele é um artista — um ator, um músico ou algo do tipo —, ele vai querer patrocínio estatal para o projeto artístico que ele está criando. E é bom lembrar que muitos governos municipais tem a sua versão local da Lei Rouanet.

Militantes progressistas acreditam ter o monopólio da benevolência porque eles sofreram uma lavagem cerebral irreversível por parte da religião secular progressista, o que os coloca — via de regra — além de qualquer recuperação moral ou intelectual. De acordo com a sua distorcida e deturpada visão de mundo, eles são justiceiros magnânimos e benevolentes porque lutam contra o fascismo, contra o patriarcado, contra o machismo e contra um monte de outros monstros imaginários. E o estado é a instituição graciosa e aguerrida que irá implantar o paraíso igualitário na Terra, ou algo próximo disso. Tudo o que é necessário fazer para estabelecer esse paraíso é eliminar os opositores, e erradicar a extrema direita, o negacionismo, o anticomunismo e o livre mercado.

Depois que todos os obstáculos forem eliminados, o paraíso igualitário irá eclodir, e ninguém mais será explorado pelo capitalismo opressivo e selvagem. O estado vai dar comidinha na boca de todo mundo, e picanha será entregue gratuitamente toda a semana na porta da casa de todas as pessoas. É só não desistir da luta política. O paraíso igualitário socialista — belo, formoso e resplandecente — está logo ali, a um passo de ser concretizado. É só regulamentar as redes sociais primeiro.

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