Red Pill e MGTOW são consequências do feminismo  

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Para muitas pessoas, os termos Red Pill e MGTOW dispensam apresentações. Como talvez ainda existam pessoas que muito provavelmente não sabem o que esses termos significam, vou dar um breve resumo: Red Pill (que significa pílula vermelha) é a designação dada a uma grande variedade de movimentos masculinistas, que surgiram em anos recentes como uma resposta ao feminismo. O termo Red Pill tem sua origem no filme Matrix, e se refere à cena em que Morfeu oferece a Neo a escolha entre duas pílulas — uma azul e outra vermelha. Nesse contexto, a pílula azul se refere a um estado de ignorância, enquanto a pílula vermelha representa a aquisição do conhecimento.

Desde sua consolidação e difusão, o movimento Red Pill se desdobrou em várias ramificações: há grupos como PUA (Pick Up Artists [Artistas da Sedução]), MGTOW (Men Going Their Own Way [Homens Seguindo Seu Próprio Caminho]), Purple Pill (Pílula Roxa), Black Pill (Pílula Negra) e o desesperançado e solitário grupo de jovens rapazes conhecido como INCEL (Involuntary Celibates [Celibatários Involuntários]), sem dúvida o segmento mais problemático e nocivo de toda a comunidade. As siglas e nomenclaturas são todas em inglês porque, como sempre, tudo começa nos Estados Unidos, antes de ganhar o mundo.

Esse coletivo de grupos forma o que é genericamente chamado de masculinismo. No Brasil, o termo usado com mais frequência para se referir a esses grupos é machosfera.

Como descrito acima, no entanto, é fundamental entender que a machosfera é formada por uma considerável diversidade de grupos, que são drasticamente diferentes entre si, sendo muito distintos e heterogêneos em suas propostas, objetivos e, o mais importante, o tipo de homens que cada um deles congrega.

É importante salientar algumas diferenças básicas, que muitas vezes a mídia mainstream omite deliberadamente do debate público, na tentativa de fazer todos os homens da machosfera — sejam eles produtores ou consumidores de conteúdo — parecerem radicais misóginos, sexistas, machistas e perigosos, que odeiam as mulheres. Isso não é verdade e nunca foi.

Para um melhor esclarecimento, vamos a uma breve distinção entre os principais grupos.

Enquanto os PUA são indivíduos que ensinam técnicas de sedução (portanto, eles querem conquistar mulheres e querem que seus alunos e discípulos adquiram essas habilidades), os MGTOW — muito por conta de legislação e jurisprudência misândrica — não querem se casar, ter filhos, coabitar e nem mesmo se relacionar (os que o fazem, se relacionam apenas ocasionalmente).

Os Red Pill, por sua vez, estudam de forma muito séria o comportamento da mulher contemporânea pós-moderna, expondo o fato de que ela é uma híbrida oportunista: ela não tem uma ideologia definida — ela se serve do que de melhor o feminismo, o liberalismo e o conservadorismo têm a lhe oferecer. Eles afirmam que observar o comportamento de uma mulher é muito mais importante do que se concentrar no que ela diz. Como exemplo, eles apontam o expressivo número de mulheres que adoram se promover como conservadoras, mas publicam fotos de biquíni no Instagram, ou vídeos treinando em academias com roupas extremamente provocantes e sensuais. Nesse caso, o fato de uma mulher rotular a si mesma como conservadora não quer dizer absolutamente nada. O importante é observar como ela age e como ela se comporta no seu cotidiano.

Os Purple Pill são um grupo de indivíduos que buscam estudar com profundidade o profano feminino, para ter mais segurança ao se relacionar com as mulheres. Os Black Pill, por outro lado, são obcecados pela estética e pela aparência masculina (visual, altura, formato do rosto etc.), sendo milimetricamente neuróticos na busca por uma perfeição inalcançável. Os adeptos da Black Pill pregam o determinismo biológico e acreditam que a aparência é a questão mais fundamental na hora em que uma mulher escolhe um homem para se relacionar. Embora seja o grupo que produza o conteúdo mais coeso e científico de toda a machosfera, com produtores que fazem as mais profundas e metódicas análises sobre a teoria dos relacionamentos — entregando um material consistente para o seu público, com abundantes bases históricas, sociológicas e antropológicas sobre a natureza das interações sociais —, a Black Pill é também a mais fatalista e niilista das ramificações da comunidade.

Os indivíduos de todos esses grupos, em sua grande maioria, podem ser classificados, quase sem exceções, como homens comuns. Não há nada neles que possa categorizá-los como homens perversos, perigosos, anormais ou algo do gênero.

Os INCEL’s, por outro lado, são um caso à parte. Eles constituem um grupo marginal dentro da própria comunidade, de rapazes geralmente muito jovens, que se ressentem do fato de não conseguirem parceiras para se relacionar. Ao contrário dos PUA’s, dos MGTOW’s e de todos os indivíduos dos demais grupos, que já são homens adultos, os INCEL’s são em sua maioria garotos muito jovens, que geralmente estão entre os 16 e os 22 anos.

Ao contrário dos indivíduos dos demais grupos da machosfera, alguns INCEL’s já cometeram atos de terrível violência. O caso mais emblemático já ocorrido ficou conhecido como o Massacre de Isla Vista. Em 23 de maio de 2014, Elliot Rodger, então com 22 anos, matou 6 pessoas e feriu 14 em Isla Vista, na Califórnia. Das 6 vítimas fatais que Rodger fez, 4 eram do sexo masculino e 2 eram do sexo feminino. Depois do massacre, Elliot Rodger cometeu suicídio. Em pouco tempo, ele se tornou um celebrado ícone da comunidade INCEL.

Uma coisa fundamental para se entender sobre a machosfera é o seu arrevesado e irremediável tribalismo. Os homens das diferentes comunidades, via de regra, não se misturam. Ou seja, a própria machosfera é demasiadamente segmentada em suas várias comunidades, que se multiplicam em diversas ramificações. Isso significa que os INCEL’s tendem a se comunicar única e exclusivamente com outros INCEL’s, assim como PUAs se comunicam única e exclusivamente com os seus alunos e clientes, da mesma forma que os adeptos da Black Pill tendem a se comunicar única e exclusivamente com outros adeptos da Black Pill e assim por diante. MGTOW’s, seguindo essa mesma mentalidade, se comunicam majoritariamente com outros MGTOW’s.

Isso acontece, via de regra, porque cada indivíduo de cada um desses grupos frequenta os fóruns, os canais e as comunidades online com as quais mais se identifica. Como esses grupos são muito distintos, esse pessoal geralmente nunca se encontra, justamente porque acabam frequentando comunidades online muito diferentes.

Além do tribalismo online, há toda uma questão de caráter, comportamento, idade e estilos de vida que fazem com que os integrantes de todos esses grupos nunca se encontrem ou se misturem (e não tenham nem mesmo interesse em fazê-lo). INCEL’S e MGTOW’s, por exemplo, são justamente os extremos opostos das comunidades da machosfera — os integrantes desses dois grupos não se misturam nunca, por vários motivos. São grupos de faixas etárias muito diferentes, com estilos de vida muito diferentes e poder aquisitivo muito diferente. MGTOW”s geralmente são homens de meia-idade, alguns muito bem estabelecidos em suas profissões, que rejeitam relacionamentos sérios por questões que, em sua maioria, são de ordem legal e jurídica. Muitos deles são homens extremamente bem-sucedidos, que desejam proteger o seu patrimônio de mulheres que, sendo ou não oportunistas, têm a lei e o estado ao lado delas.

INCEL’s, por outro lado, são rapazes muito jovens, boa parte deles desempregados, inseridos em famílias desestruturadas e sem perspectivas de futuro. Muitos INCEL’s são tão solitários e depressivos que nem mesmo saem de casa; portanto, carecem de oportunidades para congregar ou socializar com outras pessoas. Invariavelmente, eles passam o dia inteiro na internet. Ao contrário dos INCEL’s, alguns MGTOW’s se relacionam com mulheres, porém de forma casual. INCEL’s não conseguem mulheres para se relacionar — nem mesmo de forma casual — e a maioria deles eventualmente acaba desistindo.

E que o leitor entenda que isto é apenas e tão somente um resumo. A comunidade masculinista da internet é complexa. Infelizmente, a forma simplória, reducionista e extremamente desonesta com que a mídia mainstream retrata toda a comunidade, sem fazer uma classificação correta entre os vários grupos existentes, piora tudo. O público geral — demasiadamente leigo e ignorante sobre o assunto — tende a ser influenciado negativamente pelas matérias sensacionalistas que a mídia mainstream publica sobre o tema. Que, via de regra, são sempre iguais. Jamais buscam comunicar o que a machosfera realmente é: o objetivo da mídia mainstream é sempre jogar a opinião pública contra os homens (sejam eles parte de uma comunidade masculina online ou não).

Dentro da machosfera, apenas os INCEL’s mostraram ser capazes de executar terríveis atos de brutalidade e violência. De fato, há uma parcela deles que tende a glorificar a violência. Isso não ocorre entre MGTOW’s, PUA’s ou quaisquer outros grupos da comunidade. Seus integrantes tendem a discutir entre si temas como legislação ginocêntrica, a indústria do divórcio, partilha de bens, misandria cultural, feminismo institucional, inconsistências do comportamento feminino, Passport Bros (se casar com mulheres da Tailândia, do Laos, das Filipinas e do sudeste asiático, o que muitos homens americanos e europeus estão fazendo) e assuntos relacionados.

É fundamental entender que a glorificação da violência se limita única e exclusivamente ao universo INCEL, sendo completamente inexistente em todas as demais comunidades masculinas. E mesmo assim, nem todos os INCEL’s são capazes de executar atos de violência. Muitos deles se limitam a glorificar a violência online, e jamais teriam coragem de executar algum ato agressivo na vida real.

O fato da mídia mainstream nunca comunicar isso e tentar mostrar todos os “Red Pill” — de forma genérica, irrestrita e generalizada — como sujeitos perigosos e propensos à violência, é uma falácia demagógica, deliberadamente orquestrada para colocar na ilegalidade toda a comunidade masculina, com o objetivo de ampliar os poderes do estado e do feminismo institucional. Não há dúvida nenhuma de que, se analisado sob um viés estritamente político-ideológico, a tentativa do governo de censurar e criminalizar a produção de conteúdo masculino não deixa de ser uma declaração de guerra do feminismo institucional contra o masculinismo emergente.

De fato, tendo se tornado conhecidos do mainstream, depois que passaram anos na obscuridade da internet, os movimentos masculinistas são o novo bicho-papão do establishment, que está sempre em busca de novos inimigos, dos quais precisa “salvar” a população. A narrativa oficial vigente diz que os “Red Pill” são um perigoso movimento de homens que odeiam as mulheres. Eles são todos selvagens, machistas, sexistas, misóginos, violentos e ficam pregando o ódio online. É o mesmo velho discurso requentado de demonização das opiniões divergentes, que pretende suprimir e obliterar violentamente a liberdade de expressão, sob a carapaça da proteção coletiva e da segurança social.

O que as autoridades oportunistas buscam em situações dessa natureza é uma prerrogativa política para consolidar o controle absoluto e a centralização de poder. Assim, o estado tem livre licença para perseguir e oprimir os vilões que ele mesmo criou, e consegue parecer necessário aos olhos do populacho ingênuo, como um hábil fornecedor de segurança. Aos olhos dos incautos e desavisados, os agentes do estado acabam se projetando como heróis valentes e virtuosos. Mas na prática, eles são como capangas da Stasi, que estão amordaçando, censurando e prendendo quem não obedece às ideologias da moda.

A pergunta que devemos fazer é: se o feminismo existe, tem o seu espaço — e se conquistou esse espaço, então merece existir e manter esse espaço —, porque o masculinismo não pode?

O fato é que, sim, o masculinismo pode e deve existir. Acima de tudo, ele se transformou em uma defesa fundamental para os homens contra os excessos do feminismo, que se torna cada dia mais agressivo, descontrolado e totalitário. Muitas mulheres enxergam a masculinidade como uma doença, e procuram assiduamente extirpá-la.

Lembro que vi há algumas semanas uma mulher falando, em um vídeo nas redes sociais, que uma gestante deve ter o direito de abortar, se o bebê que ela estiver esperando for do sexo masculino. O feminismo já transformou em algo negativo uma mulher ser mãe de menino. É gracioso para uma mulher ser mãe de menina, mas não de menino. Pesquisando sobre esse assunto, descobri que, no mundo anglófilo, foi cunhado o termo “Boy Mom” para se referir a mulheres que são mães de um menino. O termo é usado de forma pejorativa.

Apesar disso, não vemos nenhum lobby, grupo ou coletivo de homens que busca ativamente criminalizar o feminismo.

Infelizmente, o contrário não é verdade. Há uma fila de mulheres desesperadas em criminalizar o masculinismo. E o governo misândrico feminista está muito ansioso em atender os desejos delas.

Ora, os homens convivem com o feminismo há várias décadas. E tiveram que aprender a suportar esse movimento, com toda a sua histeria, neurose, rancor e pavorosos excessos ideológicos. As mulheres, por sua vez, convivem com o masculinismo há uns cinco ou seis anos (desde que se tornou mainstream), e uma expressiva parcela delas já defende desesperadamente a criminalização do movimento.

Pelo visto, a mulher contemporânea “guerreira” e “independente” só segue o manual do emponderamento feminino até a página dois. Afinal, quando elas descobrem um problema que os homens não podem ou não querem resolver, elas recorrem ao papai-estado para que seus desejos sejam atendidos (leia o meu artigo, intitulado “Estado — O marido e pai das mulheres”, onde abordo mais detalhadamente a questão do paternalismo estatal com relação às mulheres). Por razões demagógicas, ideológicas e populistas, o governo sempre estará mais do que disposto a resolver os problemas das suas queridas eleitoras.

Evidentemente, o governo está muito interessado em atender o desejo das mulheres que têm a pretensão de criminalizar a produção de conteúdo masculino na internet. Afinal, isso dá mais poder ao estado, além de controle absoluto sobre o discurso público e a narrativa política vigente. Sob a alegação de estar lutando contra algum esotérico e perigoso inimigo (um coletivo de homens que espalha o “machismo”, o “sexismo” e a “misoginia” online), o governo se promove como um gracioso benfeitor e como um protetor diligente da sociedade, assim justificando os impostos que ele cobra de todas as pessoas economicamente ativas.

O governo, no entanto, nunca combate perigos reais, mas luta vigorosamente contra os inimigos imaginários que ele mesmo promove a condição de inimigos públicos. De fato, o Ministério Público há alguns meses esteve envolvido em uma operação, para catalogar e classificar centenas de canais do YouTube, de produtores de conteúdo masculino do país inteiro.

Assim sendo, eu não ficaria nem um pouco surpreso se, de repente, alguma lei criminalizasse esse tipo de conteúdo, ou diretrizes demasiadamente restritivas concernentes à “discurso de ódio”, “misoginia”, “machismo” e “sexismo” limitassem tão severamente a liberdade de expressão, que os produtores de conteúdo da machosfera simplesmente não conseguiriam mais monetizar os seus vídeos.

Não obstante, é muito interessante reparar no duplo padrão do sistema. Os interesses masculinos podem ser reprimidos, suprimidos e obliterados. Os homens não precisam de liberdade de expressão, tampouco devem se congregar em comunidades ou fóruns online. As mulheres, no entanto, podem e devem ter todos os seus desejos atendidos — não importa quão insanos ou imorais sejam. O governo se certificará de que todas as vontades e todos os desejos delas sejam impreterivelmente atendidos. Se para isso for necessário reprimir cada vez mais os homens, então que assim seja. Afinal, não há problema algum em esfregar a navalha na carne, contanto que seja na carne dos outros.

Isso mostra perfeitamente como é o duplo padrão do sistema político que prevalece nos tempos atuais. O sistema não entrega absolutamente nada para os homens, mas busca entregar tudo para as mulheres.

Em virtude desse fato, não é sem razão ou motivo que cada vez mais homens Red Pill e MGTOW tem se voltado para o libertarianismo e para o anarcocapitalismo. De fato, se tornou muito comum na internet ver Red Pills e MGTOW’s que também são anarcocapitalistas. Obviamente, isso não quer dizer que todo o anarcocapitalista é MGTOW ou Redpill, e que todo Redpill ou MGTOW é anarcocapitalista. No entanto, é interessante perceber como esses movimentos passaram a convergir em anos recentes. E é muito fácil entender o motivo.

De fato, uma análise sincera da realidade atual dos homens mostra que não é nenhuma surpresa descobrir que Red Pills e MGTOW’s estão se tornando anarcocapitalistas.

Homens pagam 70% dos impostos — mesmo assim, eles acabaram percebendo que absolutamente nenhuma de suas demandas políticas, jurídicas, econômicas ou sociais é atendida. Muito pelo contrário: diante da menor ou da mais modesta reivindicação, os homens são rotulados de fascistas, machistas, misóginos e sexistas. Então, para que votar? Qual é a função ou a utilidade da democracia?

A conclusão a que muitos Redpills e MGTOW’s chegaram é que a política e a democracia não têm absolutamente nenhum valor prático para eles. De fato, muitos entenderam que não adianta persistir acreditando em coisas tão inúteis. É como dar remédios para um morto, esperando que ele melhore.

Ao notarem o desprezo generalizado do estado pelas demandas de eleitores do sexo masculino — e percebendo que eleições e voto democrático não servem para absolutamente nada —, uma expressiva parcela de masculinistas convergiram para o anarcocapitalismo. É uma consequência inevitável da condição atual dos homens: eles estão se voltando para a liberdade como uma reação natural de oposição ao totalitarismo feminista do estado ginocêntrico.

Obviamente, não há nada de errado nisso. Pessoas dos mais diferentes backgrounds são atraídas para o libertarianismo e para o anarcocapitalismo, pelos mais diferentes motivos e pelas mais variadas razões. Algumas pessoas chegam até o anarcocapitalismo por estudarem economia, outras por experimentarem na própria pele a opressiva tirania do estado, outras porque tiveram bens expropriados e ativos confiscados, outras porque aprenderam sobre a ética da propriedade privada e assim por diante. O libertarianismo não se importa se você é negro, branco, asiático, indígena, homem ou mulher. Qualquer pessoa que tenha plena consciência sobre a natureza imoral, extorsiva e criminosa do estado é bem-vinda.

No entanto, com o estado devotando tanto de seu tempo, energia e recursos (roubados) para as mulheres, e ignorando os homens de forma total e completa, percebemos uma divisão entre os sexos, que vem se acentuando de forma ostensiva. O exacerbado paternalismo governamental das autoridades com relação às mulheres está provocando uma ruptura social. Como resultado, homens estão indo cada vez mais para a liberdade, enquanto as mulheres se voltam para o socialismo de estado.

De fato, inúmeras pesquisas realizadas em anos recentes (você pode achá-las aos montes, pesquisando no Google) concluíram que homens são de direita e mulheres são de esquerda. É claro que isso é uma generalização grosseira, mas o que essas pesquisas mostram é que os homens estão cada vez mais inclinados para o conservadorismo e para a liberdade, ao passo que as mulheres tendem a ir mais em direção ao progressismo e ao ativismo estatal.

Essas tendências também mostram que — em linhas gerais — homens e mulheres não estão em sintonia. Atualmente, o masculino e o feminino se distanciam, por cultivarem hábitos, propósitos, objetivos e estilos de vida muito diferentes. Isso, no entanto, se deve a uma considerável diversidade de fatores, que vão de questões culturais, a questões políticas, ideológicas e também biológicas: homens e mulheres são naturalmente diferentes.

Acontece que a maneira excepcionalmente distinta do estado tratar homens e mulheres está acentuando de forma exacerbada essas diferenças (que já são consideráveis). Enquanto as mulheres são cada vez mais liberalizadas e emancipadas, não tendo nem mesmo obrigação de assumir responsabilidades pelos seus próprios atos, os homens são cada vez mais emasculados e oprimidos por políticas de estado.

Seja como for, a verdade é que os movimentos masculinistas fizeram a sociedade despertar, pois muitas pessoas — quer elas gostem disso ou não —foram obrigadas a aceitar que toda ação gera uma reação. É extrema ingenuidade das mulheres acreditar que elas poderiam abusar e esticar ao máximo uma agenda política como a do feminismo (e muitas vezes de forma extremamente radical), achando que isso não teria consequências. Bom, agora as consequências se tornaram aparentes, e muitas delas estão ficando histéricas com isso.

Apenas crianças ignoram o fato irremediável de que ações tem consequências. Adultos — sejam homens ou mulheres — deveriam ter um entendimento básico sobre como a vida funciona. Infelizmente, vivemos em uma sociedade de pessoas tão absurdamente infantilizadas, que muitas delas não possuem nem mesmo um conhecimento básico sobre como a sociedade humana se organiza (são incapazes de entender algo tão elementar, como o fato de que uma ação vai gerar uma reação). Então, quando as consequências de uma determinada ideologia aparecem, certas pessoas pedem ao Ministério Público para fazer isso desaparecer, como criancinhas que recorrem ao papai para lutar contra o bicho-papão que se esconde debaixo da cama.

O movimento Red Pill obrigou muitas mulheres a aprenderem que absolutamente tudo na vida tem consequências. Agora elas estão sentindo na pele um pouquinho daquilo que os homens sentem há décadas por conta do feminismo, e ficaram desesperadas ao descobrir que não é nada legal (bem-vindas ao clube). Imagine quando elas descobrirem que o masculinismo é uma consequência, uma reação e um resultado direto do feminismo.

A verdade — muito simples de entender — é que se o feminismo não existisse, muito provavelmente o masculinismo também não existiria. A verdade é que os créditos desse filho são de vocês, ativistas feministas. Toda ação tem uma consequência. Toda ação provoca uma reação. Essa é uma lei imutável do mundo natural.

Infelizmente, as mulheres que estão empenhadas em criminalizar os movimentos masculinistas mostram que não sabem, de fato, como o mundo real efetivamente funciona. E perceba que coisa interessante — essas mulheres não querem criminalizar o problema (o feminismo), mas a consequência do problema (o masculinismo). Elas querem literalmente tapar o sol com a peneira. São como criancinhas ingênuas e pequeninas, que acham que por colocarem uma capa nas costas, poderão voar exatamente como o Superman (ou Supergirl, nesse caso).

O fato de que muitas mulheres — assim como o governo e o sistema político como um todo — não querem criminalizar o problema, mas as consequências do problema, diz tudo o que precisamos saber sobre o sistema político em que vivemos. O feminismo é aceitável, e pode ser absorvido dentro da fisiologia institucional do sistema (de fato, já foi há muito tempo). O masculinismo, no entanto (ou qualquer reivindicação de natureza masculina), é demasiadamente nocivo e perigoso. Precisa ser erradicado, banido e suprimido, pois é “misógino”, “machista” e “sexista”.

É inegável que o movimento masculinista é uma reação ao feminismo, que — especialmente nas últimas décadas — foi se tornando cada vez mais opressivo e totalitário, implementando uma agenda política tirânica de gradual emasculação dos homens.

Às mulheres que desejam acabar com o movimento Red Pill, dou um conselho honesto e sincero: lutem pelo fim do feminismo e do ginocentrismo, que o masculinismo também irá, gradualmente, desaparecer. Ao combater única e exclusivamente o masculinismo, vocês estão combatendo simplesmente um sintoma, e não a doença. Quem combate apenas os sintomas — e usa placebo para tratamento, ao invés de uma medicação eficiente —, vai continuar sofrendo da doença. Os sintomas não desaparecem só porque você se recusa ostensivamente a reconhecer que a doença existe.

A verdade é muito clara e simples de entender. Se o feminismo não existisse, o masculinismo também não existiria. O segundo é apenas e tão simplesmente uma reação ao primeiro. Enquanto o feminismo existir, o masculinismo vai continuar existindo — com ou sem o beneplácito das mulheres, e com ou sem a permissão governamental. Lembrem-se de que o Brasil não é o único país do mundo que tem produtores de conteúdo Red Pill. Existem muitos outros países, dos quais os Estados Unidos vêm em primeiro lugar.

Se vocês acham que vão vencer o masculinismo usando a censura do estado, já adianto que isso só vai deslocar a produção de conteúdo de uma plataforma para outra. E saibam que no mundo essencialmente tecnológico em que vivemos, nunca foi tão fácil contornar a censura, como nos tempos atuais. É mais fácil aceitar a realidade: enquanto o feminismo existir, o masculinismo continuará existindo. O efeito rebote do feminismo começou, e só o futuro dirá até onde ele é capaz de ir.

9 COMENTÁRIOS

  1. Estou lendo o artigo ainda mas queria apontar que Rollo Tomassi, um dos maiores autores red pill, define a purple pill como uma mistura de red pill com blue pill, ou seja, algumas verdades misturadas à algumas mentiras blue pill.

    • Posso dizer que, até os idos de 2016, eu seria catalogado facilmente como um purple-pill; repudiava abertamente as feministas radicais, promíscuas ou quem meramente desconfiasse como interesseiras, alpinistas sociais; porém, cria no mito da “mulher-exceção” ou a “unicórnio/honradinha”, como muitos da machosfera assim preferem. Deixava-me guiar pela aparência discreta, dócil, aliada à neotenia que nós homens heterossexuais sofremos. Já vivia um estilo de vida de procurar as nobres fornecedoras de entretenimento carnal adulto, porém matinha igualmente a “vibe” que descrevo aqui. Abandonei paulatinamente tais valores a partir de mais ou menos 2017, quando tive mais contato com conteúdo MGTOW.

  2. Eu tive que abstrair um pouco a realidade para ler esse negócio, já que normalmente vejo todos os artigos aqui em busca de teoria austrolibertária e sua consequências na filosofia política, não estudos de gênero… Claro, sempre existe a possibilidade deste site ter sido hackeado pela turma da fefeleche

    O primeiro erro é acreditar que existe feminismo, já que ele foi declarado morto no documentário “What Is a Woman?”, onde ninguém respondeu essa pergunta idiota. Como pode existir feminismo se ninguém sabe o que é uma mulher? E além disso, J.K. Rowling, autora dos livros da saga ‘Harry Potter’, claramente uma feminista radical, é “acusada” de transfobica – e perseguida, por efetivamente, declarar que uma mulher é quem tem cromossomos XY! E aqui é curioso observar o quanto a política é de fato uma ação irrelevante para a liberdade, já que a suposta direita hoje em dia defende uma pauta notadamente feminista estilo anos 70. No debate atual, algo tem que estar profundamente desordenado quando J.K. Rowling e Donald J. Trump estão no mesmo palanque afirmando que uma mulher é alguém com a capacidade de gerar bebês…

    O segundo erro, é imaginar que essa fauna descrita neste artigo exagerado, sabe do que está falando. Os caras acham que são intelectuais modernos que fundaram um suposto movimento anti-feminista. Mas em verdade, além de serem papagaios da definição de feminismo “Ctrl+C Ctrl+V” de algum livro da Simone de Bevoir, chegaram no mínimo com uns 500 anos de atraso, já que na gloriosa idade média já havia esse debate.

    “Em virtude desse fato, não é sem razão ou motivo que cada vez mais homens Red Pill e MGTOW tem se voltado para o libertarianismo e para o anarcocapitalismo.”

    Patético. Neste caso, eu tenho a sensação que Murray Fucking Rothbard chamaria essa máfia Red Pill/MGTOW de leftlibs, já que não acredito ser possível encontrar qualquer tipo de moral conservadora nestes grupos. É contra esse povo alienado que provavelmente foi escrito este artigo pubicado aqui mesmo neste Instituto.

    https://rothbardbrasil.com/em-defesa-do-paleolibertarianismo/

    Esses Red Pill/MGTOW são definitivamente uma oposição controlada. E isso fica claro quando o autor adjetiva uma parte dos homens celibatários, de celibatários involuntários “INCEL’s” , uma coisa que nem a extrema esquerda comunista faria sem ficar constrangida – e isso que são bandidos:

    “como sem dúvida o segmento mais problemático e nocivo de toda a comunidade.”

    “que se ressentem do fato de não conseguirem parceiras para se relacionar.”;

    “Ao contrário dos indivíduos dos demais grupos da machosfera, alguns INCEL’s já cometeram atos de terrível violência.”

    ” Muitos INCEL’s são tão solitários e depressivos que nem mesmo saem de casa; portanto, carecem de oportunidades para congregar ou socializar com outras pessoas.”

    “Dentro da machosfera, apenas os INCEL’s mostraram ser capazes de executar terríveis atos de brutalidade e violência”

    “É fundamental entender que a glorificação da violência se limita única e exclusivamente ao universo INCEL, sendo completamente inexistente em todas as demais comunidades masculinas.”

    Eu não sei se os Red Pill/MGTOW pensam mais ou menos assim de outros homens. Do pouco que eu conheço achei um movimento superficial. Mas certamente o autor deste artigo faria sucesso entre a gangue esquerdista anti-libertária. Se eu vejo um ancap deste tipo na rua, eu atravesso para o outro lado…

    • “Eu não sei se os Red Pill/MGTOW pensam mais ou menos assim de outros homens. Do pouco que eu conheço achei um movimento superficial. Mas certamente o autor deste artigo faria sucesso entre a gangue esquerdista anti-libertária. Se eu vejo um ancap deste tipo na rua, eu atravesso para o outro lado…”

      ====Diria que foi o maior “pecado” do autor no artigo, dado que não é grande o número de incels que assim procedem. Podem ressentir-se da escassez de afeto/sexo feminino, mas contaria-se nos dedos de uma mão quantos fariam uma besteira cavalar. Quantos aos socialistas? Sabemos bem que os “incels” ganhariam sua atenção apenas se úteis à causa revolucionária, como fazem com vários outros grupos. É até mais fácil que os condenem, dado que a Esquerda século XXI é feminista e não hesitem em censurá-los à medida do possível.

  3. Vou começar o meu comentário por aqui mesmo, mostrando a minha experiência sendo Redpill e depois MGTOW, mas irei comentar em meu blogger este artigo de uma maneira mais extensa e elaborada. Bom, descobri o movimento masculinista em seu auge, entre 2020 à 2022, tinha apenas 17 anos na época, hoje tenho 22 anos e não sou mais MGTOW… O movimento caiu hoje em dia, digo, em relação aos algoritmos, por conta de algumas decisões judiciais que vão contra a liberdade, portanto, erradas. Li autores como Nesahan Allita, Rollo Tomassi e outros por parte. Acompanhei canais como Raconing Racon, Tiozão, Tatuado e MGTOW Operário, Epifania Disruptiva, Don Sandro, entre outros. Sempre fui católico e o movimento não me fez deixar a Santa Igreja, mas me fez cair em uma linha, por ignorância mesmo, do protestantismo, que diz que o homem é salvo pela sua Fé e não pelas suas obras, me fez desacreditar da imutabilidade e perfeição da Igreja, do magistério e dos sacramentos, inclusive, o do casamento… O movimento, concordo com o artigo, surge em resposta, ou por acidente do feminismo, que a Igreja condena, mas o problema do movimento como um todo é a falta de amor, esse é o erro básico do movimento como um todo, a relação entre um homem e uma mulher segundo CIC, deve ser uma relação de cooperativismo e imitação da tradição secular, amar é uma virtude, ora, quando se ama, e amor como define o professor Olavo de Carvalho, é a junção da amizade sincera, como diz Santo Tomaz, Ide Velem, Ide Nolem, amizade é amar as mesmas coisas e discordar também das mesmas com a atração sexual e o cooperativismo, isso é o verdadeiro amor… O movimento não entende isso, focando mais na questão sexual, da atração sexual e da questão financeira, ora, obviamente para um ter uma família, é preciso que ele tenha meios para tal, ora, deixar uma mulher e seus filhos com fome, mesmo por desemprego e doenças, pela causa já dita, não algo bom, e se você deseja isso para uma mulher, isso, portanto, não é amor. Daí quebra-se essa “zombação” contra os homens que assumem a tradição de provedores, não estou dizendo que homens que já entram em relacionamento com MSOLs e etc, sejam corretos, a Igreja condena, tem exceções, enfim. Mas que a relação natural é essa e que não exige nada de novo nesse mundo, a exemplo do ato da greve das carteiras feita pelos Romanos, exigindo respeito das mulheres. Mas isso se resume em não a verdade, que é o caminho da verdadeira felicidade que é NSJC, e a falta de entender que nesse mundo não existe perfeição e que é preciso carregar a Nossa Cruz, se o homem se basear nesses princípios de amor, do que é realmente o amor, jamais ele cairá em um relacionamento abusivo, podendo com força e sabedoria, se livrar do estado atual que é contra a base da sociedade que é a família. Portando, falta-lhes amor verdadeiro e sobre o celibatos involuntários, falta alguns elementos de virtude masculina. Tudo é derivação dos princípios mostrados. Bom artigo!

  4. Que texto incrível, como de praxe, Hertzog! Lamento por não poder lê-lo anteriormente por estar em demasia ocupado.

    Minha única divergência é quanto os “incel” serem nocivos em demasia, dado que a maioria destes tentam viver suas vidas na medida do possível, talvez resignando-se com o tempo com o que chamam de “solidão”. Vários deles certamente desconhecem as siglas protagonistas do artigo e quando o fazerem, converterão (a maioria) a angustiante sensação de ausência de pseudo-afetos femininos em solitude plena, restringindo-se, quando muito, a interações esporádicas com profissionais de serviços adultos, conhecidas como “as do job”, a exemplo de quem vos escreve e assim vive bem, obrigado.
    Jamais poderia concordar, por exemplo, com o argumento de que alimentar tal estilo de vida seria “fazer o jogo das feministas”, como já li em tempos pretéritos na Internet; ninguém em sã consciência aceita em participar de um jogo com cartas ou dados viciados ao perceber que a probabilidade de êxito é próxima à nula. Sendo assim, é melhor abster-se do azar.
    Detalhe: tem-se visto miríades de donzelas queixando-se de que os homens não mais lhe abordam em festas à noite. Todavia, deve-se compreender que, ao assim falarem, referem-se verdadeiramente àqueles a quem atribuem valor sexual, social, emocional elevados, o que talvez compusesse 10 ou 15% do contingente masculino. Quando alguém fora desta categoria tenta interatividade mínima, é esculachado na melhor das hipóteses, pela mesma “dama” cujo ego infla-se por meio de galanteios tolos, se acaso o injustiçado não sofrer sanções mais severas, como acusações judiciais de assédio ou atos libidinosos despudorados em demasia. Pediram “empodeiramento”, pois que o usufruam.
    E pessoalmente, desejo com ardor que adiram ao comportamento homoafetivo correspondente, livrando deste pesadelo que o Ocidente tornou-se multidões de bons homens. De minha parte, endosso e faço apologia. De amadorismo, bastam os esportes. A sexualidade demanda profissionalismo e, com prudência e temperança, usufruamos do chamado “job”, seja de procedência tradicional ou transgênera. E tenho dito!

    • Que passem a relacionar-se afetivamente apenas entre si, deixando os homens fora da equação. Haveria quem dissesse, “mas, Revoltado, se isto ocorresse, não haveriam profissionais do sexo para o público masculino!” Todavia, não é 100% real: já conheci (e saí com) garotas “do job” que desempenhavam esta função informal, mesmo namorando outra mulher, que assim como a primeira, também se prostitui. É relativamente comum em cabarés namoradas “trabalharem” juntas, inclusive.

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