Ignorância, estupidez ou malícia?

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Um dos principais tópicos de conversa no recente encontro do Instituto Brownstone foi se as pessoas que nos trancaram e depois exigiram que injetássemos uma terapia genética experimental, juntamente com seus apoiadores e facilitadores, foram motivadas principalmente por estupidez ou malícia. Gostaria de propor uma terceira opção: a ignorância. Na minha opinião, as três tiveram participação no descalabro da Covid.

Eu acredito – eu escolho acreditar – que muitas das pessoas que são, em algum grau, responsáveis pela devastação dos últimos quatro anos – particularmente as milhões de pessoas do público que permitiram que isso acontecesse porque docilmente obedeceram – eram simplesmente ignorantes. Elas aceitaram o que lhes foi dito em março de 2020 sobre a virulência e letalidade do vírus. Elas foram enganadas pelos vídeos falsos de cidadãos chineses caindo mortos nas ruas. Elas assistiram horrorizados aos vídeos de covas de cemitério sendo cavadas em massa. Elas presumiram que o governo não construiria hospitais de campanha se a doença não estivesse devastando as cidades. E elas adotaram prontamente a noção de que, se todos ficássemos em casa por duas semanas, poderíamos realmente “achatar a curva”.

Confesso: caí nessa categoria inicialmente, por mais ou menos essas duas primeiras semanas. Sou abençoado (ou talvez amaldiçoado) com um ceticismo natural e afortunado por ter encontrado, desde cedo, fontes de notícias alternativas que estavam relatando a verdade – ou pelo menos tentando chegar a ela. Então comecei a suspeitar, quando “duas semanas” se estendiam até o infinito, que estávamos sendo tapeados. Mas a maioria dos ocidentais foi condicionada a acreditar no que o governo e a mídia lhes dizem, sem questionar. Essas pessoas aceitaram o isolamento forçado por tempo indeterminado e o distanciamento social, a escola via Zoom e a entrega de supermercado porque eram ignorantes. Elas realmente não entendiam o que estava acontecendo.

Isso inclui, aliás, muitos em cargos de autoridade e responsabilidade, como médicos e enfermeiros, professores e administradores, líderes religiosos e políticos eleitos locais. Talvez até alguns eleitos a nível nacional. Eles também engoliram a narrativa oficial. Estou convencido de que a maioria dessas pessoas honestamente acreditava que estava fazendo a coisa certa, salvando vidas, quando na verdade não estavam fazendo nada do tipo porque, como sabemos agora, nenhuma dessas “estratégias de mitigação” teve qualquer efeito sobre o vírus. Mas para sermos completamente justos com eles – e acho que é importante sermos justos, por mais irritados que estejamos com as consequências de seu comportamento – eles estavam agindo por ignorância.

É claro que, em algum momento, a ignorância começa a descanbar em estupidez – talvez no ponto em que as pessoas poderiam ter sabido melhor, e talvez até deveriam ter sabido melhor. Então sua ignorância, que é uma desculpa legítima para o mau comportamento, torna-se intencional. E a ignorância deliberada é uma forma de estupidez, que não é desculpa, especialmente para aqueles a quem confiamos decisões importantes que afetam todas as nossas vidas.

A definição de estupidez proposta pelo economista Carlo Cipolla, da Universidade da Califórnia em Berkeley, em 1976, parece relevante nesse contexto: “Uma pessoa estúpida é aquela que causa perdas a outra pessoa ou grupo, enquanto não obtém nenhum ganho e até mesmo possivelmente incorre em perdas”. (Você pode encontrar um bom resumo da teoria de Cipolla aqui.) Em outras palavras, pessoas estúpidas fazem coisas estúpidas sem motivo. Elas prejudicam outras pessoas e nem ganham nada com isso. Elas podem até se machucar no processo – “dando um tiro no pé”, como às vezes dizemos. Esse é, de fato, o cúmulo da estupidez.

Essa definição certamente se aplica a muitos, muitos dos covidianos, incluindo alguns que (se quisermos ser generosos) começaram como meramente ignorantes. Com o tempo, sua ignorância talvez compreensível se transformou em estupidez ao continuarem teimosamente usando máscara, praticando distanciamento social e apoiando o fechamento de escolas, apesar de montanhas literais de evidências de que nada disso teve qualquer efeito salutar. E a maioria deles nem sequer se beneficiou de sua recusa teimosa e estúpida em reconhecer a realidade. Sim, alguns reconheceram, e chegaremos a eles em um momento. Mas a maioria não o reconheceu. Em muitos casos, eles passaram vergonha, prejudicaram suas carreiras, perderam negócios e relacionamentos pessoais, e para quê? Para que pudessem dar lições de moral no resto de nós sobre máscaras? Isso é muito estúpido.

Também instrutiva aqui é a Segunda Lei da Estupidez de Cipolla: “A probabilidade de que uma determinada pessoa seja estúpida independe de qualquer outra característica dessa pessoa”. Em outras palavras, a estupidez, como ele a define, está mais ou menos uniformemente distribuída pela população. Não tem nada a ver com inteligência, educação ou nível de renda. Há médicos, advogados e professores universitários estúpidos, assim como há encanadores e lixeiros estúpidos. Quando muito, os primeiros grupos são um pouco mais propensos a conter pessoas estúpidas. Tudo se resume à vontade de uma pessoa de fazer coisas que não fazem sentido, coisas que prejudicam os outros – ou seja, coisas estúpidas – apesar de não ganharem nada e talvez até perder na barganha.

E há as pessoas que realmente se beneficiam do dano que causam aos outros. Elas exibem muitos dos mesmos comportamentos que as pessoas estúpidas, exceto que elas realmente ganham algo com isso – dinheiro, fama, poder. Cipolla se refere a essas pessoas – aquelas que prejudicam os outros em benefício próprio – como “bandidos”. A maioria dos covidianos mais conhecidos, os maiores nomes da mídia, do governo, da “saúde pública” e da indústria farmacêutica, se enquadram nessa categoria. Eles iniciaram, aplicaram e apoiaram políticas que aparentemente não faziam sentido, e foram considerados bem intencionados. Tornaram-se celebridades no circuito midiático, ganharam sinecuras e expandiram suas contas bancárias em milhões.

A principal diferença entre estúpidos e bandidos, segundo Cipolla, é que as ações destes últimos realmente fazem sentido, uma vez que você entende o que eles estão tentando realizar. Se uma pessoa te derruba sem motivo – bem, isso é apenas estúpido. Mas se eles derrubarem você e depois levarem sua carteira, isso faz sentido. Você entende por que eles te derrubaram, mesmo que isto não faça você gostar mais da atitude deles. Além disso, você pode, até certo ponto, se ajustar às ações de “bandidos” – por exemplo, ficando fora da parte ruim da cidade, onde alguém pode derrubá-lo e tomar sua carteira. Mas se você está em um shopping em um subúrbio agradável, e as pessoas estão apenas derrubando você sem motivo aparente, não há como se ajustar a isso.

O problema da estupidez, diz Cipolla, é duplo. Primeiro, consistentemente “subestimamos o número de pessoas estúpidas em circulação”. Supomos que a grande maioria das pessoas agirá racionalmente na maioria das circunstâncias, mas – como vimos claramente nos últimos quatro anos – isso acaba não sendo verdade. Muitos se comportam de forma irracional na maior parte do tempo, e parece que a maioria o fará em um momento de crise.

Em segundo lugar, como aponta Cipolla, as pessoas estúpidas são mais perigosas do que os bandidos, principalmente pelas razões citadas acima: há muito mais delas, e é quase impossível contabilizá-las. Você pode ter um plano perfeitamente bom para lidar com alguma emergência – como, por exemplo, uma pandemia – e as pessoas estúpidas vão explodi-lo sem um bom motivo. Claro, maus mal-intencionados vão escapar com o tesouro, se puderem, mas sempre foi assim. Quer dizer, alguém está realmente surpreso que Albert Bourla adicionou milhões ao seu patrimônio líquido? Ou que Anthony Fauci agora tem um emprego de professor em Georgetown? Sim, é frustrante e nojento. Não há dúvida de que eles estavam entre os principais arquitetos desse desastre, bem como seus principais beneficiários. Mas nada disso é, ou foi, completamente inesperado. Bandidos praticam bandidagem.

O que tem sido mais frustrante para mim nos últimos dois anos tem sido a maneira como milhões de pessoas normais – incluindo amigos, parentes e colegas, bem como balconistas de lojas, comissários de bordo e pessoas aleatórias nas ruas – se comportaram de forma tão estúpida. Um número surpreendente continua a fazê-lo, passando vergonha ao criticar o resto de nós sobre máscaras e “vacinas”, alienando todos à vista, tornando a vida mais difícil para si e para os outros, mesmo que não ganhem nada com isso.

Então, sim, o desastre de quatro anos que é nossa resposta coletiva à Covid é atribuível em parte à ignorância e em parte à malícia. Mas pior do que qualquer um deles, e muito mais prejudicial para a sociedade a longo prazo, foi a pura estupidez – a capacidade da humanidade que nunca mais subestimarei.

 

 

 

Artigo original aqui

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1 COMENTÁRIO

  1. “e para quê? Para que pudessem dar lições de moral no resto de nós sobre máscaras?”

    Em um determinado nível, a única maneira que alguns indivíduos moralmente corruptos tem para dar suas lições de moral em quem está comprometido com a verdade
    é em situações limite, onde algum medo afeta as pessoas.

    Eu cansei de ver inúteis se transformarem em doutores de um dia para o outro, somente assistindo o Jornal Nacional…

    Os tais balconistas….

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