Bill Gates e sua confusa batalha contra os vírus

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Em uma entrevista surpreendente, Bill Gates disse o seguinte: “Não tínhamos vacinas que bloqueiem a transmissão. Temos vacinas que ajudam na sua saúde, mas reduzem apenas um pouco a transmissão. Precisamos de novas formas de vacinar.”

É estranho como ele fala de medicamentos como se fossem softwares. Experimente, observe como funciona. Quando você encontrar um problema, coloque os técnicos para trabalhar. Cada nova iteração é um experimento. Grátis para experimentar até que você finalmente compre. Certamente, com o tempo, encontraremos a resposta para o problema de bloquear ou eliminar os patógenos.

Programas. Hardware. Aplicativos. Assinaturas! É assim que ele pensa, como se o corpo humano e sua dança mortal com os vírus fossem um problema recente e estivéssemos apenas no início de encontrar soluções, sem perceber que esta realidade esteve presente por toda a existência humana e que nós tivemos um tremendo sucesso no decorrer do século XX, minimizando os resultados patogênicos ruins sem sua orientação e caridade.

Essencialmente, ele promoveu por muito tempo a ideia de que a práxis tradicional de saúde pública pertencia a era analógica; na era digital, precisamos de planejamento governamental, tecnologia avançada, vigilância em massa e a capacidade de controlar seres humanos da mesma forma que uma empresa de software gerencia computadores pessoais.

A maioria das pessoas não tem ideia de como uma pessoa tão rica e inteligente pode ser tão obtusa em questões essenciais de biologia celular complexa. Hackear o corpo humano, melhorando-o com uploads e downloads, é certamente um desafio mais sinistro do que inventar e gerenciar computadores feitos pelo homem. Portanto, aqui tento apresentar as razões para a maneira de pensar de Gates.

As deficiências relativas desta vacina para impedir a infecção e transmissão são agora bem conhecidas. Há alguma razão para acreditar que elas fazem o mínimo pelo menos para a população vulnerável. O que podemos fazer com a declaração incidental de Gates: “Precisamos de uma nova forma de vacinar”?

Vamos viajar no tempo para examinar sua carreira na Microsoft e como ele conduziu a criação do sistema operacional Windows. No início da década de 1990, ele era considerado o gênio essencial por traz do computador pessoal. No entanto, as considerações de segurança contra vírus não faziam parte de seu design, simplesmente porque poucas pessoas estavam usando a Internet, então o nível de ameaça era baixo. O navegador não foi inventado até 1995. A segurança de computadores pessoais não era realmente uma questão com a qual a Microsoft havia lidado.

A negligência dessa consideração se transformou em um desastre. No início dos anos 2000, havia milhares de versões de malware (também chamadas de bugs) circulando pela Internet e infectando computadores com Windows em todo o mundo. Eles fritaram discos rígidos. Eles sugaram dados. Eles forçaram anúncios nos usuários. Eles invadiram seu espaço com pop-ups estranhos. Eles estavam destruindo a experiência do usuário e ameaçando o futuro de todo um setor.

O problema do malware foi apelidado de vírus. Foi uma metáfora. Irreal. Não está claro se Gates realmente entendeu isso. Os vírus de computador não se parecem em nada com os vírus biológicos. Para manter um disco rígido limpo e funcionando, você deseja evitar e bloquear um vírus de computador a todo custo. Qualquer exposição é má exposição. A correção é sempre evitar até a erradicação.

Com os vírus biológicos, evoluímos para enfrentá-los por meio da exposição e permitir que nosso sistema imunológico se desenvolva para enfrentá-los. Um corpo que bloqueia todos os patógenos sem imunidade é um corpo fraco que morrerá na primeira exposição, o que certamente acontecerá em algum momento da sociedade moderna. Um sistema imunológico que enfrenta a maioria dos vírus e se recupera fica mais forte. Essa é uma diferença gigantesca que Gates nunca entendeu.

Independentemente disso, o advento do exército de patógenos de computador ameaçou fundamentalmente sua mais orgulhosa realização. A Microsoft procurou freneticamente por uma solução, mas a criatividade do exército do malware avançou muito rápido para seus engenheiros.

Outros perceberam uma oportunidade. As empresas especializadas em software antivírus têm feito negócios desde a década de 1990, mas se tornaram mais sofisticadas no início dos anos 2000. Depois que a Internet se tornou rápida o suficiente, esses pacotes de software podem ser atualizados diariamente. Havia empresas cada vez mais novas, cada uma com um método diferente e um modelo de marketing e precificação diferente.

Eventualmente, o problema foi resolvido principalmente no computador pessoal, mas demorou dez anos. Mesmo agora, os produtos da Microsoft são menos protegidos do que os da Apple, e a Microsoft ainda não chegou perto de mitigar o problema de spam em seu próprio cliente de e-mail nativo.

Em suma, manter os vírus longe dos computadores constitui a maior luta profissional na vida de Gates. A lição que ele aprendeu foi que o bloqueio e a erradicação de patógenos sempre foram o caminho a seguir. O que ele nunca realmente entendeu é que a palavra vírus era meramente uma metáfora para código de computador intruso e indesejado. A analogia não funciona na vida real.

Depois de finalmente se afastar das operações da Microsoft, Gates começou a se envolver em outras áreas, como os novos-ricos costumam fazer. Eles frequentemente consideram-se especialmente competentes para enfrentar desafios nos quais outros falharam simplesmente por causa de seus sucessos profissionais. Além disso, neste ponto de sua carreira, ele estava cercado apenas por bajuladores que não ousariam contraria-lo.

E em que assunto ele se dedicou? Ele faria com o mundo dos patógenos o que fez na Microsoft: iria eliminá-los! Ele começou com a malária e outros problemas e eventualmente decidiu enfrentar todos eles. E qual foi a solução dele? Claro: software antivírus. O que é aquilo? São vacinas. Seu corpo é o disco rígido que ele salvaria com sua solução em estilo de software.

No início da pandemia, observei que Gates pressionava fortemente por lockdowns. Sua fundação agora financiava laboratórios de pesquisa em todo o mundo com bilhões de dólares, além de universidades e bolsas diretas para cientistas. Ele também estava investindo pesadamente em empresas de vacinas.

No início da pandemia, para ter uma ideia das opiniões de Gates, eu assisti suas palestras TED. Comecei a perceber algo surpreendente. Ele sabia muito menos do que qualquer um poderia descobrir lendo um livro sobre biologia celular da Amazon. Ele não conseguia nem dar uma explicação básica de nível de 9ª série sobre os vírus e sua interação com o corpo humano. E, no entanto, ali estava ele ensinando ao mundo sobre o patógeno vindouro e o que deveria ser feito a respeito. Sua resposta é sempre a mesma: mais vigilância, mais controle, mais tecnologia.

Depois de compreender a simplicidade de suas confusões centrais, tudo o mais que ele diz faz sentido do seu ponto de vista. Ele parece estar eternamente preso à falácia de que o ser humano é a engrenagem de uma máquina massiva chamada sociedade, que clama para que sua liderança gerencial e tecnológica se aprimore até o ponto da perfeição operacional.

Os ricos, seus fingimentos, suas influências: às vezes charmosos, às vezes benéficos, às vezes profundamente maliciosos. A influência de Gates sobre a epidemiologia tem sido tremendamente nociva, mas não está claro se ele sabe disso. Na verdade, eu não acho que ele saiba. De certa forma, isso é ainda mais perigoso.

Os leitores podem apressar-se em apontar que Gates se beneficiou enormemente com os lockdowns e decretos de vacinas, tanto vendo sua ex-empresa crescer para um tamanho enorme quanto com sua participação acionária em fabricantes de vacinas. Portanto, sim, sua ignorância foi generosamente recompensada. Quanto à sua influência no mundo, a história provavelmente não perdoará.

 

Artigo original aqui

5 COMENTÁRIOS

  1. Um aspecto que vale a pena chamar atenção. É que o código aberto sempre entregou produtos de melhor qualidade.

    O sistema operacional Linux ele dominou todo o mercado de servidores, sistemas embarcados, super computadores, universidades, etc.

    O único lugar que ele perdeu para o Windows foi no computador pessoal exatamente por já vir instalado e o usuário médio não ser capaz de trocar o sistema operacional da sua máquina.

    Uma coisa curiosa no Linux é que eu uso ele há mais de 10 anos e nunca utilizei anti-vírus e nunca tive problemas com vírus. E ai vem na minha opinião a explicação econômica:

    Os vírus de computador são um mercado, existem vírus que são divulgados na internet cada vez mais sofisticados, porém o código aberto também é um mercado, e existem patches de atualizações diarios com a colaboração de pessoas no mundo todo. Sem dúvidas um PC Linux atualizado é mais seguro que um Windows com o anti-vírus mais caro!

    Para combater o mercado descentralizado de vírus só é possível via o mercado descentralizado do código aberto, qualquer empresa por mais poderosa que seja é pequena diante de um mercado!

    E a lição do open source é também uma lição que custou caro para a Microsoft, seu modelo de venda de software foi totalmente questionado, e empresas como Facebook e Google conseguiram através de projetos open source entregar produtos de qualidade extremamente superior pelo simples fato de serem open source.

    Exemplos disso são o browser chromium que é a base open source do google chrome, que é um browser de qualidade infinitamente superior ao Internet Explorer que já está sendo descontinuado!

    E o android que é o sistema operacional mais usado em celulares que é baseado em Linux! Eu nunca vi alguém com um windows fone!

    E a Microsoft teve que comprar o github para tentar a qualquer custo entrar no mercado open source! E os produtos open source da Microsoft são de excelente qualidade. Como por exemplo o editor de texto Visual Studio Code.

  2. E os libertários? O que tem com isso?

    Na minha opinião pessoal qualquer tentativa individual de bater de frente com o estado é pequena! Pois o estado seria equivalente ao mercado de vírus de computadores (aliás existem fortes evidências que a grande maioria dos vírus de computadores são financiados por agências governamentais).

    E os libertários equivalente uma empresa honesta tentando defender seu produto dos vírus!

    Porém para vc se defender de vírus apenas a colaboração open source se mostrou eficiente no mercado de software!

    A vaidade, o ego, a crença em líderes políticos e autoridades claramente tem se mostrado uma aposta fracassada no movimento open source!

    Agora Hoppe nos ensinou que devemos nos afastar da política e atacar a opinião pública! Porém o método de trabalho existe e já é um método vencedor: o software open source representado pelo linux, mozilla firefox, apache, git, e uma série de pordutos extremamente bem estabelecidos e de qualidade infinitamente superior aos seus concorrentes de código fechado!

    Basta os libertários jogarem fora qualquer aspiração de fama que toca seus corações, levarem sua humildade no limite e absorverem as lições de um mercado vencedor, o mercado open source! Mostrando sua capacidade de análise econômica e dando o exemplo que são capazes de aprender coisas novas! Pois só assim estarão em posição de passar valores libertários para as pessoas!

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