Desemprego e política monetária

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PREFÁCIO

O desemprego atual é o resultado direto da miopia das “políticas de pleno emprego” adotadas nos últimos 25 anos.  Esta é a triste verdade que devemos enfrentar, se não quisermos ser levados a tomar medidas que apenas podem agravar a situação.  Quanto mais cedo pudermos encontrar um meio de sair desta “santa ignorância”, tanto mais curto será o período do sofrimento.Na verdade, não há nada mais fácil que criar emprego adicional por algum tempo: basta aliciar trabalhadores para algumas atividades que, através de dispêndio de dinheiro novo, criado especialmente para este fim, passaram a ser temporariamente atraentes.  De fato, nos últimos vinte e cinco anos, temos de maneira deliberada e sistemática recorrido à rápida criação de empregos exatamente através da expansão da oferta monetária.  Esta expansão, que tem aumentado regularmente nos últimos 200 anos, em decorrência de um defeito no sistema creditício, torna-se, assim, a causa de depressões recorrentes.

Não nos deveríamos surpreender com esse resultado, sobretudo quando vimos sucessivamente removendo todas as barreiras que, no passado, foram levantadas como uma defesa contra a constante pressão popular a favor do “dinheiro barato”.  Repetiu-se o que ocorreu no início do período das finanças modernas: fomos novamente seduzidos por alguém com poder de persuasão suficiente para nos levar à tentativa de um novo encilhamento inflacionário.  E a bolha da inflação agora explodiu.  Descobriremos rapidamente que muito do “crescimento” artificialmente induzido representou um desperdício de recursos e que a dura verdade é que o mundo ocidental está levando uma vida além de suas posses.

Não basta reconhecer a necessidade premente de reintegrar os desempregados ao processo produtivo, se quisermos prevenir calamidades similares no futuro: não menos importantes são as medidas que devem ser tomadas no sentido de evitarmos que a repetição dos erros cometidos no passado venha a tornar a situação ainda pior.  A esta tão urgente tarefa de repensar as concepções teóricas que nos nortearam destinam-se as conferências aqui impressas.

As duas primeiras conferências, ministradas para um público acadêmico da Itália [1] e da Suécia [2], foram publicadas em anais das instituições para as quais elas foram apresentadas.  A terceira, proferida e entregue para publicação quando as duas anteriores já estavam sendo impressas, contém elaborações e elucidações que me pareceram necessárias quando, numa viagem como conferencista aos Estados Unidos, tratei dos temas da primeira delas [3].

Sou muito grato ao “Cato Institute” por tornar essas conferências acessíveis aos leitores dos Estados Unidos, através de sua impressão na série “Cato Papers”.

F.A. HAYEK, Março de 1979

 

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1 – “Inflação, má alocação de mão de obra e desemprego” é uma versão revista de uma conferência, que, pronunciada em 8 de fevereiro de 1975, no congresso Convegno Internazionale, organizado para a comemoração do 100° Aniversário de Luigi Einaudi, pela Academia Nazionale dei Licei, Roma, foi publicada nas atas daquele congresso.

2 – “A pretensão do conhecimento”, conferência pronunciada na Alfred Nobel Memorial, em 11 de dezembro de 1974, na Escola de Economia de Estocolmo.

3 – “Desemprego: consequência inevitável da inflação”, conferência pronunciada em vários lugares, nos Estados Unidos, durante o mês de abril de 1975.

 

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