Diário de uma psicose: relatos da histeria da Covid

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No prefácio deste excelente livro, o eminente médico da Universidade de Stanford, Dr. Jay Bhattacharya, faz uma afirmação cativante. Ele diz que as pessoas muitas vezes cometem erros ao relembrar o passado porque confundem ter a intenção de fazer algo com realmente tê-lo feito. Essa confusão é mais provável de ocorrer sob estresse emocional, e o que poderia ser mais estressante do que o pesadelo da Covid que durou a maior parte de quatro anos? Nessas circunstâncias, é especialmente valioso ter um registro contemporâneo do que aconteceu, para que eventos passados possam ser reconstruídos com precisão.

Não há ninguém mais capaz de fornecer tal registro do que Tom Woods, que combina uma fina inteligência crítica com uma profunda devoção à liberdade, e foi exatamente isso que ele fez em Diário de uma Psicose. O livro não contém descrições de todos os dias daqueles anos tumultuados, mas há itens suficientes para que o leitor tenha uma noção vívida do que aconteceu.

À medida que os relatos de “picos” de mortes por Covid se multiplicavam na imprensa, era difícil manter a cabeça fria. O que poderia ser feito para reduzir a propagação da doença? Em um momento de pânico, alimentado por reportagens sensacionalistas na grande mídia, era difícil para a maioria das pessoas aceitar que a resposta era “não fazer praticamente nada”.

As autoridades de saúde pública, tanto respondendo quanto incentivando demandas para “fazer algo”, exigiram que o público fosse submetido a mudanças drásticas em suas vidas. Tivemos que usar máscaras que obstruíam a respiração, ficamos restritos nas horas que podíamos sair de casa e muitos comércios foram fechados. No início, nos disseram que isso era apenas por um breve período para “achatar a curva”, mas o tempo logo foi estendido. Aqueles que não queriam obedecer eram informados de que deveriam “seguir a ciência”, e aqueles que ainda se recusavam muitas vezes eram impedidos de entrar em estabelecimentos comerciais, até mesmo para comprar itens essenciais.

Mesmo que essas severas imposições à liberdade “funcionassem”, precisaríamos perguntar: “O preço valeu a pena pagar?” Tom Woods teve a sagacidade de fazer outra pergunta, que precisa ser respondida antes da primeira: “As restrições funcionaram?” Se não funcionaram, não adiantaria perguntar se precisávamos pagar o preço, porque o que estaríamos comprando não valia nada.

Woods não encontrou evidências de que os “lockdowns” e medidas associadas funcionassem. Você pode objetar que ele não é um cientista nas áreas relevantes e, portanto, não está preparado para responder à pergunta, mas para essa objeção, ele tem uma resposta convincente, frequentemente reiterada no livro. Se compararmos nações e estados semelhantes que variaram no rigor das restrições que impuseram, descobrimos que a região menos restritiva se sai pelo menos tão bem, e às vezes melhor, do que sua região de comparação mais restritiva.

Woods, em particular, observa que a Suécia, onde grande parte da vida transcorreu normalmente, não se saiu muito pior que a Bélgica e a Holanda, e a Flórida, relativamente “livre”, muitas vezes tiveram um desempenho melhor do que o de estados vizinhos que foram mais restritivos. Não houve correlação entre a severidade da restrição e a redução no número de casos ou mortes por Covid. A esse respeito, Woods faz um excelente ponto filosófico. Na ausência de correlação, não devemos dizer que as medidas restritivas foram eficazes. Woods coloca o ponto desta forma: “Todos sabemos que a correlação não prova causalidade. Mas é plausível ter causalidade sem correlação?” (Existem alguns contraexemplos possíveis, dependendo do que se entende por causalidade, mas eles não são relevantes para nossos propósitos.)

Podemos agora voltar à pergunta anterior, devidamente modificada: “Mesmo que as restrições tivessem tido algum efeito positivo, o preço teria valido a pena pagar?” Temos muitas razões para pensar que não teria valido.

Primeiro, a Covid não atingiu todas as faixas etárias igualmente: grande parte das mortes ocorreu em pessoas de idade avançada e, entre as crianças, o perigo de morte ou mesmo de incapacidade grave era minúsculo. Não teria feito mais sentido, então, concentrar os cuidados nos idosos, deixando aqueles em menor risco livres para fazer suas atividades diárias? Eminentes especialistas, incluindo o Dr. Bhattacharya, insistiram precisamente nesse curso de ação na “Declaração de Great Barrington“, mas por ousarem desafiar a narrativa oficial, foram vilipendiados pelo fétido Dr. Anthony Fauci, que fez de tudo para que eles fossem censurados e sancionados.

Como mencionado anteriormente, as crianças eram o grupo de menor risco, mas eram as mais vulneráveis às restrições. Crianças que não podem brincar com os outros ou ver seus rostos passam a sofrer graves problemas sociais, e para isso as evidências são esmagadoras. E não são o único grupo a sofrer. Muitas pessoas foram impedidas de ter acesso a seus entes queridos, impedidas de participar de cultos religiosos e incapazes de enterrar seus mortos. (Sobre esta última questão, merecem leitura as pungentes reflexões do filósofo italiano Giorgio Agamben: veja aqui minha resenha.

Woods generaliza a questão em jogo nessas restrições, fazendo outro ponto de grande interesse filosófico: vale a pena viver uma vida desprovida de atividades e relacionamentos humanos comuns? Não deveríamos estar dispostos a aceitar algum risco para ter a chance de viver uma vida normal? Como diz Woods, em postagem datada de 22 de abril de 2020:

     O último truque do Time Apocalipse é perguntar: ‘Você comeria um punhado de balas de um pote de 100 em que apenas uma foi envenenada? Isso deveria me convencer que esconder-me em minha casa é a única resposta racional à Covid. O caso está sendo exposto assim: ‘Você comeria alguma coisa se houvesse a chance de ser veneno?’ Bem, depende do que eu sofreria se não comesse. As pessoas que usam essa analogia estão sugerindo erroneamente que minha única preocupação possível é a Covid. Mas também tenho outras preocupações – como por exemplo, não passar meses e possivelmente anos vivendo como um vegetal. Quando eu enfio a mão no pote de balas, eles estão sugerindo que isso é o equivalente a voltar à vida normal e correr um risco. Mas sim, estou preparado para correr esse risco porque quero uma vida que valha a pena ser vivida. (grifos no original)

Quando as tão alardeadas vacinas apareceram em cena, basta dizer que as perspectivas de liberdade não melhoraram. As vacinas resultaram em muitas mortes e feridos, e sob o famigerado sistema de “passaportes de vacina”, aqueles que se recusavam a “tomar a vacina” muitas vezes perdiam seus empregos e eram perseguidos e assediados.

Woods exibe no livro seu costumeiro dom de expressar clara e contundentemente verdades básicas. Ele chega ao cerne das coisas, e eu recomendo Diário de uma Psicose.

 

 

 

Artigo original aqui

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