O mito formador do mundo moderno

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Como a Segunda Guerra Mundial se tornou a nova religião do Ocidente

Toda civilização é construída sobre um mito. Não uma ficção, mas uma moldura – uma narrativa sagrada que define as fronteiras do bem e do mal, mapeia a estrutura do mundo e esculpe um significado ao caos do tempo. Para o Ocidente moderno, esse mito é a Segunda Guerra Mundial.

Não nos limitamos a estudar essa guerra; nós a adoramos. É o texto sagrado da ordem atual, a última certeza moral em uma era relativista. O mundo em que habitamos nasceu em suas cinzas, e nossas instituições, tanto supranacionais quanto domésticas, traçam sua legitimidade ao seu resultado. Nossos reflexos morais, nossos tabus políticos e nossa autoimagem cultural fluem da narrativa estabelecida após esse conflito. É a única história que toda criança em idade escolar sabe de cor, o único evento em que a história é sempre ensinada com o veredicto já proferido, onde a objetividade não é apenas desencorajada, mas ativamente punida. Acima de tudo, é uma fábula moral: um conto do Bem vencendo o Mal, da luz prevalecendo sobre as trevas, da fraternidade universal triunfando sobre os instintos tribais do sangue e do solo.

Mas não é história; é mito no sentido mais destrutivo da palavra, não uma ficção nobre que eleva um povo, mas uma distorção sagrada que o aprisiona. Tornou-se, com efeito, uma nova religião. E como todas as religiões verdadeiras, governa não apenas a crença, mas a moralidade, a identidade e o destino.

Nietzsche escreveu que Deus está morto, não como provocação, mas como diagnóstico. Ele não quis dizer que o divino havia desaparecido, mas que a arquitetura metafísica que antes sustentava a vida ocidental, o horizonte compartilhado de significado e a ordem sagrada de valor, havia entrado em colapso. O que se seguiu não foi liberdade, mas vacância. A Segunda Guerra Mundial não reverteu esse declínio; cimentou-o. Em suas consequências, o homem ocidental moderno, separado da tradição e negado a transcendência, tornou-se vulnerável a novos ídolos. Como Heidegger advertiu, a perda do Ser levaria o homem à técnica, à abstração e às ilusões coletivas, dando origem a uma era em que a verdade é substituída pela narrativa e o destino é reduzido à gestão.

Foi nesse vácuo que o mito da Boa Guerra surgiu, não apenas como interpretação histórica, mas como transcendência substituta. Começou como mito, mas não permaneceu mito. Tornou-se o evento sagrado de um Ocidente pós-cristão, a narrativa da Paixão de uma fé secular. O pecado foi redefinido como orgulho ancestral, a salvação como submissão, e o ideal moral mais elevado tornou-se o apagamento da distinção, uma vez que a distinção é o fundamento da identidade e a identidade o reconhecimento da diferença. O Ocidente se desvinculou de seus deuses e criou uma nova religião em seu lugar.

Dentro desse credo, a Segunda Guerra Mundial é lembrada não como um conflito geopolítico, mas como uma guerra santa. De acordo com o mito, a guerra foi travada para libertar o mundo da tirania, do racismo e da barbárie. Foi uma cruzada justa para deter um louco empenhado na conquista planetária, no extermínio racial e no governo totalitário. Nessa narrativa, os Aliados se tornam guardiões altruístas da paz e da justiça, defensores dos fracos, libertadores dos oprimidos e campeões da dignidade universal.

O que não é contado, o que é enterrado ou ignorado, é o registro do assassinato em massa soviético, a incineração de cidades inteiras por bombardeios incendiários e o estupro sistemático de milhões de mulheres por exércitos vitoriosos. Esses detalhes são omitidos ou minimizados porque o arco moral deve permanecer ininterrupto, e o mito exige que os vencedores sejam puros, imaculados, irrepreensíveis. O inimigo, em contraste, deve ser absoluto – não apenas derrotado, mas demonizado, tornado metafisicamente mau, para que a causa contra ele possa ser lembrada como absolutamente boa.

E assim um demônio foi formado – um único homem transfigurado em um emblema sobrenatural de loucura, ódio e genocídio. Ele não é mais tratado como uma figura histórica, mas como um totem do pecado eterno, um símbolo convocado para silenciar a dissidência e aterrorizar aqueles que se afastam da ortodoxia. Questionar a política de imigração, expressar lealdade à própria raça, observar a mudança demográfica com desconforto é o suficiente para convidar seu fantasma. O nazista, real ou imaginário, é agora o eterno inimigo da ordem moderna – não uma ameaça às nações, mas à ideia abstrata de igualdade na qual o Ocidente do pós-guerra apostou sua alma.

Aqui emerge o segundo mito fundamental, inseparável do primeiro: o mito de que todos os seres humanos são iguais, não apenas em dignidade perante a lei ou sob Deus, mas em capacidade cognitiva, temperamento, instinto moral e potencial criativo. Esse mito insiste que raça, sexo, cultura e nação são ilusões ou construções sociais, que a história e a biologia são invenções odiosas e que todas as disparidades observáveis devem ser explicadas não pela diferença, mas pela opressão. Esse mito não é oferecido como aspiração ou princípio, mas como verdade absoluta, que exige fé inabalável mesmo diante de evidências empíricas, experiências diárias e bom senso. Perceber a diferença é cometer uma espécie de blasfêmia; agir de acordo com essa percepção é tratado como um crime moral.

Os dois mitos se reforçam mutuamente em um ciclo de sustentação mútua. O mito da Boa Guerra fornece o álibi moral para o mito da igualdade, enquanto o mito da igualdade dá um significado contemporâneo à memória da guerra. Dizem-nos que milhões morreram para provar uma única proposição moral: que não há distinções duradouras entre os povos, que todos são intercambiáveis e que o orgulho, as fronteiras e a identidade são prelúdios para a catástrofe. Como esse duplo mito é a base do regime atual, ele não pode ser questionado. Se a guerra não foi sobre o triunfo dos valores universais, se o inimigo não foi exclusivamente mau, então toda a ordem do pós-guerra é exposta como ilegítima – uma revelação que aqueles que estão no poder não podem se dar ao luxo de permitir.

Mas a verdade é mais simples e muito mais trágica. A guerra não foi um despertar moral global, mas um choque de impérios, uma continuação de lutas não resolvidas do século anterior e o culminar de uma Guerra Civil Europeia, uma fratricida guerra entre irmãos travada com crueldade sem precedentes por todos os lados envolvidos. Suas causas estavam na traição diplomática, no extremismo ideológico e na ambição territorial. Suas consequências não foram paz e liberdade, mas divisão, fome, ocupação e subjugação de metade da Europa, a sementeira do homem ocidental, atrás do arame farpado de uma nova tirania. A guerra não inaugurou uma nova era de liberdade. Marcou o colapso da autoconfiança ocidental, o crepúsculo de sua vitalidade espiritual e o início de sua longa desintegração moral.

Nas décadas que se seguiram, os povos da Europa e seus descendentes no exterior foram ensinados a não valorizar sua herança, mas a se desculpar por ela. Toda expressão de lealdade à tradição, à ancestralidade, à continuidade histórica, foi reformulada como perigosa. Todo apelo à ordem, hierarquia ou memória cultural agora é recebido com o mesmo refrão em pânico: “É assim que começa“. Dizem que você é Hitler. Você é perigoso. Você deve ser silenciado. O mito, em outras palavras, não protege; pune. Não inspira; ele aleija. Diz ao homem europeu que ele pode existir apenas como um penitente, que seu passado é um fardo e que seu futuro deve consistir em apagamento demográfico, substituição racial e o silêncio ensurdecedor da submissão total.

Nesse quadro moral, o orgulho é proibido. Não a agressão, não a supremacia, mas o próprio orgulho, o sentimento simples e natural de pertencer a algo antigo, belo e próprio. Isso por si só é agora inadmissível para o homem branco. Todos os outros povos têm permissão para tal sentimento; na verdade, eles são encorajados a cultivá-lo. Mas o homem branco é instruído a renegar a si mesmo, esquecer seus mortos e acolher seu próprio desaparecimento como um dever moral.

Isso não pode continuar. Não porque buscamos vingança ou domínio, mas porque nenhum povo vivo pode perdurar quando preso a um mito que os ensina a desprezar seus ancestrais e negar sua identidade. Uma sociedade não pode prosperar apenas com a culpa. Uma cultura não pode florescer quando cada raiz é tratada como uma cena de crime. O mito da Boa Guerra não é um épico nobre, mas uma máscara funerária sobre uma civilização que perdeu a fé em si mesma. Substituiu deuses por fantasmas, transformou pais em tiranos e moldou heróis como demônios. É uma inversão total de tudo o que é bom e belo. Condenou os próprios fundamentos da identidade, nossa história, nossa raça, e os proclamou amaldiçoados.

Para recuperar o que foi perdido, o mito deve ser quebrado. Não apenas revisado, mas enterrado. Devemos dizer as verdades proibidas. Devemos examinar o passado, não para romantizar, mas para entender – livres da histeria moral que trata a investigação histórica como sedição. A guerra não validou o liberalismo. Não coroou a democracia nem provou a superioridade da diversidade. Provou apenas que a guerra moderna é implacável e que mesmo aqueles que reivindicam a vitória podem emergir espiritualmente derrotados.

O que herdamos não foi um futuro brilhante, mas um rescaldo latente, um sistema de instituições e ideologias projetado para nos impedir de lembrar quem éramos. Mas a memória é mais forte que o medo e, da memória, novos mitos podem nascer.

O caminho a seguir não está na negação, mas na criação, não no esquecimento, mas em forjar de novo. Devemos nos erguer novamente como um povo que se lembra de quem é e se recusa a ser diminuído. Um povo definido não pela culpa, mas pela grandeza, não preso na mesmice, mas movido pela distinção. O futuro pertencerá àqueles que se lembram.

Precisamos de novos mitos. Mitos não de submissão, mas de restauração, não de mágoa, mas de glória, não histórias que exigem nosso apagamento, mas histórias que nos convocam a nos levantar.

Devemos nos tornar novamente o que já fomos: herdeiros de Roma, filhos da Europa, construtores de mundos e um dia conquistadores de estrelas.

Deixe os velhos mitos morrerem. Que um novo mundo comece.

 

 

 

 

Artigo original aqui

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Entendendo a Segunda Guerra Mundial

4 COMENTÁRIOS

  1. Quanta bobagem. O Ocidente se auto-destruiu, afinal, materialmente quem está no comando desta bagunça é o maior país ocidental de todos os tempos, os Estados Unidos. Ou seja, um país ocidental é dono do mundo – quem pode destruir é dono. De modo que é o eixo talmudista/protestante atacando meio mundo para destruir a Igreja Católica. É conseguiram.

      • Hahaha
        Eu retiro então o “quanta bobagem”… já que concordamos…
        A propósito: conheço um aloprado randiano do estado mínimo, que acha que o mito formador do mundo moderno é o filme “O resgate do soldado Ryan”…. e que aqueles japas incinerados são o custo para vivermos em civilização. É tipo imposto…

        • “O resgate do soldado Ryan” realmente pesa na formação do mito religioso, juntamente com “A lista de Schindler”, o que coloca o judeu Spilberg, que só dirigiu filmes de ficção, como a principal influência religiosa do mundo moderno. E esse safado ainda ajudou a sufocar a verdade doando milhões de doláres para o processo de Deborah Lipstadt contra o David Irving.

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