A institucionalização da hegemonia do Pensamento Único

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Atualmente, a sociedade está presenciando a ascensão de um movimento totalitário único na história humana; um que, gradualmente, vem tomando conta de todo hemisfério ocidental. Um movimento político-ideológico que não tolera dissidentes, não tolera livres pensadores, não tolera absolutamente nada que não esteja perfeitamente alinhado com a sua cosmovisão político-ideológica. Esse movimento condena ditaduras como a nazista, mas tem um modus operandi extremamente similar ao dos nazistas. Persegue opositores de maneira feroz, é excepcionalmente vingativo, seus adeptos são agressivos e coléricos e não expressam nenhuma tolerância com pessoas que não estão de acordo com a sua agenda. Esse movimento é a ideologia progressista — a ditadura totalitária politicamente correta é a sua aplicação prática, em todas as áreas e esferas de atuação da sociedade humana.

Recentemente, vimos a ditadura totalitária politicamente correta deflagrar uma guerra atroz contra humoristas e comediantes. O famoso humorista Léo Lins está sendo processado pelo Ministério Público Federal; ele foi obrigado a retirar do seu canal na plataforma YouTube o seu show de comédia stand-up intitulado “Perturbador”. O que não adiantou absolutamente nada. Em questão de pouco tempo, muitos outros canais da plataforma disponibilizaram o vídeo proibido na íntegra, com uma hashtag onde estava escrito “censura não”.

O humorista está sendo vítima de uma lei, aprovada esse ano, que iguala os crimes de racismo e injúria racial. A consequência nefasta dessa lei, na prática, foi a imediata criminalização do humor. Essa lei basicamente criminaliza piadas consideradas ofensivas, tornando inviável conteúdo humorístico sobre raças, crenças, minorias e outros grupos e coletivos (por isso a lei ficou coloquialmente conhecida como “lei antipiadas”).

Basicamente, só é seguro contar piadas sobre o homem branco comum de classe média — o que as celebridades e as elites progressistas chamam de homem “cisgênero heteronormativo” ou “hétero top”. Esta é a única categoria de pessoas cujas piadas não geram qualquer espécie de repercussão, polêmica ou controvérsia. Se um humorista, no entanto, decide desafiar a ditadura politicamente correta, tendo em seu repertório piadas sobre quaisquer outros grupos ou coletivos — como mulheres, negros, índios, homossexuais ou deficientes físicos —, ele certamente terá sérios problemas com a justiça estatal.

Fatos dessa natureza mostram claramente que, de forma ostensivamente tirânica, a autocracia federal está impondo arbitrariamente a ditadura do pensamento único sobre toda a sociedade. Quem não for submisso a ela, e decidir desafiá-la abertamente, invariavelmente sofrerá as consequências. Portanto, é inegável que existe uma tentativa de homogeneizar a sociedade através de um programa político autoritário, que pretende institucionalizar a liderança inequívoca de uma ideologia suprema — a ideologia progressista politicamente correta —, que por sua vez expressa total intolerância para com dissidentes, livres pensadores e pessoas comuns em geral.

Não há dúvida de que a ideologia progressista, nos últimos anos, passou a ocupar espaços cada vez mais amplos na sociedade. Nas universidades, nos bancos, nas grandes corporações, nas redes de televisão, nos outdoors, na propaganda e na publicidade, podemos dizer que o progressismo — em todas as suas vertentes — tornou-se onipresente. Desafiá-lo, no ocidente, é desafiar a ordem social vigente. Atualmente, uma pessoa deve ter muita coragem para divergir do totalitarismo progressista e expressar opiniões ou posicionamentos que não estão perfeitamente alinhados com a ditadura politicamente correta.

Se você é corajoso o suficiente para expressar a sua opinião à respeito de qualquer assunto — e sua opinião diverge da ditadura politicamente correta —, você será invariavelmente acusado de alguma coisa. “Discurso de ódio”, “Fake News”, “masculinidade tóxica” ou “negacionismo” são algumas das principais acusações. Posteriormente, lhe aplicarão algum rótulo — como “extremista radical”, “fascista”, “xenófobo” ou “misógino”, entre outros.

Sem dúvida, a ideologia progressista e a ditadura politicamente correta apertam as pessoas de todos os lados. Essas bestialidades autoritárias estão esmagando a sociedade de cima para baixo, através das imposições verticais do sistema político, que busca dominar a sociedade através de uma jurisprudência cada vez mais tirânica e arbitrária; mas, circunjacente a isso, temos também na sociedade a presença de verdadeiras turbas de militantes histéricos e agressivos — a patrulha ideológica —, que monitoram sistematicamente as redes sociais em busca de dissidentes, rebeldes e livres pensadores, com ampla disposição para rotular como fascista, radical ou extremista qualquer pessoa que não lhes pareça um fundamentalista progressista fanático.

Os ambientes acadêmicos e corporativos também estão saturados de progressismo. Universidades por todo o ocidente se tornaram verdadeiros sanatórios, redutos esquizofrênicos habitados por militantes de cabelos coloridos, normalmente entorpecidos e dados a surtos histéricos de neurastenia patológica, com diretórios acadêmicos enfeitados com as emblemáticas bandeiras exibindo as cores do arco-íris, marchas frequentes a favor de alguma causa irracional como igualitarismo e protestos em favor dos direitos do público transgênero. Um ambiente completamente insalubre para o conhecimento, para o livre fluxo de informações, para a troca de ideias, para o crescimento intelectual e para o desenvolvimento de pessoas sadias. As universidades são locais onde o autoritarismo militante é monolítico, a hostilidade por quem não está perfeitamente alinhado a todos os postulados da ideologia progressista é palpável e os pouquíssimos estudantes sadios que não são corrompidos pelo ambiente acadêmico altamente maledicente e opressivo geralmente são perseguidos em virtude de seus posicionamentos divergentes.

Os ambientes corporativos, da mesma forma, estão adotando com fervor e dedicação diversos aspectos da ideologia progressista; o mais assustador é que fazem isso mesmo quando tal estratégia não dá lucro ou quando o grande público boicota abertamente os seus produtos. Bancos, grandes conglomerados, companhias alimentícias — praticamente todas as grandes empresas estão adotando com fervor algum aspecto da ideologia progressista. Seja o identitarismo, o apoio ao movimento transgênero, a adoção da bandeira LGBT com as cores do arco-íris, ou a modificação da logomarca da companhia para acompanhar alguma moda progressista, tornou-se francamente evidente que as grandes corporações também foram totalmente contaminadas pelo lobby político-ideológico do fascismo reverso multicolorido. E estão ostensivamente preocupadas em atender às exigências desse lobby.

Essa invasão da ideologia progressista a todas as áreas de atuação da sociedade, bem como sua hedionda onipresença — está nas novelas, nos filmes, nos outdoors, na televisão, nas propagandas, nas redes sociais, literalmente em todos os lugares para onde você olhar —, mostra que a sociedade está sofrendo uma imposição cultural vertical, de cima para baixo, executada com o propósito de fazer as pessoas mudarem drasticamente seus hábitos, valores e crenças.

Ou seja, existe claramente uma tentativa de forçar alterações na sociedade, para moldá-la de acordo com o sistema ideológico da agenda progressista politicamente correta. Em muitos países ocidentais, incluindo o Brasil, um grande expurgo está em andamento, tendo como alvo diversas pessoas — tanto famosas como anônimas —, que de alguma forma não são submissas a essa agenda e a desafiam abertamente. Esse conflito expõe, de forma didática, a incompatibilidade existente entre as liberdades individuais e a agenda progressista. Para garantir a sua supremacia e a sua hegemonia na sociedade, a ditadura politicamente correta precisa necessariamente se empenhar arduamente na dilaceração e na supressão da liberdade.

Diante de tudo o que está acontecendo, os fatos não dão margem para quaisquer dúvidas — atualmente presenciamos a implementação da ditadura do pensamento único. A mensagem do sistema é muito clara: se você é progressista, continue assim. Se você não é, ajuste-se. Mude os seus pensamentos, suas crenças, seus hábitos, suas convicções e suas opiniões. Faça as alterações necessárias no seu estilo de vida. Caso contrário, você será caçado, processado, multado, encarcerado e penalizado de alguma maneira.

Infelizmente, a perseguição a quem não é submisso a agenda progressista já está em andamento. Começou há alguns anos, gradualmente se expandiu e foi se tornando cada vez mais implacável. O que acontece hoje, em praticamente todos os ambientes culturais, sociais, políticos, religiosos e corporativos, é um verdadeiro expurgo, uma limpeza geral. Uma varredura está em execução, e todos aqueles que caem no radar do sistema acabam sendo, de alguma forma, penalizados.

Atualmente, comediantes, humoristas, jornalistas, atores, escritores e esportistas que dão declarações ou emitem posicionamentos que divergem da ditadura do pensamento único são perseguidos, cancelados ou até mesmo processados. Absolutamente nenhuma área foi deixada incólume ou está segura. Até mesmo clássicos da literatura estão sendo revisitados, em uma sórdida e deplorável espécie de limpeza retroativa. Obras que não passam pelo filtro politicamente correto são condenadas. Autores há muito tempo falecidos estão sendo postumamente expurgados, e alguns ganharão versões politicamente corretas de suas obras, como Roald Dahl, nos Estados Unidos, e Monteiro Lobato, aqui no Brasil.

É evidente que esta situação não é aceitável de nenhuma forma, maneira ou circunstância. Não obstante, a maioria da sociedade está cedendo à pressão politicamente correta, e continuará a ceder. Basta ver como os conservadores estão lidando com o problema. Acovardados, a maioria deles simplesmente se resignou a fingir que absolutamente nada está acontecendo. Estão sendo ostensivamente condescendentes e submissos à hegemonia da ditadura do pensamento único. Não ousam sequer abordar ou discutir o problema, muito menos agir em favor da liberdade.

Salvo raras exceções, os conservadores não estão lá fora protestando contra a supressão das liberdades individuais, contra a censura, contra a perseguição institucionalizada ou contra a ideologia de gênero. Quando a linguagem neutra for imposta como obrigatória, eles irão aderir com entusiasmo, vão dizer que “é a lei”, que “tem que ser cumprida” e justificarão esta arbitrariedade alegando que isso é inclusivo. Em questão de pouco tempo, estarão até mesmo usando camisetas coloridas, com as cores do arco-íris e sendo adeptos do poliamor, alegando que relacionamentos tradicionais são opressivos demais para as mulheres. Convém lembrar que Eduardo Bolsonaro, deputado tão cultuado pela direita, votou a favor do PL que teve como consequência a criminalização do humor.

Então elimine os conservadores da equação. E por um fator muito simples — em sua vasta maioria, os autoproclamados conservadores não são conservadores de verdade. Suas ações (ou a falta delas) provam isto, para além de qualquer dúvida. Eles não estão lutando pela sua liberdade, nem estão protestando contra a deturpação politicamente correta na literatura brasileira, ou fazendo fervorosa oposição à linguagem neutra, pela integridade da língua portuguesa. E tenha certeza absoluta de que eles não farão nenhuma oposição contundente ao sistema, sob hipótese alguma. Gradualmente, eles estão cedendo a todas as demandas da ditadura politicamente correta. Quando muito, manifestam alguma indignação — bastante comedida, diga-se de passagem — em uma rede social qualquer.

Os conservadores atuais são — na melhor das hipóteses — aceleracionistas oportunamente conduzidos pelo deslocamento contínuo da janela de Overton, obtusos e defenestrados pela própria ignorância, que atuam como massa de manobra da guerra cultural, moldados de acordo com os interesses políticos e corporativos da engenharia social progressista. Na melhor das hipóteses, eles são crias nefastas do positivismo republicano institucional, trabalhando como idiotas úteis (ou covardes inúteis) para a plena consolidação do totalitarismo progressista vigente. Como eles não formam nenhuma barreira de resistência ativa e coesa contra o sistema e contra o avanço da ditadura politicamente correta, é evidente que eles estão sendo ostensivamente condescendentes com o estabelecimento da hegemonia do pensamento único.

Invariavelmente — como a pressão está vindo de todos os lados —, acaba sendo natural que apenas uma diminuta minoria faça resistência. Conforme o sistema vai se tornando cada vez mais tirânico, opressivo e autoritário, apenas um remanescente irá resistir com fervor e bravura, mantendo a chama das liberdades individuais acesa. Chama que, infelizmente, está por um fio de se apagar. Conforme a ditadura do pensamento único avança, a liberdade vai definhando.

A presente situação é difícil, e não existe um diagnóstico fácil para o triunfo da liberdade. Não obstante, uma coisa é certa — o totalitarismo não vai parar sozinho. A hora da ação e da resistência ativa chegou.

3 COMENTÁRIOS

  1. Vale a pena frisar que a ditadura do discurso hegemônico também faz parte de grupelhos espiritualmente corretos – moralmente corretos, ungidamente corretos, psicoticamente corretos – sempre ultrapreocupados com a sensibilidade cristã e os bons costumes alheios. Me refiro a certos grupinhos do Telegram que se autointitulam “os escolhidos”, geralmente são grupos mais ou menos hegemônicos de cristãos católicos ou protestantes altamente sensíveis a temas espinhosos.

    Geralmente são os administradores desses grupos quem aparentemente definem quem será salvo ou não do grande martelo da justiça social e dos benefícios de viver no além-mundo ou no ostracismo terrestre. Os administradores desses grupos seguem a cartilha do limpinho, engomadinho e bonitinho que o Kogos corretamente espinafra com ódio no Ocidente em Fúria.

    Recentemente fui banido de um grupo pentelhíssimo do Telegram de um famoso criador de conteúdo do YouTube. Escrevi um texto ácido e altamente explosivo sobre as “Desmodelos” – modelos de feiúra gratuita as quais pretendem servir à nova engenharia social estética com o seguinte slogan: “quem precisa de beleza?”

    Foi seguindo esse mote que redigi um texto que acredito ter sido o motivo de minha expulsão. Nesse texto eu argumentei que em quase todas as peças publicitárias do metrô da minha estação na Zona Norte do Rio de Janeiro, todas as modelos eram negras, raquíticas e feias. Modelos brancas (e feias) necessariamente eram gordas, ultratauadas e cheias de vergalhão prateado atravessando a cara. Todos os homens eram betas (manginões) e, necessariamente, usavam black power.

    Todos notamos que majoritariamente as peças publicitárias na TV só mostram famílias afro trinchando o peru de natal. Não por acaso, o papai noel afro bateu à porta momentos antes. Essa parte do vídeo costumava ser editada; hoje sequer é filmada. Mas as campanhas da Sadia & Mortandela (sic), Natura Fétida & Magalacra já não enviam peru para famílias afro pobres. Famílias afro pobres só ilustram campanha para insuflar votos para o candidato mais esquerdista. E claro, nessas famílias não há a menor chance de receberem a caridade alheia.

    Como a caridade alheia pode ser confundida com algum símbolo que denote cristandade, o Santa Claus (São Nicolau) jamais roçará o saco na porta de uma família afro de comercial woke. Aquele tão desejado iphone já estará previamente embalado debaixo da árvore de natal de luxo dessa novíssima família afroluxo. Quem precisa de caridade quando a nova visão sobre os negros precisa ostentar que prosperaram demais a ponto de gofar o caviar beluga na lapela do Armani?

    O que me interessa nessa denúncia é o seguinte: percebi que os três maiores pecados do ocidente são:

    Se curvar à ditadura do discurso e falar como quem aceita os termos semânticos do inimigo (esse pecado quem notou foi o Olavão a respeito do caso do médico abortista George Tiller assassinado dentro da igreja em Wichita, Kansas).
    Se ofender por procuração (nesse grupo do qual fui expulso quaisquer críticas ao dono do grupo era visto como descortesia e falta do que fazer)
    Sempre sinalizar virtude (particularmente nesse grupo havia uma católica que dizia sempre que seu único interesse era por questões teológicas; que tudo no mundo inexoravelmente caía no teológico, até o ranço que ela sentia por ateus era teológico. Até essa sanha teologal de ser teologicamente correta era teológico. Fico imaginando se dá pra ter ereções teologais com uma mulher desse naipe…)

    Compartilho a dor do autor desse artigo com a maldita censura. Vida longa para esse site e meus parabéns por mais um excelente artigo.

    • Entendi seus argumentos.
      E como o Olavo dizia, que essa ditadura do discurso, pensamento, etc, só aumenta pois a maioria se cala e aceita, com receio de ser cancelado, e etc.
      Vida longa aos que pensam fora da matrix, que não se permitem manipular nem calar a verdade!

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