Máscara, moeda, estado e a estupidez humana

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É verão. O calor nas ruas de São Paulo passa dos 32°C. Sem máscara já é difícil respirar. Não obstante, 98% das pessoas estão de máscara (faço uma contabilidade mental dessa porcentagem todos os dias). Elas passam por mim e eu vejo o tormento que estão passando. Muitas baforando por debaixo do pano que obstrui sua respiração, com suor escorrendo na testa. E essas pessoas sequer abaixam a máscara para deixar o nariz ou a boca para fora. Passam os dias, passam as semanas, passam os meses… já passou quase 1 ano, e eu não consigo me conformar com a repetição diária dessa cena anormal – com climas variados, é claro, as vezes uma chuva torrencial e lá está o infeliz embaixo do guarda-chuva com sua máscara. Às vezes, é o único ser humano numa rua deserta… e está com sua máscara.

O cenário é chocante para qualquer ser pensante, embora as massas não percebam e parecem ter assimilado uma anormalidade como algo normal. Se muitas pessoas fazem algo anormal, o anormal não se torna normal, mas apenas comum. O que é comum pode não ser normal. E obstruir sua respiração e ocultar a sua face sem razão alguma é, definitivamente, anormal.

Não só não existe nenhuma evidência de que o uso de máscara pela população em geral reduza a infecção por vírus, como também não existe nenhum vírus pandêmico mortal para ser evitado. Os dados estão à disposição de todos. O covid-19 foi alardeado como sendo altamente fatal, uma ameaça existencial, mas logo se verificou que sua taxa de mortalidade era muito baixa. Como Donald J. Boudreaux relatou neste artigo, Covid não é nada diferente de outros riscos:

TAXAS DE SOBREVIVÊNCIA DE INFECÇÃO COVID-19 (dados do CDC)

Idades 0-19: 99,997%

De 20 a 49 anos: 99,98%

Idade 50-69: 99,5%

Mais de 70 anos: 94,6%

Taxa de sobrevivência à infecção por gripe sazonal (para a população como um todo): 99,90%

Esta única informação deve ser suficiente para colocar a Covid-19 na perspectiva adequada. Deixa claro que o risco que esta doença representa para a humanidade como um todo não difere categoricamente do risco de gripe sazonal – ou, por falar nisso, de qualquer um dos muitos outros perigos que nós, humanos, encontramos rotineiramente. E como esses números mostram as chances estimadas de sobrevivência daqueles que estão infectados com a Covid, mesmo para pessoas com 70 anos ou mais, a Covid obviamente não é uma ameaça categoricamente única.

E ainda, novamente, a humanidade reagiu a Covid de uma maneira categoricamente única. É como se uma vespa, em vez de uma abelha, tivesse entrado em nossa casa, e, para nos proteger do invasor um pouco mais ameaçador, começamos a vasculhar freneticamente todos os cômodos de nossa casa com um lança-chamas.

Esses dados são confirmados pela comparação do resultado concreto do ano da “pandemia mortal” com outros anos: não houve nenhum aumento de mortes fora do aumento normal de um ano para o outro. E os números estão disponíveis para quem quiser olhar. Na realidade, o que houve de anormal foi uma inédita e inexplicável diminuição drástica no número de mortos por outras causas – uma indicação de que provavelmente muitas mortes atribuídas ao tal vírus foram na realidade devido a essas outras causas. Obviamente, toda morte é algo a se lamentar, mas o fato é que a imensa maioria das mortes dessa doença são de pessoas na idade dentro da expectativa de vida normal.

Portanto, mesmo que as máscaras realmente oferecessem proteção contra um vírus, porque alguém com menos de 70 anos se preocuparia em usa-las? Mas elas não protegem. Antes desse experimento humano em massa, estudos científicos apontavam que o uso universal de máscaras não diminui uma epidemia viral (veja aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). E após o experimento (que ainda está em andamento) verificou-se empiricamente que os estudos estavam certos (veja aqui, aqui e aqui). Isso é uma coisa que qualquer um pode inferir. Aqui em São Paulo, como já disse, o uso de máscara passa facilmente dos 95% da população, e o número de “casos” (que não significa “doentes”, apenas “testes PCR positivos”) não só não diminuiu como disparou. Outro exemplo empírico é o caso da Suécia, um dos locais em que ninguém usa máscara, nem mesmo nos transportes públicos, (e que não impôs quarentenas) e o número de mortes por habitantes de 2020 é o mesmo de 2015. Apesar das evidências, as pessoas por aqui continuam usando máscara. E fazem isso apenas porque disseram para elas fazerem isso. Não importa que as pessoas que disseram para elas usarem máscara são as mesmas que dias antes disseram para elas não usarem máscara. Jenin Younes comenta neste artigo sobre

a famosa reviravolta dos especialistas em máscaras em março passado. Tendo dito por semanas que as coberturas faciais não interrompem a transmissão do vírus, Anthony Fauci, os Centros de Controle de Doenças (CDC), o Cirurgião Geral dos EUA e outros, fizeram uma reviravolta de 180 graus praticamente da noite para o dia.

Em uma entrevista de 2019, Anthony Fauci deu risadas e chamou o uso de máscara de paranoia, e fez recomendações de saúde que realmente são boas:

Entrevistador: “Você como meu médico diria quea melhor maneira de evitar uma doença infecciosa é… usar uma máscara?”

Fauci (2019): “Não, não, haha. Você deve evitar os aspectos paranoicos… Faça coisas que funcionem: A. Boa dieta B. Não fume.. Sei que você não bebe muito.. Faça bons exercícios.. Durma bem – coisas saudáveis”

Aqui no Brasil temos também o nosso famoso youtuber “cientista” profeta do apocalipse fazendo a mesma coisa. Neste vídeo ele dá risada das máscaras dizendo que não funcionam, para tempos depois recomendá-las. E agora essas mesmas pessoas mudam de ideia de novo e dizem que as máscaras não funcionam mais, que agora temos que usar 2 ou 3 máscaras ao mesmo tempo!

E nada disso é capaz de fazer as pessoas questionarem o uso de máscaras; elas continuam usando. Em uma excelente análise psicossocial, Julian Rose tenta responder o porquê:

Usar ‘a máscara’ é para aqueles que sofrem de sentimentos de medo e/ou culpa. Pense nisso.

Pode-se rejeitar tal noção “Não, não, só estou preocupado em não ser multado, é por isso que a uso”. Ou “Eu não quero correr nenhum risco, as autoridades de saúde não nos diriam para usar máscaras, a menos que houvesse algum benefício de proteção.”

Essas respostas são válidas? Ambas são baseadas principalmente no medo. Medo do que uma autoridade poderia fazer se alguém desobedecesse às regras e medo da doença caso alguém não seguisse as instruções das autoridades.

Sim, medo. Mas esses medos são completamente infundados, o que quer dizer que a base deste medo é a estupidez. Como vimos, máscaras não protegem ninguém contra vírus, e mesmo que alguém contraia o coronavírus, o risco de ficar doente é pequeno, e de morrer, menor ainda. A gripe e a tuberculose, só para citar duas doenças transmitidas por vias aéreas, matam juntas 2.150.000 pessoas no mundo por ano (650 mil a gripe e 1,5 milhões a tuberculose). Esse é praticamente o mesmo número de mortes que a Covid-19 alegadamente atingiu até hoje. Ou seja, de forma geral, o mundo não está diante de nenhuma ameaça maior do que as ameaças que sempre existiram.

Em relação ao medo de multa, ao menos na minha região, eu nunca sequer ouvi falar de alguém que foi multado por estar sem máscara.Veja bem, eu uso cinto de segurança por medo da multa. O que deveria ser uma escolha pessoal com base em uma avaliação de risco individual se tornou obrigatório em diversos lugares. Eu tomei diversas multas. E muitas outras pessoas que conheço também. Milhares de pessoas continuam tomando essa multa. Então, após ser um dos grandes financiadores da indústria da multa, eu fui domesticado pelo chicote do mestre Estado e sou hoje um cachorrinho geralmente obediente. Mas não conheço ninguém que tomou multa por estar sem máscara. De fato, apenas 327 pessoas foram multadas por estar sem máscara em todo o estado em 5 meses. Com uma população de 45 milhões isso faz com que a chance de receber uma multa por falta de máscara seja de 0,00000727%, fazendo com que o medo da multa seja ainda mais estúpido do que o medo do vírus. (Com a ressalva que a máscara poderia realmente te proteger de uma multa, mas não de um vírus) Claro que esse número pode variar de um lugar para o outro, mas, graças a Deus, por enquanto, apenas em alguns lugares da China existe o monitoramento de cidadãos por câmeras de reconhecimento facial, que podem identificar as pessoas do mesmo jeito que as placas de carro são identificadas, e multa-las. Então ainda existe a chance de fugir desses raríssimos fiscais. Entretanto, como os comunistas ensinaram ao mundo, uma maneira ainda melhor do que ordenar que você faça algo é fazer você se sentir mal por não fazer algo. E fazer uma humanidade estúpida acreditar na balela de que estão salvando vidas contra um vírus fatal ao pendurar um pedaço de pano no rosto não foi difícil.

A infinita estupidez humana

Uma frase erroneamente atribuída a Albert Einstein diz o seguinte: “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta.” Primeiramente, não existe nenhum registro de que Einstein tenha dito esta frase, e realmente seria difícil, pois, pelo que me consta, Einstein morreu acreditando que o universo era finito (e se expandindo). E ao investigar a origem dessa frase chegamos a vários suspeitos, entre eles Alexandre Dumas, Kant e Voltaire, entre outros que disseram coisas semelhantes. Podemos não saber ao certo quem é o autor, mas isso deixa claro que a extrema estupidez humana é reconhecida recorrentemente por muitos ao longo dos séculos.

Eu tendo a concordar com a teoria de Gardner de inteligências múltiplas, que sustenta que existem tipos de inteligência independentes entre si (na teoria dele, sete). Neste caso, um teste de Q.I. não seria o ideal para saber se uma pessoa é inteligente ou não, pois ela pode se dar mal no teste, mas mesmo assim se dar bem na vida, ou mesmo ser considerada um gênio, por exemplo, na música. Críticos dessa teoria dizem que inteligência é uma coisa só, mas independente de qual teoria seja a correta, o fato é que mesmo gênios podem tomar decisões estúpidas ou dizer coisas estúpidas. Destarte, se existem tipos de inteligência, também existem tipos de estupidez.

O próprio Einstein é um exemplo disso. Um gênio da física, com Q.I. de 160 pontos, considerado uma das pessoas mais inteligentes que já viveram, defendeu uma das ideias mais estúpidas da história: o socialismo. Seu argumento é repleto de platitudes, clichés e non sequiturs, – como demonstrou Tom Woods – o que faz com que seja considerado uma grande estupidez. Então temos um grande gênio sendo mais estúpido do que um “tiozão do ZAP” direitista da vida. É claro, em 1949, quando Einstein fez sua defesa do socialismo, o fracasso prático dele não estava tão claro quanto hoje em dia, mas o argumento de Mises sobre a impossibilidade do cálculo econômico no socialismo foi publicado em 1920 e já era relativamente bem difundido entre os círculos intelectuais da época (ainda mais para um germânico), o que indicaria outra estupidez de Einstein: a de não fazer uma pesquisa básica sobre um assunto antes de emitir uma opinião sobre ele. Ademais, à parte dos argumentos econômicos, o socialismo implica em distorções de conceitos de justiça e incompatibilidades com a natureza humana facilmente perceptíveis, o que faz com que os tiozões do ZAP, mesmo que não possam refutar o socialismo através de argumentos econômicos, sejam instintivamente mais inteligentes que Einstein ao rejeitá-lo.

Então, se até os gênios são passíveis de estupidezes atrozes, vemos que não há nada de incomum no fato das massas abraçarem uma ideia tão completamente estúpida e anormal como as máscaras. Continuando sua análise do uso de máscara por medo de não seguir “a autoridade”, Julian Rose discorre:

Mas quem são “as autoridades?” E suas demandas são apoiadas por evidências empíricas de que o uso de uma máscara é uma defesa comprovada contra a infecção por Covid? Nosso usuário da máscara fará essas perguntas? E se não, por que não?

“Bem, eu me pergunto o que significa tudo isso – mas não parece haver muito sentido em questionar isso, não é?”

Certo, na verdade, esta é uma admissão de preguiça intelectual associada a uma obediência flagrante aos comandos “da autoridade”. Este é o estado de espírito de quem não deseja pensar por si mesmo.

Permitir-se ser conduzido porque não quer questionar o comando é uma doença psicológica que confere uma carta branca para a disseminação desenfreada do autoritarismo fascista.

Eu me pergunto como a mesma pessoa reagiria se fosse instruída a rastejar até as lojas de joelhos, porque “a autoridade” disse que esses patógenos em particular só são encontrados na altura da cabeça?

Pois bem, esse é o nível de estupidez que as sociedades humanas se encontram. E esse nível não foi atingido naturalmente ou por acaso. As pessoas são treinadas a não pensar por si mesmas e seguir “a autoridade” por muitos anos nas instituições de ensino do estado ou controladas pelo estado. Decore, repita, não questione, obedeça, e você se dará bem. Só o fato das pessoas reconhecerem como autoridades uma entidade burocrática supranacional que é mais política do que científica (OMS) e os políticos já mostra que a estupidez geral é muito elevada. Mas tem casos mais graves. As pessoas que praticam exercícios de máscara conseguem ser mais estúpidas ainda, pois elas nem sequer sabem o que as “autoridades” dizem. Na hierarquia das ditas autoridades, os governos dizem seguir a OMS. Mas a OMS diz para NÃO usar máscara durante atividades físicas pois isso, obviamente, FAZ MAL à saúde. E esta é uma determinação que a OMS não reverteu; ela continua dizendo isso hoje:

Não obstante, vemos por aqui todos os dias uma legião de completos estúpidos andando de bicicleta, correndo ou caminhando nas ruas, ou praticando exercícios em academias de máscara! Se a autoridade da autoridade reconhecida por essas pessoas diz para não usar e mesmo assim elas usam, definitivamente a capacidade cerebral delas já está comprometida para além de qualquer salvação. É estupidez em cima de estupidez. Isso é mais estúpido do que pessoas sozinhas dentro de seus automóveis usando máscara. Talvez a única coisa mais estúpida que isso sejam os aloprados que comentem o crime de colocar máscara em crianças, sendo que elas têm mais chances de morrer atingidas por bala perdida e relâmpagos do que por Covid. Mas acho que o errado sou eu por procurar lógica em estupidez. As pessoas são estúpidas, e isso não deveria surpreender ninguém – muito menos os libertários.

Quando o Dr. Roger Hodkinson se referiu a pandemia COVID-19 ele disse que é a “maior fraude já perpetrada contra um público desavisado”. O Dr. Hodkinson é um dos principais patologistas do Canadá e especialista em virologia; ele está falando sobre um assunto que ele domina, logo não poderia ser enganado por “autoridades” para acreditar em coisas estúpidas; afinal, ele mesmo é uma verdadeira autoridade no tema. O Dr. Alessandro Loiola também classificou esta pandemia na capa de seu livro COVID-19: A Fraudemia como “o maior embuste de todos os tempos”. Realmente a fraudemia é uma farsa assustadoramente grande, que causou e ainda causará prejuízos econômicos catastróficos. Estima-se que somente os EUA perderão 15 trilhões de dólares por conta das ações do estado contra o vírus. Para colocar em perspectiva, 15 trilhões é o valor da Espanha. E não estou falando do PIB da Espanha, mas da Espanha toda; todos os imóveis, terras, equipamentos, tudo. E tudo isso para nada, pois as medidas restritivas dos governos não fizeram nada para parar o vírus, e causarão mais mortes extras do que o próprio vírus. É possível existir fraude maior que essa? Sim.

Moeda

O sistema monetário fiduciário de bancos centrais dominou o mundo há muitas décadas. O prejuízo que esse sistema causa à humanidade com sua moeda inflacionária e suas crises cíclicas é incalculável. O Instituto de Finanças Internacionais estima que a dívida global subiu para US$ 277 trilhões no final de 2020, chegando a surpreendentes 365% do produto interno bruto (PIB) mundial. A moeda fiduciária dos governos é simplesmente um dinheiro falso. Os bancos centrais são simplesmente uma fraude. Nunca houve uma falha de mercado reconhecida a ser corrigida por um banco central; eles foram instaurados com base em mentiras e teorias falsas apenas para aumentar o poder dos governos e a riqueza de banqueiros conectados. Não obstante tamanha tragédia causada ao mundo, as massas ignóbeis aceitam o sistema sem questionar. Elas não se interessam em saber o que o governo fez com o nosso dinheiro. A maioria das pessoas que chegam a se interessar pelo tema, recebem e aceitam as teorias falsas que são propagadas por “especialistas” cooptados pelo estado, embora o conhecimento verdadeiro esteja à um click de distância.

Eu dei esse click. Eu era um leigo em economia, mas me interessei pelo tema ao ver o estrago que as crises econômicas causavam à mim e ao mundo. A explicação mainstream não me satisfez, então continuei pesquisando. Me deparei com diversas explicações alternativas: Keynes, Friedman… até encontrar a teoria austríaca dos ciclos econômicos, que foi a que mais fez sentido para mim. Porém, só me convenci de ter encontrado a explicação correta ao investigar a epistemologia da Escola Austríaca, ou seja, como os austríacos sabem o que eles sabem. E aprendi que a economia é um ramo da praxeologia, a ciência da ação humana. Como tal, ela é uma ciência axiomática lógico-dedutiva, ou seja, as proposições econômicas são derivadas logicamente de axiomas, e a não ser que alguma falha seja apontada nessa dedução (e nenhuma foi), elas possuem o mesmo status do axioma: são irrefutáveis. E ela é a priori, ou seja, não pode ser refutada e nem confirmada por experimentos. Só assim conclui que cheguei a um conhecimento verdadeiro. Porém, apesar das enormes tragédias causadas pelas crises e de todos os seus fundamentos já terem sido refutados pelos austríacos, os bancos centrais permanecem, já que praticamente ninguém percorre este caminho intelectual.

Estado

Contudo, o sistema de bancos centrais é apenas uma das fraudes apoiadas em outra fraude ainda maior: o estado. O estado não passa de uma relíquia bárbara completamente desnecessária, extremamente danosa, integralmente ilegítima e plenamente criminosa. Se algum dia foi a alternativa menos pior entre as disponíveis – ser aniquilado por um grupo invasor ou ser apenas roubado periodicamente por este grupo, ou seja, um estado – no mundo atual é simplesmente o pior arranjo que se pode imaginar. Se não podemos calcular o tamanho do prejuízo causado pelo dinheiro falso do estado, o cálculo do prejuízo da existência do estado é ainda mais complicado, já que deveria incluir o próprio prejuízo causado pelo seu sistema monetário imposto através da sua lei de moeda de curso forçado. A sociedade até tenta dimensionar parte do dano com o impostômetro, que mostra que em 2020, enquanto destruía a economia com suas restrições da fraudemia, o estado ainda roubou diretamente em impostos do povo brasileiro mais de 2 trilhões de reais.

Toda essa riqueza é agressivamente desviada do indivíduo que a usaria para satisfazer suas necessidades mais urgentes para satisfazer as necessidades de burocratas e seus comparsas. Contudo, o maior prejuízo está no custo de oportunidade; tudo aquilo que deixou de ser produzido por conta das barreiras e proibições impostas pelo estado. E do mesmo modo que a existência dos bancos centrais depende do estado, a histeria coletiva da fraudemia também não ocorreria em uma sociedade sem estado, como sugeriu Philipp Bagus neste artigo:

a histeria coletiva é possível em uma sociedade livre, mas existem mecanismos de autocorreção, e o dano que essa histeria pode infligir é limitado pela aplicação dos direitos de propriedade privada. Pelo contrário, o estado amplifica e exacerba o pânico coletivo, causando uma devastação tremenda. O que são surtos locais, limitados e isolados de histeria coletiva em uma sociedade livre, o estado pode converter em uma histeria coletiva global. Infelizmente, não há limite para o dano que a histeria coletiva pode causar à vida e à liberdade se tomar conta do governo, já que o estado não respeita a propriedade privada. A violação inescrupulosa das liberdades básicas durante a epidemia corona é um exemplo disso. Portanto, a possibilidade de histeria coletiva é outra razão pela qual o estado é uma instituição tão perigosa de se ter.

Sendo que as teorias que sustentam o estado são ainda mais estúpidas que as que baseiam os bancos centrais, como a do contrato social, falhas de mercado, ausência de segurança, etc., e ainda a teoria que o estado existe por consentimento dos governados, temos que o estado também só existe por conta da estupidez humana. A esmagadora maioria dos humanos é estúpida e defendem ou aceitam sua própria escravidão. E nós libertários já sabíamos disso. Não o conheço, mas, estatisticamente, imagino que o Dr. Hodkinson, que não foi estúpido para ser enganado pela fraudemia, deve provavelmente ser estúpido para apoiar, mesmo que passivamente, a moeda fiduciária e o estado. Sim, esta pandemia é uma fraude monumental, e nós mesmos aqui no instituto já chegamos a nos referir a ela como “a maior fraude da história”, como neste artigo de 2 de abril do ano passado. Realmente é impressionante a facilidade com que os políticos e a mídia fizeram pessoas saudáveis aceitar usar máscara, ficar em casa, e até perder emprego e falir por conta de um vírus com taxa de mortalidade baixíssima. Mas analisando com mais calma, e por incrível que pareça, existem fraudes maiores.

Como constata Hans-Hermann Hoppe:

Desde tempos imemoriais, a megalomania dos políticos, nascida da irresponsabilidade, manifesta-se no fato de que, com base em vários números-chave fornecidos por suas respectivas autoridades estatísticas oficiais, esses políticos inventaram uma justificativa “cientificamente fundamentada” para suas cada vez mais numerosas e abrangentes intervenções estatais nas interações sociais normais. Até agora, no entanto, estes indicadores têm sido essencialmente dados retirados do campo das estatísticas econômicas, … oferecendo aos formuladores de políticas uma possível razão para intervir. […]

Com a crise do corona, no entanto, a política avançou para campos completamente novos a esse respeito. Os políticos descobriram que as estatísticas de saúde oferecem uma porta ainda maior para o despotismo governamental e a ânsia por status do que todos os indicadores das estatísticas econômicas. Com base em um teste de vírus, que foi escolhido como o indicador oficial de um perigo supostamente agudo ou mesmo fatal de infecção, a política conseguiu paralisar quase toda a nossa vida social, mergulhando milhões de pessoas em dificuldades econômicas ou sociais ou angústia, ao mesmo tempo que ajuda o complexo farmacêutico-industrial, ou seja, os fabricantes de máscaras, testes e vacinas, a acumular enormes riquezas e, ainda assim, emergir de toda a história, pelo menos até agora, como heróis.

Uma realização assustadora e totalmente devastadora.

Conclusão

Portanto, só estamos diante de mais uma farsa orquestrada por uma elite dominante que possui plena consciência da estupidez humana generalizada e a utiliza para ampliar seu poder e riqueza. Mas o que mais impressiona desta nova fraude é que vemos estupefatos diariamente a quantidade avassaladora de estúpidos que acreditam nela, pois a opinião deles é exibida pela cara deles, ou melhor, pela ausência de cara deles. Pessoalmente, eu já tinha consciência do estado estupidificado que se encontra a maioria da humanidade e, por conta disso, minhas esperanças de se alcançar uma sociedade livre eram remotas – sendo otimista, talvez no próximo milênio. E mesmo assim a manada mascarada me chocou. É mais grave do que eu pensava. A estupidez está se transformando em doença mental.

O filme O Aviador começa com Howard Hughes criança soletrando a palavra Q-U-A-R-E-N-T-E-N-A com sua mãe durante o banho. E ela dizendo para o filho como as doenças como cólera e tifo são perigosas e que ele não estava seguro. Aparentemente foi a mãe germofóbica que fez o filho desenvolver a germofobia, que se agravou no decorrer de sua vida. Hughes, que pode ser considerado um gênio em muitos aspectos, passou a não dar a mão para as pessoas, andar com um sabonete no bolso e lavar as mãos até sangrarem, e chegou a se isolar de todos em um quarto fechado por meses com medo de doenças. Germofobia, além de uma estupidez de pessoas que não sabem avaliar riscos, é uma doença mental que deve ser tratada. Repetidas vezes, pessoas que me veem na rua sem máscara atravessaram a rua para a outra calçada para não cruzarem comigo. Muitas pessoas estão borrifando álcool e passando panos em todas as suas compras de supermercado. Outras estão até embarcando em aviões com trajes EPI completos (Equipamento de Proteção Individual: macacão branco, máscara, óculos). Infelizmente, realmente existe uma pandemia em curso no mundo, mas é uma pandemia de germofobia.

Não acredito que temos chances de reverter esse quadro de estupidez generalizada que já está se convertendo em doença mental. Seria necessário que todo libertário se tornasse também um psiquiatra, e mesmo assim não ia adiantar pois o primeiro passo para tratar de uma condição mental dessas é a pessoa admitir que tem um problema, e isso poucos fariam. Considero que seja mais uma fraude que veio para ficar. As novas determinações da TSA sobre uso de máscara são um indicativo de que a obrigatoriedade das máscaras vai se consolidar em muitos lugares. Já estão dizendo que as restrições Covid podem durar para sempre. E na era de pós-persuasão que vivemos, provavelmente só quem já rejeita o uso de máscaras irá ler este artigo, ou qualquer outro material contrário à fraudemia. Essas pessoas não se preocupam com fatos, mas com narrativas. E a narrativa da covidiotia já é vencedora – de goleada; 98 x 2 (conforme constato diariamente nas ruas da minha cidade). Se tiraram – sem protestos – até o carnaval do brasileiro, não há limites para o que a manada possa aceitar.

Os poucos que chegam aqui reagem dizendo coisas como “se alguém da sua família morresse de Covid você não diria isso”, ou “o mundo todo está errado e só o Instituto Rothbard está certo”. A primeira reação revela uma estupidez tão grande que mostra que a pessoa é incapaz de perceber que mesmo que minha família inteira morresse dessa doença, isso não mudaria em nada as estatísticas gerais (e embora não acredite que estes dados sejam corretos – não sei nem se esse vírus foi isolado –, estou usando os “números oficiais”, estou usando a “versão deles”). Não é porque alguém tragicamente perde a família toda em um acidente de trânsito que a periculosidade aumenta e os automóveis devem ser banidos. Eu mesmo poderia morrer de Covid no dia seguinte de publicar este artigo que nada nele perderia a validade. Um caso anedótico não é parâmetro. E o argumentum ad populum da segunda reação não é novidade, como explicado neste artigo. Nós estamos certos e a maioria do mundo está errada nesse e em muitos outros tópicos. Mas, apesar de milhares de especialistas estarem do nosso lado, os covidiotas são a imensa maioria. Resistir individualmente é o que nos resta. E talvez aproveitar que estamos testemunhando uma distopia em tempo real para avaliar como a estupidez humana leva, de tempos em tempos, a um estado de coisas tão inacreditável – e quem sabe não encontrar uma maneira de usa-la à favor da liberdade.

Ludwig von Mises certa vez disse que “a primeira coisa que um gênio necessita é respirar ar puro.” Aparentemente o inverso dessa frase também é verdadeiro; “a última coisa que um estúpido necessita é respirar ar puro.” Estamos condenados a um perpétuo mundo de medo, ignorância, covardia e submissão repleto de pessoas sem cérebro e, agora, sem rosto.

 

6 COMENTÁRIOS

  1. Texto impecável e muito completo, como sempre. Eu como vivo no meio povao, pobre que sou, vejo pouca preocupação no meu dia-a-dia com relação às focinheiras. É mais nos estabelecimentos, empresas etc. que sao regulados pelo governo. Mas entre os meus conhecidos, sempre que surge o assunto (e sempre surge), eu coloco os fartos argumentos que refutam essa insanidade de mascaras e vacinas e recomendo como fonte abundante de dados esse excelente instituto. Aos poucos abrindo os olhos de quem esta ao meu alcance.

  2. Artigo magistral, de “lavar a alma” de todo ancap !

    Compartilho da mesma sensação de incredulidade em ver tanta estupidez por aí, causando-me até a epifania de que talvez a ética da argumentação do inigualável Hans-Hermann Hoppe possa ironicamente estar assentada em uma premissa no mínimo discutível: a de que todo ser-humano gozaria daquela faculdade de argumentação mesmo que apenas potencialmente (o que essa surreal histeria coletiva colocou em xeque de vez !).

  3. Artigo excepcional! Um dos melhores que já li nos últimos tempos nesses instituto. Obrigado e Parabéns Fernando Chiocca.

    Sobre a estupidez humana, é muito interessante constatar que ao longo da história centenas de coisas estúpidas foram feitas pela humanidade… Sacrifícios de animais, dança da chuva, queimar as bruxas na fogueira, campos de concentração, socialismo, keynesianismo… É um verdadeiro show de estupidez e não tem por que pensar que o homo sapiens em 2021 estaria imune a estupidez, ainda que o conhecimento esteja a um click de distância…

    Acho que daqui a alguns séculos vamos olhar para a sociedade de hoje e nos perguntar: “Como as pessoas puderam ser tão burras e acreditar nessa conversa de democracia, banco central e covid dos governos?” da mesma maneira que hoje nos perguntamos como o povo alemão pode ser burro de cair no papo do nazismo, ou o povo na idade média acreditar que o rei tinha legitimidade de Deus para governar…

    Como diz o Alexandre Porto: “O homo sapiens não é uma espécie racional, é uma espécie que tem a opção de usar a razão e somente a utiliza em alguns momentos específicos…”

  4. Artigo muito bom, especialmente dada a exposição junto ao Spotniks.

    Comentando sobre aquele quadro do Chiocca com a “comunista” é no mínimo reconfortante que pelo menos no nível intelectual é gigantesca a diferença entre um pensador ancap e uma suposta “liderança estudantil”.

    A moça foi superficial, vitimista e com zero profundidade intelectual. Se diz comunista sem nem sequer o que comunista de fato defende.

    Parabéns ao Chiocca pelos argumentos sólidos e concisos tanto lá quanto neste artigo.

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