O corte de gastos, ou: a maravilhosa retórica do nosso governo

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Paulo BernardoO governo está alardeando que vai cortar R$10 bilhões nos gastos orçamentários.  A mídia, obviamente, caiu no conto e o divulga com fidelidade canina.  Ninguém questiona nada, ninguém comenta nada.  Vida que segue.

A notícia é boa?  Seria ótima se fosse verdade.  O fato é que estamos diante de uma empulhação grotesca.

Até onde se sabe, a palavra “corte” deveria significar exatamente isso: cortar gastos, reduzir o nível das despesas, fazer com que o orçamento deste ano seja menor que o do ano passado.  Um sujeito acostumado a gastar R$ 3 mil por mês estará cortando gastos caso passe a gastar R$ 2 mil reais por mês.  Isso, sim, é um real corte de gastos.

E o que o governo propõe?  Simples.  Reduzir os gastosprevistos para esse ano, que são maiores que os do ano passado.

A vigarice funciona assim: no ano passado, a despesa total foi estimada em R$ 1.664.747.856.320,00.  Para esse ano, o orçamento previsto é de R$ 1.832.823.010.022,00.  Ou seja: um aumento de módicos R$ 168.075.153.702de um ano para o outro.

E o que o governo está dizendo? Que vai cortar 10 bilhões desse aumento de 168 bilhões.  Ou seja: o tão propalado corte de gastos significa na verdade um aumento de gastos um pouquinho menor que o previsto.  E a mídia cai na conversa!

Ora, já que é assim, fica aqui a minha dica para o governo: planeje um orçamento de 5 trilhões e, logo em seguida, diga que vai fazer um corte de gastos de 3 trilhões, ficando, no final, com um orçamento ainda maior que o original, que é de 1,8 trilhão.  O governo estará aumentando os gastos e, de quebra, ainda ganhará a fama de ser fiscalmente responsável e inflexível com os gastos públicos.

 

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