Prefácio à edição brasileira de Rick Theu

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Escrito há mais de 50 anos, Ciência, Tecnologia e Governo é uma pouco conhecida, mas fabulosa obra do ilustre Prof. Murray N. Rothbard. E tal lapso temporal não tornou seu livro obsoleto; pelo contrário, demonstrou mais uma vez que a genialidade e os métodos praxeológicos austríacos são atemporais.

Tal obra foi desenvolvida no contexto da Guerra Fria com as corridas armamentistas, espaciais e as crescentes descobertas nas ciências naturais. Mas você deve estar se perguntando: o que raios Rothbard e a Escola Austríaca de Economia tem pra falar sobre pesquisas e desenvolvimento de ciência e tecnologia?

É ai que aparece o brilhantismo de Murray. Munido de seu vasto conhecimento em matemática – visto que o próprio se graduou na disciplina – somado a seu profundo e extenso conhecimento econômico e político, Rothbard não analisa somente as descobertas da ciências e os desenvolvimentos tecnológicos, mas também coloca em xeque a premissa de que são frutos de ações estatais. O que o “pai” do libertarianismo faz é colocar a ciência e a tecnologia no crivo da análise econômica, não diferindo-as de outras áreas, com objetivo de verificar a qualidade e quantidade de tais pesquisas realizadas por indivíduos solitários, como por equipes chefiadas pela Máfia Estatal.

E para isso, Rothbard mais uma vez nos surpreende com sua vasta gama de conhecimento, de forma fantástica, seja com eventos históricos bem explicados, dados estatísticos e empíricos, deduções sucintas e certeiras, que munidas de todo arcabouço da Escola Austríaca, torna essa diminuta obra gigantesca contra os defensores do Estado no controle de produção de conteúdo e de pesquisa científica, militar e tecnológica.

O ultimato rothbardiano é que, caso haja Estado – deve-se ressaltar que o mesmo não defendia a existência da Máfia, mas para análise e comparação, ele o coloca como parte da equação – este deve agir como um consumidor e contratante, seguindo as leis do livre-mercado e da iniciativa privada. Qualquer tentativa do Estado em ser o agente fornecedor ou produtor, ou pior ainda, o regulador só vai gerar má alocação de recursos, gerando escassez, desestímulo e péssima qualidade e confiabilidade nas pesquisas e desenvolvimentos. Tanto que Rothbard compara as pesquisas dos Estados Unidos e da URSS e a relevância e impactos destas, bem como suas origens, e chega a conclusão que o ferramental americano é superior ao soviético.

E não só isso, ele nos traz diversas invenções e projetos que começaram ou foram realizados por agentes solitários ou por pessoas fora da área da pesquisa, demonstrando que uma centralização e hierarquia forçada não é somente ruim no que tange ao arranjo social, mas também para o desenvolvimento do conhecimento. É inacreditável a forma como Rothbard escava a história das invenções humanas e nos traz diversas informações interessantes e sólidas que nos explicam muito sobre como o ser humano é um ser criativo e único e que somente a liberdade pode permitir seu total potencial.

Por último, Rohtbard também ataca não somente a intervenção estatal nas pesquisas, mas também na formação dos pesquisadores, seja com a burocracia, seja com a grade curricular progressistas que despreza conteúdos e disciplinas importantíssimas para impor uma cartilha doutrinada, como também pela interferência sindical e salarial que distorce os valores e desestimula estudantes para outras áreas, gerando a escassez de pesquisadores.

Em suma, essa obra, continua atualizadíssima e importantíssima, seja para um leigo, ou para um estudante de economia ou ciências naturais, ante sua amplitude e singular relevância, nos dando insights e explicações sucintas para diversas questões que ainda pairam sobre nossas cabeças, mesmo com a queda da URSS.

 

Jarinu, dezembro de 2020

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