“O Vigarista”

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O JOVEM Keynes não mostrou qualquer interesse em economia, seu interesse dominante era filosofia. De fato, ele terminou sua graduação em Cambridge sem ter sequer uma aula de economia. Não só ele não tinha uma graduação na disciplina, mas o único curso de economia que Keynes teve em sua vida foi um curso de graduação de um período de Alfred Marshall.

Ele achou o feitiço da economia excitante, entretanto, na medida em que apelava tanto para os interesses teóricos e para ânsia de chamar muita atenção através do mundo real de ação.

No outono de 1905, ele escreveu para Strachey, “Eu acho economia cada vez mais satisfatório, e eu acho que eu sou bem bom nisso. Eu quero administrar uma ferrovia ou organizar um Truste ou ao menos persuadir [swindle] o público investidor.” (Harrod 1951, p. 111).[1]

Keynes, de fato, havia recém embarcado em sua carreira de uma vida como investidor e especulador. Ainda assim Harrod foi constrangido a negar vigorosamente que Keynes começou a especular antes de 1919.

Afirmando que Keynes não “tinha capital” antes disso, Harrod explicou que a razão para sua insistência em um review de um livro seis anos depois da publicação de sua biografia: “é importante que isso seja claramente entendido, já que existem muitos mal-intencionados […] que afirmam que ele tirou vantagem de informações internas quando estava no tesouro (1915 – Junho de 1919) para ser bem sucedido em suas especulações de sucesso” (Harrod 1957).

Numa carta para Clive Bell, autor do livro sob revisão e velho Bloomsburita e amigo de Keynes, Harrod pressionou esse ponto ainda mais: “Esse ponto é importante por causa das histórias bestiais, que estão bem espalhadas […] sobre ele ter feito dinheiro de forma desonrosa ao tirar vantagem de sua posição no Tesouro” (ibid.; cf. Skidelsky 1983, pp. 286–88).

Apesar da insistência de Harrod no contrário, entretanto, Keynes havia de fato estabelecido seu próprio “fundo especial” e começou a fazer investimentos em julho de 1905.

Em 1914, Keynes estava especulando pesadamente no mercado de ações e, por volta de 1920, ele havia acumulado £16,000, o que deve equivaler a $200,000 nos preços de hoje. Metade desse investimento ele fez com dinheiro emprestado.

Não é claro até esse momento se seu fundo era usado para investimento ou para propósitos mais especulativos, mas nós sabemos que esse capital foi aumentado em mais de três vezes.

Tenha Keynes usado informação do Tesouro para fazer tais decisões de investimento ainda não está provado, mesmo que as suspeitas certamente permaneçam (Skidelsky 1983, pp. 286–88).

Mesmo se nós não pudermos provar a acusação de ludibriar [swindling] contra Keynes, nós devemos considerar seu comportamento à luz de sua própria amarga condenação aos mercados financeiros como “cassinos de jogos” no The General Theory.

Parece então provável que Keynes acreditava que seus sucessos na especulação financeira tinham enganado [swindled] o público, já que não há razões para pensar que ele teria lamentado esse fato. Ele percebeu, entretanto, que seu pai iria desaprovar essa atividade.[2]

 

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Notas

[1]           Como Skidelsky aponta, é típico da bibliografia acobertadora de Roy Harrod que, ao citar essa carta, ele deixe de fora a fala de seu herói sobre “enganar o público investidor” (Skidelsky 1983, pp. 165n).

[2]        Em uma carta para sua mãe em 3 de setembro de 1919, Keynes escreveu que sua especulação em corretoras estrangeiras, “que iriam chocar meu pai, mas nas quais eu espero me dar muito bem” (Harrod 1951, pp. 288). Por uma crítica penetrante sobre as visões de Keynes em especulação como jogos de azar, veja Hazlitt ([1959] 1973, pp. 179-85).

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