Sim, siga a ciência – em todos os campos

2
Tempo estimado de leitura: 10 minutos

Repetidamente esse ano temos ouvido a admoestação, dos acólitos das quarentenas da covid-19, para “seguir a ciência.” Muitos dos admoestadores presumem que os céticos das quarentenas são descrentes míopes “anti ciência” infectados com um desrespeito imprudente pela saúde, segurança e vida humanas. Sim, algumas pessoas são tão emocionais, fóbicas, religiosas, ou políticas que elas não podem raciocinar direito, mas não pode haver nenhum ceticismo racional, saudável, sobre os efeitos na saúde da covida-19 ou os efeitos das quarentenas sobre a saúde e a prosperidade? Nada poderia estar mais longe da verdade – nada poderia estar mais longe da… ciência.

Sim, claro devemos seguir a ciência, mas devemos segui-la em todos os campos, não apenas em epidemiologia, mas também em política, economia e filosofia. O último campo mencionado – que significa “amor ao conhecimento” – ensina a humanidade a seguir sua natureza, a ser racional, lógica, objetiva, e contextual. Ser científico em todos os campos significa incorporar ambas teoria e prática para avaliar todos os fatores reais e relevantes, não apenas uns poucos deles; significa cultivar uma perspectiva que seja igualmente imparcial (não tendenciosa), abrangente (não restrita) e proporcional (não desequilibrada).

Em Economia numa única lição (1946), Henry Hazlitt distingue métodos científicos e não científicos em economia, mas sua distinção se aplica também a outros campos. “O mau economista”, ele escreve, “vê apenas o que lhe salta aos olhos imediatamente,” enquanto que “o bom economista também olha além. O mau economista vê apenas as consequências diretas de um curso proposto; o bom economista olha também para as consequências mais longas e indiretas. O mau economista vê apenas o que o efeito de uma política foi ou será em um grupo particular; o bom economista pergunta também qual efeito a política terá em todos os grupos.” Da mesma forma, eu diria, competentes epidemiologistas, cientistas políticos, economistas e filósofos devem olhar além daquilo que lhes salta aos olhos ou se encaixa em suas predileções; eles também devem considerar os efeitos a médio e longo prazo, e os efeitos em todos os tipos de pessoas, grupos, e meios de vida, não apenas naqueles que os burocratas consideram “essenciais”.

O propósito de se “seguir a ciência” em todos os campos é melhor compreendido nas palavras imortais de Ben Franklin: ser “saudável, próspero e sábio.” Mas, para ser franco, nem todo mundo compartilha desses objetivos ou quer esse tipo de mundo, pois esse é um mundo que apenas a razão, ciência, liberdade e capitalismo podem entregar. Como Alfred Pennington uma vez observou: “Alguns homens só querem ver o circo pegar fogo.”

Os admoestadores mais veementes de hoje toleram a microgerência e o controle político-burocrático, eles parecem amar constranger pessoas inocentes para que elas obedeçam a éditos draconianos e sufocantes. Se milhões devem se sacrificar e sofrer, e daí? A maioria das religiões (seculares ou não) dizem que isso significa “virtude.” Os bullies da covid-19 usam a linguagem da ciência para se protegerem das críticas e disfarçar seus objetivos nefastos; eles parecem perceber que a maioria das pessoas ainda respeita a ciência (não o despotismo).

A etimologia de “ciência” se origina no século XIV e deriva do Latim scientia, que deriva de scire (“saber”). Nosso conhecimento é o acúmulo de tudo o que conhecemos – e conhecer algo é saber que é verdade, que deriva e corresponde com a realidade. Como humanos, somos fundamentalmente distintos de outros animais e organismos por possuirmos a faculdade da razão; nós somos homo sapiens (do Latim, sapere – “saber”). Ademais, e mais importante, nós sabemos que o conhecimento não vem automaticamente, e com certeza não provém da fé, revelação ou intuição. Os pensadores do Iluminismo ensinaram a humanidade que o conhecimento vem somente da razão aplicada – uma ferramenta volicional. Nós devemos usar a experiência, a evidência sensorial, e as leis da lógica para verificar nossas hipóteses e teorias – i.e., para estabelecer suas verdades. A verificação é o processo de estabelecer uma “verdade” (do Latim, veritas).

A ciência tem três importantes componentes, cada um deles é necessário para adquirir conhecimento confiável: descrição, explicação e predição. Descrição é a observação precisa dos fatos, solicitando uma cuidadosa junção de dados e classificação. Explicação é a provisão de teorias válidas de como e por que os fatos são como são, solicitando um cuidadoso rastreamento e explicação das causas e efeitos. Predição usa fatos e teorias para projetar o futuro, o que nos ajuda a antecipar, planejar, preparar, agir e prosperar. A mera descrição desprovida de explicação ou predição não é nada além de crônica jornalística daquilo que é. Explicação desprovida de fatos é mera suposição, afirmação ou especulação; meramente supor, como muitos fazem hoje, significa não provar definitivamente, mas apenas “supor que alguma coisa seja verdade sem ter evidência para confirmá-la.” Finalmente, se teorias válidas (aquelas que correspondem com os fatos da realidade) têm valor prático, elas também devem ter poder preditivo.

Agora vamos considerar o status atual de ciência (e do que não é ciência) na epidemiologia, política (governança), economia (produção) e filosofia (epistemologia e moralidade) contemporâneas.

A epidemiologia científica cuidadosamente coleta e classifica os fatos relevantes associados com a doença (ou vírus), identifica suas origens e efeitos, e aconselha sobre mitigadores ou remédios. Os antigos (Hipócrates) tinham uma vaga ideia sobre isso, mas o campo moderno foi efetivamente inaugurado na metade do Século XIX em Londres quando John Snow, um médico, parou a mortal cólera ao investigar, mapear e apontar sua fonte (água contaminada na bomba da Rua Broad). Por duas décadas até o trabalho de Snow em 1854, enquanto não cientistas forçaram teorias malucas, dezenas de milhares de pessoas morreram de cólera. Snow também foi pioneiro no desenvolvimento da higiene médica e anestesia.

Em geral, a investigação da covid-19 tem sido científica. Alguns dos melhores trabalhos foram realizados pelas muito difamadas empresas farmacêuticas (e.g., Pfizer, Moderna, AstraZeneca) durante o desenvolvimento das vacinas. Em geral, a ciência motivada comercialmente é mais prática do que a ciência puramente acadêmica e menos corrupta que a ciência apoiada politicamente. Tragicamente, muitas agências de saúde politizadas em 2020 – e.g., a OMS (Organização Mundial da Saúde), o CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA), a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos), o NIH (Instituto Nacional de Saúde) e o HHS (Serviços Humanos e de Saúde) – deram voz e poder indevidos a uma ampla gama de charlatões e políticos incompetentes na comunidade epidemiológica. Essas agências publicizaram e empoderaram vários charlatões que negaram a fonte da covid-19, superestimaram a eficácia de seus mitigantes (uso de máscaras, distanciamento social, quarentenas), ou exageraram sua positividade e letalidade (de forma geral e por subgrupos). Como a AIER descreveu, “Os Modeladores Consideraram Tudo Menos a Realidade.”

Epidemiologistas nada científicos, embora provavelmente uma pequena fração de todos os epidemiologistas, desfrutaram de uma influência desproporcionalmente maior nos círculos políticos, especialmente entre aqueles com predileções paternalistas (pré-Covid-19) pelo autoritarismo. Os promulgadores de decretos mais severos têm sido ávidos em seguir os epidemiologistas que menos seguem a ciência.

Embora a ciência não seja estabelecida por mera concordância entre mentes (ou por votações), o New York Times recentemente conduziu uma “pesquisa informal” de 700 epidemiologistas, perguntando que precauções eles têm tomado em relação à covid-19 e o que colocaria um fim as quarentenas. A grande maioria dos entrevistados disse ter se enclausurado e que “mesmo com as vacinas a caminho, muitos não esperam que suas vidas retornem ao normal pré pandemia até que a maioria dos cidadãos [pelo menos 70%] sejam vacinados.” De fato, “muitos disseram que mesmo com as vacinas, provavelmente levaria um ano ou mais para que muitas atividades retornem de forma segura, e que algumas partes de suas vidas talvez nunca retornem a ser o que eram antes.” Isso parece ser uma atitude excessivamente cautelosa, senão fóbica (medo irracional), dado que as taxas de letalidade da covid-19 caíram esse ano, antes de qualquer vacina (gráfico abaixo). Fobias, sendo irracionais, nunca são apoiadas pela razão ou ciência (pela psicologia); talvez seja esse o caso entre os epidemiologistas entrevistados pelo New York Times, não entre epidemiologistas em geral.

Em março, antes da imposição das severas quarentenas, o mesmo New York Times relatou que a política de saúde pública sobre a covid-19 estava sendo dirigida pelo trabalho do epidemiologista britânico Neil Ferguson do Imperial College of London – que depois foi exposto como um charlatão. Mesmo considerando o uso de máscaras e distanciamento social, seu time de cinquenta epidemiologistas estimaram que em 2020 o Reino Unido veria 510.000 mortes por covid-19 enquanto os Estados Unidos teria 2.2 milhões.

Os fatos? A ciência? Quão boa era a predição de Ferguson? Vamos ver. Até agora, as mortes totalizam apenas 65.520 no Reino Unido (14% da estimativa de Ferguson) e 307.642 nos Estados Unidos (13% de sua estimativa). Nem mesmo o total global de mortes por covid-19 chegou a 2 milhões (está agora em apenas 1.65 milhões, meros 0,021% da população global). Para aqueles com menos de 70 anos que contraem a covid-19, a taxa de sobrevivência é bastante alta (99,94%). Por causa disso, dúzias das maiores economias do mundo foram fechadas enquanto milhões de vidas e meios de vida foram arruinados. Esse não é um caso de “seguir a ciência”. Muitos epidemiologistas fóbicos e de visão estreita permitiram que seu trabalho fosse contaminado e, pior, transformado em arma pelos déspotas políticos no setor da “saúde pública”.

Taxa de Fatalidade de Casos da covid-19 (proporção de mortes confirmadas para casos confirmados)

Por décadas, mas especialmente em 2020, temos visto os efeitos terríveis da “ciência lixo” – i.e., “o uso de dados e análises científicas deficientes para fazer avançar interesses especiais e agendas ocultas” – e a vasta gama de políticas públicas errôneas que dependem dela. Também podemos observar uma politização bipartidária da saúde pública, refletindo defeitos mais profundos nas ciências da saúde, bem como na ciência política.

E a ciência política? Ela foi seguida em 2020? Ela mostra que a governança pública (ação estatal) necessariamente implica em coerção e, portanto, deveria ser implantada cuidadosa, moderada e legitimamente – por este último critério, apenas em retaliação contra aqueles que iniciam a agressão. O estado legítimo não inicia agressão contra inocentes. Isso seria despotismo. Um estado adequado é constitucionalmente restrito à proteção dos direitos dos indivíduos; suas principais funções, portanto, incluem defesa nacional, polícia e tribunais. O estado adequado necessariamente defende o estado de direito.

A escola de ciência política da “escolha pública” ainda demonstra que os atores políticos não são, de forma alguma, “servidores públicos” angelicais ou oniscientes, e não menos egoístas do que os atores econômicos, mas propensos especificamente a abusar do poder, sem uma separação constitucional (em poderes executivo, legislativo e judicial) com pesos e contrapesos. O estado legítimo evita ambos o despotismo e o paternalismo, deixando um amplo escopo para a governança privada voluntária.  É dessa forma que a ciência política modela o estado ideal: um que promova e preserve o bem estar humano, seja ele manifestado como liberdade, segurança ou prosperidade. O estado estruturado cientificamente e operado judiciosamente mantém um equilíbrio; não prioriza um aspecto do bem estar humano em detrimento de outro, nem opõe saúde à riqueza ou sacrifica este por aquele.

Obviamente, em 2020, nós não temos visto políticos eleitos (ou seus conselheiros) “seguindo a ciência” da política. Armados com uma epidemiologia dúbia e conceitos irreais de “política de saúde pública”, eles têm imposto quarentenas autoritárias; eles violaram os direitos de associação, culto, expressão, vida e trabalho (ganhar o sustento); eles corroeram severamente a liberdade, segurança e prosperidade humana. Eles também permitiram (e deixaram impunes) tumultos, saques e incêndios criminosos. Eles toleraram uma disseminação do “estado de ilegalidade” nas ruas e nos sistemas de votação.

E a ciência econômica? Ela ensina que a produção de riqueza deve ser primária, a principal característica de uma prosperidade sempre expansiva e durável, que necessariamente precede a troca e o consumo da riqueza. A economia ensina que a produção é conduzida pela inteligência criativa, energia empreendedora, e motivada pelo lucro. Pessoas em qualquer fase da produção obtém grande valor, autoestima e orgulho de um trabalho bem feito. A ciência econômica ainda demonstra como a propriedade privada, a inviolabilidade do contrato, um sistema de preços livre e flexível, taxação justa, dinheiro sólido, livre comércio e regulamentações leves são prerrequisitos indispensáveis da prosperidade (e bem estar humano).

Infelizmente, em 2020 nós não vimos os legisladores (ou conselheiros) “seguir a ciência” da economia. As quarentenas foram acompanhadas por uma violação generalizada da propriedade e dos direitos comerciais, incluindo o direito de ter, abrir e operar negócios, o direito de trabalhar e trocar, de comprar pessoalmente, de viajar ou congregar, de aproveitar entretenimentos públicos. As licenças para fazer negócios – que já restringem os direitos em si – foram rotineiramente revogadas como meios para punir e criminalizar os recalcitrantes (aqueles que desejam continuar trabalhando para viver). Não há evidência científica alguma de que o fechamento obrigatório dos negócios mitigou materialmente a letalidade da covid-19; mas há ampla evidência de que os fechamentos corroeram a liberdade, prosperidade, solvência e sanidade.

A ciência econômica também não foi seguida no que diz respeito as finanças públicas. Os chamados esquemas de “estímulo”, com cascatas de nova emissão de dinheiro público e dívida pública, são depressivos, na verdade, uma vez que apenas desviam e dividem a riqueza existente, ao mesmo tempo que restringem os incentivos para criar mais riqueza. Tampouco a riqueza é criada por gastos públicos deficitários com desempregados – por trabalho não realizado (“seguro-desemprego”). O governo federal americano gastou $6,5 trilhões no ano fiscal de 2020 (até 30 de setembro), mais de 47% do ano anterior, o maior aumento desde a Guerra da Coréia (1952) e quase o triplo do aumento durante o ano da recessão de 2009 (+17%). A dívida bruta federal é de $27,5 trilhões agora (128% do PIB). Enquanto isso, o Banco Central aumentou a oferta de moeda (M-1) em 53% no ano passado, o maior aumento registrado (desde 1914). Nada disso “estimulou” produção real.

A ciência da economia é clara: a produção de dinheiro e dívida não é equivalente à produção de riqueza real. Dizer o contrário é seguir a fantasia, não a realidade – ou a ciência.

A filosofia é a mais importante ciência de todas, porque determina o status e a saúde das outras. Entre outras coisas, ela nos ensina como descobrir e validar o conhecimento (epistemologia) e como viver virtuosamente, de acordo com nossa natureza única (moralidade). A menos que a epistemologia e a moralidade sejam igualmente racionais, lógicas e baseadas na realidade, elas não serão científicas – e nem os seus derivados, as ciências naturais e as ciências sociais. Da mesma forma que uma epistemologia defeituosa gera ciência lixo, a moralidade defeituosa gera governança lixo. A moralidade do egoísmo racional, derivado cientificamente da natureza humana, fundamentam as versões científicas da psicologia, política e economia. Mas note: o egoísmo é precisamente a moralidade mais veementemente desdenhada e negada pelos filósofos contemporâneos, que preferem apregoar a suposta “nobreza” do sacrifício altruísta. Bem, como eles devem ter desejado, 2020 viu consideráveis dor, sofrimento e sacrifício – sem nenhum bom propósito. Aqueles que demandam pelo fim das quarentenas são vilipendiados como egoístas buscando riqueza em detrimento da saúde.

Pelo lado bom, podemos ser gratos que algumas pessoas ainda recorrem à ciência ao invés de à fé, revelação ou fantasia. Mas quantos são genuínos? A arte do engano é praticada por obcecados por controle, charlatões e adeptos do pensamento de grupo que desejam impor suas vontades em prol do “bem da sociedade”. Nas palavras de Rahm Emanuel, conselheiro do Presidente Obama, “Nunca desperdice uma grande crise”, significando “uma oportunidade de fazer coisas que você não poderia fazer antes”. Para resumir, políticas imprudentes que seriam rejeitadas em tempos normais e razoáveis são mais facilmente adotadas em meio a fobias e tempos caóticos – quando o medo e o mero achismo substituem a razão e a ciência. A atriz Jane Fonda disse recentemente que nós somos “sortudos por estarmos vivos em um momento em que decisões podem fazer a diferença entre centenas de milhões de pessoas vivendo ou morrendo”, acrescentando que “a covid é o presente de Deus para a esquerda.” De fato. “Alguns homens (e mulheres) só querem ver o circo pegar fogo.”

Se a ciência tivesse sido seguida em 2020 – em todos os campos – nós estaríamos muito mais saudáveis e ricos do que estamos agora. Mas os obcecados por controle usaram a covid-19 para justificar ainda mais controle governamental, ainda mais estatismo. Em todos os campos eles citaram o caos como uma (suposta) razão para “reimaginar” (i.e., sabotar) o capitalismo – um sistema que eles já odiavam, antes do vírus – para promover o despotismo, um sistema que eles já preferiam. Para tais pessoas, as crises são bem vindas, se necessário, até mesmo planejadas.

 

Artigo original aqui.

Tradução de Carla Caroline

Artigo anteriorInflação: como o auxílio emergencial destruiu a economia?
Próximo artigoNovas oportunidades para marxistas: mudança climática e Coronavírus
Richard M. Salsman
é presidente da InterMarket Forecasting, Inc. e professor assistente visitante de economia política na Duke University. Anteriormente, ele foi economista da Wainwright Economics, Inc. e banqueiro do Bank of New York e Citibank. O Dr. Salsman é autor dos livros Gold and Liberty (1995), The Collapse of Deposit Insurance and the Case for Abolition (1993) e Breaking the Banks: Central Banking Problems and Free Banking Solutions (1990), todos publicados pela AIER, e, mais recentemente, The Political Economy of Public Debt: Three Centuries of Theory and Evidence (2017). O Dr. Salsman obteve um B.A. em economia pelo Bowdoin College (1981), mestrado em economia pela New York University (1988) e doutorado em economia política pela Duke University (2012).

2 COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui