O futebol feminino não me pega

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Por acaso eu estava em Paris no mesmo dia da final da Copa do Mundo de futebol feminino. Nosso pequeno restaurante local, cujo dono e staff são berberes, tinha uma TV que estava transmitindo a partida, de uma maneira que era meio que impossível os clientes não assistirem.

Inevitavelmente passaram pela minha mente alguns pensamentos incorretos e cruéis. As jogadoras eram muito boas – para mulheres. O problema é que mulheres não são muito boas neste tipo de coisa, certamente não em comparação com homens. Se você quiser assistir futebol sendo bem jogado (pessoalmente tenho um interesse bem limitado nisso), você deve assistir aos homens jogando.

Quando proferi o que para mim era um truísmo, que mulheres nunca serão tão boas quanto os homens no futebol, a reação foi de horror que tamanha heresia – ou melhor, blasfêmia – pudesse ser pronunciada em voz alta, embora fosse óbvio que todo mundo sabia que isso era verdade (e é por isso que se tratava de um truísmo).

Hoje em dia temos que fazer todo tipo de contorcionismo intelectual se quisermos ter opiniões “corretas”. Supostamente não devemos dizer que mulheres não podem jogar futebol tão bem quanto os homens, e ao mesmo tempo devemos achar que não existe nenhum problema em uma competição exclusiva para mulheres. Porém, se mulheres pudessem jogar futebol tão bem quanto os homens, não haveria motivos para existirem times ou competições exclusivamente para mulheres. As mulheres teriam que competir exatamente nas mesmas condições que os homens, mas sabemos que isso seria um absurdo. Se times mistos fossem escolher somente pelo mérito, não haveria nem uma única mulher em nenhum time.

Claro que o motivo de nem mesmo as melhores mulheres do mundo não conseguirem chegar nem perto dos melhores homens não é somente a imensa desvantagem biológica. Não pude deixar de notar que nenhuma das mulheres era tatuada. Como as mulheres querem jogar em alto nível sem tatuagens? Se você olhar os melhores jogadores masculinos, praticamente todos são tatuados. Portanto, se as mulheres realmente querem jogar no mais alto nível, elas precisam se tatuar, ou sempre serão de terceira categoria.

É verdade que elas estão progredindo em um a aspecto: fazer gestos agressivos como os homens – socar o ar, esbravejar, etc… – que são realmente necessários para verdadeiras conquistas esportivas; mas elas poderiam melhorar. Por outro lado, achei bem convincente a performance delas ao rolarem no chão agonizando de dor quando alegavam que tinham sofrido uma falta. Arrisco dizer que este é um tipo de gesto esportivo destinado as mulheres, para o qual elas possuem uma aptidão natural.

Uma coisa que me surpreendeu foi esta aparição repentina do futebol feminino na opinião pública. Neste aspecto, foi um pouco parecido com a paraolimpíadas ou a proeminência do transexualismo. Por algum motivo, todos não me parecem fenômenos muito espontâneos. Se eu tivesse que adivinhar, diria que foi tudo orquestrado, e neste caso a pergunta mais interessante seria: O que eles, sejam quem forem, orquestrarão à seguir?

Este eles não existe, claro, e nem uma conspiração neste caso. E ainda assim tenho o pressentimento que não mais do que de repente, há mais ou menos um ano, ocorre uma campanha para colocar o futebol feminino em evidência. Não consigo me lembrar de ninguém que conheço, entre eles feministas ferrenhos, que tenha dito algo como “Precisamos dar mais atenção ao futebol feminino”. E mesmo assim, de repente, ele estava em todos os jornais, revistas, etc. Se não houve uma conspiração, então a mídia, pelo menos a mídia tradicional, é conduzida e gerida (ou devo dizer personificada?) por um rebanho de ovelhas.

Acho que é inútil reclamar de modas, pois nunca houve uma sociedade moderna sem elas. Sou velho o bastaste para lembrar de quando as marcas da moda de Paris decretavam que a bainha do vestido de uma mulher este ano havia subido ou descido um centímetro, e as mulheres se sentiam obrigadas a alterar seus vestidos (se elas não pudessem comprar novos) de acordo. A moralidade moderna é um pouco assim: Ardores vem e vão, embora não tenha nenhum Dior ou Chanel para decretar quais eles devem ser. Entre eles, porém, moda e instinto de rebanho explicam muita coisa.

Em meio ao alvoroço a respeito do futebol feminino, notei diversas demandas de que as jogadoras femininas deveriam ganhar tanto quanto suas contrapartes masculinas, baseando-se no pagamento igual para trabalhos iguais.

Isto, porém, é absurdo; é como demandar que um cantor espetacular ganhe o mesmo que um horroroso. Pode até ser que o cantor ruim trabalhe tão duro quanto o espetacular, na verdade ele pode até trabalhar bem mais, mas mesmo assim ninguém pagaria o mesmo para ouvir o ruim. Jogadoras femininas devem ganhar o mesmo que os jogadores homens quando o público estiver disposto a pagar o mesmo para assisti-las, o que eu desconfio que seja nunca, embora tudo seja possível neste mundo pra lá de esquisito.

A propósito, é espantoso que a teoria do valor trabalho, segundo a qual o valor de um bem ou serviço é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzi-lo, e que tantos infelizes ontológicos de diversas estirpes adotaram para justificarem seus esquemas de melhoria universal do destino econômico da humanidade, jamais poderia ter sobrevivido a consideração mais elementar como a de que a mesma quantidade de trabalho pode ser usada para produzir tanto algo sem valor algum como as coisas mais preciosas.

Não duvido que as jogadoras femininas treinem tanto quanto os homens, mas o universo não é justo: Por mais forte que treinem, elas não serão tão boas quanto os homens, e provavelmente (porém sem certeza absoluta) seus esforços jamais terão o mesmo valor que os dos homens sob uma avaliação de oferta e demanda. Sinto que seria um faux pas social dizer estas coisas óbvias, um faux pas não por serem tão óbvias, mas por serem heréticas e até blasfêmias. Eu valorizo a ausência de conflito durante o jantar.

Existe uma lei da conservação da blasfêmia: Se não é contra Deus, pode-se sempre blasfemar contra devoções seculares.

 

Tradução de Fernando Chiocca

Artigo original aqui.

 

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