Entendendo, e lamentando, a Alemanha contemporânea: Parte II: Alemanha, EUA/OTAN, Rússia e Ucrânia

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[Discurso proferido na 16ª Reunião Anual da Property and Freedom Society, Bodrum, Turquia, 18 de setembro de 2022. A Parte I pode ser lida aqui]

A guerra na Ucrânia é a tentativa mais recente, dramática e violenta de avançar ainda mais na globalização, centralização e imperialismo. O resultado ainda é muito incerto. É também a mais recente demonstração das elites globais para mostrar, em particular a Alemanha, (mas também a Europa Ocidental e a UE) quem manda. Para isto eles contam com o apoio de colaboradores e traidores alemães elitistas.

Para começar, deixe-me fazer uma breve observação geral sobre a guerra: em conflitos violentos entre indivíduos ou gangues de rua rivais, normalmente podemos distinguir claramente o agressor da vítima, a violência agressiva da violência defensiva, o mal e o culpado do bem e do inocente. Isso é impossível, no entanto, no caso de guerra ou violência interestatal: porque todos os Estados são agressores e bandidos operando esquemas de proteção como das máfias, que conduzem sua operação, seja ofensiva ou defensiva, com meios, armas e finanças roubados de suas próprias populações “protegidas” – basta pensar nas gangues da máfia tentando ampliar seu território ou área, ou se defendendo e se protegendo de tais tentativas de outra gangue.

Isso me leva ao seguinte primeiro veredicto ou julgamento sobre a guerra atual: todos, Biden, Putin, Zelensky, Johnson, Scholz, Macron, von der Leyen, etc., de fato, todos os envolvidos ou implicados na guerra com meios ou materiais que não sejam seus próprios é um malvado belicista, e todos eles merecem apodrecer na cadeia como cúmplices da morte e destruição. Isso somado às agressões cometidas contra suas próprias vítimas-residentes domésticas.

Mas isso não exclui julgar ou comparar a culpa relativa das gangues beligerantes na guerra atual. E aqui chego a um veredicto bastante claro.

Não é Putin e sua gangue que pretende dominar o mundo, e que organizou golpes e tropas estacionadas no Canadá ou no México para cercar e representar um perigo para a gangue que governa os EUA – para isto, a Rússia é muito irrelevante economicamente. A Rússia se contentava em manter o controle sobre o que tinha (e não ficar cada vez mais dependente da vizinha China, economicamente cada vez mais poderosa).

São as gangues dominantes dos EUA, em cooperação com suas cadelinhas europeias, que buscaram e estão buscando esse objetivo de dominação mundial, e que disseram que fariam isso. Eles cercaram a Rússia de Putin – que considera os EUA/EU/Ocidente como decadentes e resistiu às tentativas ocidentais de infiltração econômica e cultural – com tropas dos EUA (OTAN) em sua vizinhança imediata.

Os EUA e a Ucrânia estão separados pelo Oceano Atlântico e a distância entre Washington DC e Kyiv é de quase 8.000 quilômetros. Por outro lado, a Ucrânia é um ex-membro do SU e tem uma fronteira direta com a Rússia com mais de 2.000 quilômetros de extensão.

Aliás, essas observações também devem ser suficientes para contrariar a afirmação implícita promovida por alguns autodeclarados libertários com sua pergunta retórica “você não preferiria viver nos EUA ou na Alemanha em vez da Rússia?” A nossa simpatia não deveria, então, estar com os EUA e a Alemanha, e não com a Rússia? E não deveríamos então esperar um sucesso do “nosso” lado em vez da Rússia, qualquer que seja o “sucesso” que se suponha nas atuais circunstâncias?”

Aqui está minha breve réplica: não é Putin que está tomando nossa propriedade e nossas liberdades. E, independentemente do resultado final da guerra atual, com toda a probabilidade não será Putin quem as tomará no futuro. São nossas gangues dominantes que nos roubam e nos escravizam, que já intensificaram esta tomada, e isso certamente nos reprimirá ainda mais se “ganharem”, mas quem sofreriam um grande revés em sua marcha em direção a dominação totalitária se eles “perderem”.

De qualquer forma, não é de surpreender que Moscou considere a expansão da gangue hostil que governa Washington até a Ucrânia como uma ameaça ou provocação. Putin disse isso repetidamente e alertou contra tais tentativas. Em vez disso, Moscou exigiu que a Ucrânia permanecesse neutra e não se juntasse à OTAN ou à UE. Isso parece um pedido eminentemente razoável. A Suíça também é neutra e é o país mais rico de toda a Europa.

Mas os neoconservadores que comandavam o show nos Estados Unidos não eram receptivos à razão. Apesar das advertências de Putin, eles organizaram um golpe – uma de suas infames revoluções coloridas – e ajudaram a instalar uma gangue pró-OTAN/UE e anti-Rússia – com o atual líder de gangue ou fantoche Zelensky – e começaram a armar e treinar seus militares. Eles ignoraram ou até apoiaram secretamente os ataques militares de brigadas ultranacionalistas/banderistas desde 2014 em suas duas províncias mais orientais, predominantemente russas, que buscavam algum tipo de status de autonomia (especialmente depois que o russo foi proibido como segunda língua oficial).

Diante desse pano de fundo, parece absurdo e desprovido de qualquer senso de proporção declarar Putin e a Rússia os principais ou mesmo os únicos culpados no desastre atual, apenas porque ele disparou o primeiro tiro. Em vez disso, o principal culpado é a gangue dominante em Washington: porque ela poderia facilmente ter evitado o massacre e a destruição atuais simplesmente dizendo a seu cachorrinho ucraniano, o palhaço Zelensky, para aceitar a neutralidade e conceder algum grau de autonomia à região de Donbass.

Como cadelinhas americanas que são, eles teriam cedido imediatamente. Mas os EUA não o fizeram e, mesmo agora, os EUA poderiam acabar com a guerra imediatamente, se apenas dissessem a Zelensky e sua gangue que a guerra havia acabado e todo o apoio ocidental terminaria amanhã.

Mas não, não há nada disso. EUA/OTAN não se envolveram diretamente na guerra, afinal a Rússia é uma potência atômica, e por que arriscar vidas americanas (principalmente após o recente desastre no Afeganistão). Em vez disso, eles impuseram as mais sérias e drásticas sanções econômicas e financeiras, boicotes e embargos à Rússia. Congelaram e expropriaram os bens russos no Ocidente e forneceram armas à Ucrânia para continuar e prolongar a guerra e impedir quaisquer negociações de paz. Eles deixaram a Ucrânia ser destruída e os ucranianos morrerem e serem sacrificados, contanto que isso simplesmente levasse a um enfraquecimento do poder russo, enquanto reivindicavam a superioridade moral para eles, é claro.

As elites políticas de toda a Europa, incluindo até países supostamente neutros, como Suíça e Áustria, seguiram as ordens dos EUA à risca. Eles até tentaram superar uns aos outros em sua ânsia de supostamente ajudar no envio de dinheiro e armas para os líderes de gangues do governo ucraniano, enquanto na verdade matavam cada vez mais pessoas – tanto quanto se pode esperar de um bando de cachorrinhos de colo servis.

Quanto à Alemanha em particular: ela tinha os laços econômicos mais próximos com a Rússia. A Rússia é seu principal fornecedor de petróleo, gás e outras matérias-primas. Através de vários oleodutos, a Rússia e a Alemanha estão direta e fisicamente conectadas. A Alemanha é o principal investidor estrangeiro e produtor-fabricante na Rússia. E assim, ninguém foi mais atingido pelas sanções e embargos impostos pelos EUA e pela UE à Rússia do que a Alemanha.

Curiosamente, essas estreitas relações alemãs com a Rússia, em particular a dependência alemã do petróleo e do gás russos, basearam-se na simples economia: eram mais baratas lá do que em outros lugares, e nenhum partido alemão até então tinha algo contra essas relações. Agora, de repente, tudo isso foi declarado uma impossibilidade definitiva, um erro imperdoável.

E, enquanto isso, a aposentada Merkel, que até apenas um ano atrás havia sido saudada quase unanimemente pela elite dominante e pela grande mídia como a maior dos políticos alemães – se não do mundo inteiro – foi subitamente atacada cada vez mais, inclusive por seus próprios líderes partidários.

O número de oleodutos russos durante seu mandato não aumentou significativamente? Ela não falava russo e não havia encontrado Putin muitas vezes? Ela não trabalhava para a Stasi, mas talvez também para a KGB? E não foi ela que, com enorme apoio, em particular dos Verdes, fechou todos os reatores atômicos na Alemanha e, assim, aumentou a dependência energética alemã da Rússia?

De qualquer forma, com o Ocidente já à beira do desastre econômico, depressão e estagflação devido à expansão monetária sem paralelo do FED e do BCE, e ainda mais agravada pela destruição econômica causada pelo lockdown pandêmico, o mercado de ações despencou, o os preços dos bens de consumo subiram a uma taxa sem precedentes, e a escassez de bens básicos voltou à cena. E o público alemão foi informado por seus brilhantes líderes que eles tinham que apertar o cinto e se preparar para passarem frio durante o próximo inverno, para ajudar a gangue de Zelensky a se manter aquecida e continuar sacrificando sua própria população.

Além disso, as medidas ocidentais tomadas contra a Rússia tiveram algumas consequências geopolíticas e estratégicas importantes.

Sem dúvida, as medidas prejudicaram a economia russa, mas como principal fornecedor mundial de energia e matérias-primas, a Rússia conseguiu reorganizar suas rotas comerciais: para o fluxo de petróleo, gás, trigo, etc. havia compradores ávidos (China, Índia, etc.). Afinal, o mundo fora do Ocidente é muito maior do que o próprio Ocidente. O rublo subiu em relação ao dólar e a Alemanha pareceu ser muito mais atingida pelas sanções do que a própria Rússia sancionada.

No entanto, do ponto de vista dos estrategistas neoconservadores dos EUA/OTAN, o dano econômico produzido, causado e gerado pelas sanções em toda a Europa, mas em particular na Alemanha, também teve alguns efeitos colaterais muito bem-vindos.

É verdade que as medidas tomadas também tiveram algumas repercussões econômicas negativas nos EUA. Mas, no geral, o poder econômico da Europa e da UE, e em particular da Alemanha, foi sistematicamente enfraquecido em relação ao dos EUA. A dependência europeia e especialmente alemã dos EUA foi aumentada. Era preciso comprar petróleo, gás, etc. agora a preços muito mais altos dos EUA, e não da Rússia. E o rearmamento militar maciço em toda a Europa, e novamente especialmente na Alemanha, que foi solicitado em conjunto com as medidas anti-russas beneficiariam principalmente os EUA, como o principal fabricante de armas do mundo, e os melhores amigos e apoiadores dos neoconservadores.

Com este resultado, os EUA cumpriram um importante objetivo geoestratégico. Pois, de acordo com uma escola de pensamento geopolítico altamente influente, que vai de Halford Mackinder no início do século XX a Brzezinski em nosso tempo, quem quer que, qualquer poder ou potências, alcançasse o domínio do continente euro-asiático, o centro nevrálgico do mundo, desse modo, essencialmente, indiretamente alcançaria o domínio sobre o resto do mundo também. E para evitar que isso aconteça e para preservar a supremacia anglo-americana, qualquer poder desse tipo teve que ser impedido de emergir.

E o único perigo, a única ameaça potencial nesse sentido à supremacia dos EUA viria ou poderia vir de uma aliança entre a Alemanha e a Rússia, que, portanto, deveria ser solapada por todos os meios.

E isso, de fato, foi realizado pela guerra na Ucrânia e suas consequências políticas. Não havia perigo de uma aliança ou cooperação entre a Rússia e a Alemanha (como seria economicamente sensato e vantajoso para ambas as partes!) no futuro próximo.

Essa vitória da antiga aliança anglo-americana também pode explicar a atitude extra-beligerante de Johnson.

Entre a grande mídia e as elites políticas alemãs corruptas, vítimas de lavagem cerebral e estupidificadas, não houve, sem surpresa, nenhum reconhecimento ou consciência de nada disso. E se alguém mencionou ou insinuou isso, ele foi denunciado como um teórico da conspiração.

Em vez disso, para distrair, pacificar e consolar o público das dificuldades econômicas que eles devem sofrer, como consequência de a Alemanha ter recebido ordens e seguido a liderança dos EUA, dos super-líderes das gangues, a elite política e a grande mídia na Alemanha estão, engajadas, quase em uníssono, em uma campanha aberta de “ódio a Rússia e a todos os russos e a tudo que seja russo”.

É claro que eu já tinha lido e ouvido falar de campanhas de ódio semelhantes, aqui ou ali. Historicamente, elas não são novidade. Mas eu nunca tinha vivido pessoalmente algo assim. Fiquei chocado e revoltado com o que estava acontecendo.

Os produtos fabricados na Rússia foram retirados das prateleiras das lojas e os ingredientes, condimentos, bebidas e pratos com nomes russos foram renomeados. Restaurantes se recusaram a servir russos. Propriedades de proprietários russos foram expostas por vizinhos e denunciadas às autoridades para possível confisco. Apresentações de música e balé russos foram canceladas. A literatura russa foi retirada de vários currículos. Os convites permanentes para atletas, artistas, acadêmicos e clubes e associações cívicas russos foram revogados. O maestro-chefe da Filarmônica de Munique, o russo Valery Gergiev, foi demitido porque não condenou Putin imediatamente. E todos os compromissos da cantora de ópera mundialmente famosa Anna Netrebko foram cancelados, porque uma vez ela disse algumas coisas boas sobre Putin e apertou sua mão repetidamente.

Basta comparar isso com a reação do público em resposta às guerras conduzidas por Clinton, Bush, Obama ou Biden.

De qualquer forma, essa histeria anti-russa foi o resultado de uma propaganda/mentira escandalosamente unilateral, de fato viciosa e desonesta, espalhada pelas elites políticas alemãs e pela grande mídia, com os Verdes, agora parte do governo alemão, liderando.

Tendo começado uma vez como uma espécie de pacifistas do tipo “faça amor, não faça guerra” e proponentes do desarmamento universal, mas depois cuidadosamente rastreados, selecionados e cortejados pelos vários grupos elitistas internacionalistas mencionados anteriormente (FEM, Bilderberger, etc.), a liderança verde havia se transformado nos belicistas mais beligerantes, dementes e delirantes, de forma mais acentuada do que qualquer outro partido. O partido mais moderado dentro do grande coro alemão de belicistas é o SPD.

Putin foi apresentado na mídia como um déspota enlouquecido, representando o maior perigo para a paz mundial. Seu ataque à Ucrânia em particular não deveria possuir qualquer justificativa. Dizia-se que ele era a expressão de pura luxúria de poder e ambições imperialistas. Raramente ou nunca houve qualquer menção à pré-história da guerra. E falar de provocações EUA/OTAN era um anátema. A Ucrânia foi retratada como uma parte completamente inocente, uma virgem estuprada por uma Rússia totalmente maligna.

Também não houve menção ao fato de que, independentemente do que se possa pensar sobre a guerra, a Ucrânia não era membro da OTAN nem da UE e, portanto, a Rússia não havia iniciado ou declarado guerra contra a OTAN ou a UE … de fato, no que diz respeito aos países da OTAN e da UE, a Rússia estava em total conformidade com todos os acordos bilaterais ou multilaterais e disposta a cumprir todas as obrigações contratuais relativas à entrega de petróleo, gás, carvão, etc. etc.

Ao contrário: a guerra foi essencialmente declarada pelos EUA e seus vassalos contra a Rússia, em virtude de suas sanções e embargos e suas entregas de armas e equipamentos militares à Ucrânia (mesmo desconsiderando o fato de que nenhum soldado foi enviado).

E as consequências econômicas, as dificuldades sofridas na Alemanha e na Europa como resultado dessas medidas, então, são exclusivamente culpa do Ocidente. Mas houve nenhuma palavra sobre isso.

Então: no que diz respeito à condução da guerra em si: Nunca houve uma guerra sem destruição, morte e atrocidades. E certamente não é minha intenção menosprezar os crimes cometidos pela Rússia. Dia após dia, a mídia ocidental relatou sobre eles longamente e aparentemente com entusiasmo.

No entanto, em todas as suas reportagens, a mídia alemã sempre seguiu estritamente a narrativa contada pela gangue do governo ucraniano, de Zelensky e seus especialistas parciais, e raramente ou nunca a veracidade dessa narrativa foi examinada ou colocada em dúvida, como é especialmente necessário em toda e qualquer guerra.

A afirmação de Zelensky, por exemplo, de que a Rússia estava envolvida em algum tipo de genocídio, foi repetida várias vezes na mídia ocidental sem qualquer repreensão, embora fosse obviamente falsa. Se a Rússia tivesse conduzido sua guerra contra a Ucrânia da mesma forma que os EUA conduziram sua guerra contra o Iraque, por exemplo, poderia facilmente ter bombardeado Kyiv, Odessa e Lemberg (Lwiw) até o chão e transformado todos em escombros, com centenas de milhares de vítimas civis.

Mas, ao contrário dos EUA no Iraque, que fizeram exatamente isso, a Rússia realmente tentou minimizar as baixas civis e não combatentes e restringir seus ataques a alvos militares. No entanto, essas tentativas foram muito viciadas, solapadas e neutralizadas pelas ordens militares da gangue de Zelensky de tomar sua própria população civil como refém, para ser usada como escudo humano e para se retirar e se esconder em instalações civis, como escolas e hospitais, por exemplo, de modo a maximizar a indignação ocidental sobre a barbárie russa.

Além disso, a acusação de Zelensky de genocídio russo cometido contra ucranianos é demonstrada como sendo claramente absurda, porque a maioria das operações de combate ocorreu na região de Donbas, onde em grande parte se fala russo e que havia declarado sua secessão e independência da Ucrânia. E lá, o próprio exército ucraniano estava ocupado em matar outros ucranianos, uma forma bastante estranha de genocídio.

Durante todo o tempo a mídia difamou, denunciou e condenou a Rússia e, em particular, Putin. A mesma mídia na Alemanha (e em outras partes do Ocidente) elogiou e louvou a Ucrânia e Zelensky. E isso apesar do fato de que a mesma mídia, apenas alguns anos atrás, apresentou uma imagem muito diferente deles. Mas aparentemente você sempre pode confiar no fato de que a memória histórica da maioria das pessoas não remonta mais do que algumas semanas ou meses.

A Ucrânia era agora apresentada como um bastião do Ocidente e dos valores ocidentais. E o que é que isso signifique hoje em dia, a não ser a adoção do culto de gênero, anti-racismo, anti-discriminação e LBGQT? Na verdade, na melhor das hipóteses, partes do oeste da Ucrânia, que há muito faziam parte do império austro-húngaro ou da Polônia, poderiam ser descritas como algo ocidentalizadas.

Também, que a Ucrânia foi classificada entre os países mais corruptos do mundo, no entanto, em pé de igualdade com a Rússia ou ainda pior, não foi mais digno de menção.

Nem valeu a pena mencionar na mídia que a Ucrânia era um caso econômico perdido. De fato, desde a independência da Ucrânia, há cerca de 30 anos, seu desempenho econômico foi o pior de todas as ex-repúblicas soviéticas e países satélites. O PIB per capita ucraniano era apenas cerca de um terço do da Rússia. Ela classificou-se bem abaixo da Bulgária, o mais pobre da UE, e foi até superado pela Albânia. Hurrah, havia outro cliente em potencial para o tesoureiro alemão.

Quanto ao palhaço judeu profissional Zelensky, a mídia o apresentou como um salvador e herói, uma figura quase semelhante a Jesus. Ele teve tempo quase ilimitado para mostrar suas habilidades de atuação na TV ocidental, em todos os tipos de lugares e ocasiões, incluindo o festival de cinema de Cannes.

A maioria dos líderes de gangues governamentais ocidentais se sentiu obrigada a fazer algum tipo de peregrinação a Kyiv para tirar uma selfie com essa maravilha humana. Johnson, Macron, Draghi, Scholz e assim por diante estão na lista. De fato, no caso de algumas peregrinas, como Ursula von der Leyen, chefe da comissão da UE, e Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores da Alemanha, tive a impressão de que Zelensky até serviu de inspiração para alguns sonhos eróticos. No entanto, talvez fosse exatamente isso que o verde (com tesão) Green Baerbock queria dizer ao conduzir uma “política externa feminista”.

O verdadeiro Zelensky era e é outra pessoa inteiramente. Isso era bem conhecido antes da eclosão das atuais conflagrações violentas, mas desde então parece ter sido esquecido, ignorado ou suprimido pela mídia ocidental.

Embora eleito em uma plataforma anticorrupção e paz com a Rússia e as duas províncias orientais em busca de autonomia, de acordo com os acordos de Minsk (assinados pela Ucrânia, Rússia, Alemanha e França), Zelensky, o epíteto de um verdadeiro político, desmentiu e traiu suas promessas desde o início.

De fato, toda a carreira de Zelensky, primeiro como ator e depois como ator que virou político, foi um exercício de corrupção. Seu principal patrocinador e titereiros de marionetes é o multibilionário Ihor Kolomoysky, um colega judeu e um dos oligarcas mais influentes da Ucrânia e um dos maiores beneficiários da corrupção desenfreada da Ucrânia. Em 2021, os EUA o colocaram em sua lista de pessoas sancionadas e congelaram seus ativos nos EUA. Ele vive agora em Israel.

Curiosamente, Kolomoysky também era o principal proprietário da Burisma, a holding de petróleo ucraniana que pagava ao viciado em drogas Hunter Biden, filho do horripilante e boçal Joe Biden, então vice-presidente dos EUA, a quantia mensal moderada de 50 mil dólares por não fazer nada em particular, além de fornecer “conexões”.

Como os chamados Pandora Papers, descobertos em 2021, revelaram, Kolomoysky pagou a Zelensky ao longo dos anos cerca de 40 milhões de dólares em apoio à sua carreira na TV. E uma vez que a carreira política de Zelensky começou a decolar, somas na casa das centenas de milhões foram canalizadas por Kolomoysky, através de vários canais, em várias contas off-shore e investidas em imóveis em Londres e Miami como pagamento ao clã Zelensky – em nome de seus irmãos e das esposas de Zelensky.

E aposto que o bom homem também terá uma boa parte agora dos bilhões de ajuda financeira ocidental que atualmente flui para a Ucrânia.

Assim, uma vez que o sacrifício do povo ucraniano por Zelensky chegar ao fim, pelo menos garantiram a aposentadoria confortável dele e de sua família.

Isto resume a cruzada anticorrupção de Zelensky. Quanto o seu amor pela paz e liberdade, a coisa não parece melhorar.

De fato, ele fez uma breve tentativa de pacificar a região de Donbas. Mas assim que ele encontrou a oposição hostil dos vários bandos, regimentos, batalhões, etc., militares ou paramilitares ultranacionalistas, que haviam sido reunidos na região para lutar e combater os secessionistas amigos da Rússia – o mais infame entre esses bandos, o chamado batalhão Asow (fundado e financiado por Kolomoysky!), que assumiria sua última posição na siderúrgica Asowstal em Mariupol, de propriedade do anti-russo Rinat Ahmatov, o mais rico de todos os oligarcas ucranianos – Zelensky cedeu, a fim de agarrar-se ao seu domínio sobre o poder.

De fato, ele dobrou esses grupos ultranacionalistas no exército regular e os ajudou a se infiltrar sucessivamente e gradualmente assumir todo o aparato de segurança ucraniano.

Assim que começou a invasão russa, ele proibiu todos os homens entre 18 e 60 anos de deixar o país. Eles foram feitos reféns e condenados a lutar, querendo ou não.

Isso, enquanto os oligarcas ucranianos permaneciam livres, é claro, vagando pela Europa, e enquanto os russos ainda podiam viajar livremente para o exterior e tirar férias onde quer que ainda fossem bem-vindos.

Além disso, todos os oponentes internos e forças de oposição foram rotulados como colaboradores hostis da Rússia e silenciados por meio de ameaças, prisão ou mesmo assassinato. O antecessor de Zelensky como presidente, Petro Poroshenko, ele próprio não amigo da Rússia, foi acusado de traição. Todos os partidos da oposição foram proibidos. Todos os meios de comunicação que se atreveram a desviar-se da narrativa oficial do governo foram fechados, e as pessoas que mostravam qualquer simpatia pró-Rússia foram publicamente humilhadas, maltratadas ou mesmo mortas e assassinadas.

Isto resume o Jesus Zelensky.

Estou gradualmente chegando a uma conclusão agora: ao falar longamente sobre a Ucrânia e Zelensky, é claro que não foi meu objetivo encobrir Putin ou desculpar qualquer um de seus crimes. Como enfatizado anteriormente, qualquer guerra interestatal é um conflito de gangues criminosas rivais em relação ao “seu” território.

Em vez disso, foi minha intenção arrumar e corrigir o desequilíbrio sistemático e a distorção criada e apresentada na narrativa ocidental sobre o presente conflito.

E para demonstrar a total depravação da elite dominante alemã (e não apenas a alemã) em declarar sua solidariedade incondicional com a gangue dominante da Ucrânia e enviar-lhes tanto dinheiro e armas “quanto for necessário”. Dinheiro e armas que não são seus, mas que foram roubados e confiscados de seu próprio povo, e que terão que ser pagos por seu próprio povo através da inflação maciça e do empobrecimento, enquanto eles mesmos continuam vivendo extravagantemente.

E eles estão enviando todo esse saque para uma gangue criminosa estrangeira que trouxe todo o desastre sobre si mesma, ou melhor, sobre sua população, ouvindo a gangue criminosa que administra a política externa EUA/OTAN. Uma quadrilha que – como demonstrado repetidamente, no Vietnã, no Iraque, na Síria, Líbia, etc. etc. – não se importa nem um pouco com a população ucraniana e seu bem-estar, mas está apenas interessada na expansão e extensão de seu próprio território e está disposta a aceitar quantas mortes e destruição ucranianas “for necessário” para derrubar ou pelo menos sangrar e mortalmente enfraquecer a Rússia como um dos dois únicos grandes blocos de tropeço restantes em sua marcha para a dominação mundial final.

Além disso, foi minha intenção demonstrar como, após as crueldades cometidas pelas elites dominantes na Alemanha contra sua própria população por mais de dois anos, durante a chamada pandemia de covid artificialmente fabricada ou orquestrada, ainda sem fim à vista, esta mesma gangue, em uma mistura de covardia e imprudência, manobrou a Alemanha, e com ela toda a Europa, à beira de uma Terceira Guerra Mundial.

Mesmo que a quadrilha do governo alemão não tivesse sido capaz de impedir a invasão russa da Ucrânia, o que é duvidoso em si, certamente teria sido capaz de reduzir a escalada das atuais conflagrações e trazê-las a um fim muito mais rápido, se apenas tivesse mostrado ter um pouco de espinha dorsal vis-à-vis seus mestres dos EUA e, como Orban e a pequena Hungria, tivesse se abstido de sua política de sanções e embargos incondicionais contra a Rússia.

Como potência econômica dominante da Europa, e possivelmente em cooperação com a França, isso teria parado o trem da alegria militar-financeiro atualmente rumando na direção de Zelensky vindo da UE e com todos os seus membros em seus vagões. Zelensky e sua gangue dominante provavelmente teriam sido derrubados rapidamente, mesmo antes da eclosão do conflito atual, sua popularidade já havia caído de inicialmente mais de 70% para cerca de 20%. A Ucrânia teria que abrir mão de suas duas províncias orientais e reconhecer a Crimeia como parte da Rússia e aceitar para si o status de país neutro e desmilitarizado. O que havia de tão ruim nisso? E como isso teria ofendido ou prejudicado os interesses alemães?

Mas não, assim que a velha e cansativa canção da incomparável culpa histórica alemã foi entoada pelos suspeitos de sempre nos EUA, e ecoou na Polônia e outros territórios orientais, toda e qualquer hesitação inicial foi abandonada, e as elites políticas alemãs, junto com a mídia, se alinharam rapidamente e demonstraram ou revelaram sua condição de cachorrinhos obedientes e servis.

E todo o desfile de mercenários, tolos e patifes, falsos e fraudes é liderado pelos Verdes alemães, cuja liderança apresenta os piores personagens de todos os tempos na Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial que chegaram ao topo político. Eles são os mais ignorantes e os com menos realizações e, ao mesmo tempo, os mais autoconfiantes, fanáticos e megalomaníacos de todos os tempos e, portanto: os mais perigosos.

Assim, a Alemanha é liderada por pessoas que pretendem colocar seu país em um curso de desindustrialização e em uma idade da pedra intelectual, porém uma nova era politicamente correta, neutra em termos de clima, raça, etnia e gênero, um mundo a la John Lennon, sem país, sem religião e sem posses.

E essas criaturas são consideradas os líderes políticos mais populares pela maioria do público alemão.

O que você tem a dizer sobre tudo isso? Eu, por exemplo, só posso lamentar.

2 COMENTÁRIOS

  1. “O fato concreto do poder infinitamente superior da Rússia ao lado já seria o bastante para a Ucrânia sequer ter um exército.”
    Melo, Maurício José, in “O Plano de Paz de Elon Musk para a Ucrânia e a Rússia é realmente bom”

    “e aceitar para si o status de país neutro e desmilitarizado. ”

    Na falta melhor do que fazer, vou me citar para demonstrar que Herr Hoppe concorda comigo.

    Essa palestra do nosso alemão favorito é magnífica, principalmente essa segunda parte!

    Valeu pela tradução.

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